Saturday, February 28, 2015

Parkinsonismo - Epidemiologia e Fatores de risco

Parkinsonismo - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Segundo as informações disponíveis, nos Estados Unidos as formas de parkinsonismo secundário
respondem por 8,2% dos casos. O parkinsonismo secundário pode ser causado por:
- drogas, como os antagonistas ou depletores da dopamina (reserpina, antipsicóticos, antieméticos);
- exposição ocupacional ou ambiental a agentes tóxicos como:
- manganês;
- dissulfeto de carbono;
- metanol;
- monóxido de carbono;
- cianeto;
- 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidropiridine (MPTP);
- mercúrio.
Em trabalhadores expostos a esses produtos químicos neurotóxicos, o parkinsonismo secundário, com as
características já descritas e excluídas outras causas não-ocupacionais, deve ser considerado como doença relacionada
ao trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling, isto é, doença profissional em que o trabalho constitui causa
necessária.


Friday, February 27, 2015

Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos - Definição da Doença

Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos - Definição da Doença

11.3.2 PARKINSONISMO SECUNDÁRIO DEVIDO A OUTROS AGENTES EXTERNOS CID-10 G21.2

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
O parkinsonismo é uma síndrome clínica caracterizada pela combinação de tremor em repouso, rigidez,
bradicinesia, postura fletida, perda de reflexos posturais e fenômeno de congelamento.
Considera-se que pelo menos dois desses sinais, sendo um deles tremor em repouso ou bradicinesia,
devem estar presentes para o diagnóstico definitivo de parkinsonismo.


Thursday, February 26, 2015

Suspeita a relação da doença com o trabalho, deve-se

Suspeita a relação da doença com o trabalho, deve-se

Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.





Wednesday, February 25, 2015

Quadro diferencial da Ataxia Cerebelosa e sensória

Quadro diferencial da Ataxia Cerebelosa e sensória

Quadro XVIII
QUADRO DIFERENCIAL DA ATAXIA CEREBELOSA E SENSÓRIA




Hipotonia Dismetria Nistagmo Disartria Tremores Perda do sentido de vibração e posição
Arreflexia Teste de Romberg Achados Clínicos Ataxia Cerebelosa Ataxia Sensória
Presente Presente Presente Presente Presente
Ausente Ausente Ausente ...
Quadro XVIII
QUADRO DIFERENCIAL DA ATAXIA CEREBELOSA E SENSÓRIA
DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO



Tuesday, February 24, 2015

Ataxia cerebelosa - Prevenção

Ataxia cerebelosa - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção da ataxia cerebelosa relacionada ao trabalho baseia-se na vigilância dos ambientes e condições
de trabalho e na vigilância dos efeitos ou danos para a saúde, conforme descrito na introdução deste capítulo. A
eliminação ou a redução, a níveis considerados aceitáveis, da exposição às substâncias químicas neurotóxicas, em
particular ao mercúrio e ao manganês, pode impedir ou reduzir a ocorrência da doença. Entre as medidas de controle
ambiental e da exposição, estão:
- enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando sistemas
hermeticamente fechados;
- normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e
eficientes;
- monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;
- umidificação dos processos onde houver produção de poeira;
- adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos
e o tempo de exposição;
- medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene pessoal, recursos para
banhos, lavagem das mãos, braços, rosto, troca de vestuário;
- fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo
complementar às medidas de proteção coletiva.
Recomenda-se observar a adequação e o cumprimento, pelo empregador, das medidas de controle dos
fatores de risco ocupacionais e de promoção da saúde identificadas no PPRA (NR 9) e no PCMSO (NR 7), da Portaria/
MTb n.º 3.214/1978, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios.
A NR 15 (Portaria/MTb n.º 3.214/1978) define o limite de tolerância para a exposição ao mercúrio metálico
de 0,04 mg/m3 no ar ambiente.
A Portaria/MTb n.º 8/1992 estabelece os LT para exposição a fumos de manganês de
até 1 mg/m3 e de 5 mg/m3 para poeira de manganês no ar, para jornadas de até 8 horas por dia.

O exame médico periódico deve estar orientado para a identificação de sinais e sintomas para a detecção
precoce da doença, por meio de:
- avaliação clínica com pesquisa de sinais e sintomas neurológicos, por meio de protocolo padronizado
e exame físico criterioso;
- exames complementares orientados pela exposição ocupacional;
- informações epidemiológicas;
- análises toxicológicas:
- a dosagem de manganês na urina presta-se mais à avaliação de exposições recentes e não
tem valor para o diagnóstico;
- em trabalhadores expostos ao mercúrio, para a dosagem de mercúrio inorgânico na urina –
VR de até 5 µg/g de creatinina e IBMP de 35 mg/g de creatinina. O aumento de quatro vezes
nos níveis do metal na urina, em relação às medidas basais, é suficiente para o afastamento
do trabalhador e o acompanhamento rigoroso do quadro clínico.


Monday, February 23, 2015

Ataxia cerebelosa - Tratamento

Ataxia cerebelosa - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Os casos suspeitos devem ser avaliados por um neurologista para esclarecimento do diagnóstico. Casos
selecionados somente em nível hospitalar podem ser submetidos a tratamento com quelantes, utilizando o dimercaprol.
O dimercaprol é contra-indicado em intoxicações por mercúrio orgânico.
O afastamento da atividade é obrigatório nos casos em que a exposição está mantida.


Sunday, February 22, 2015

Ataxia cerebelosa - Quadro clínico e diagnóstico

Ataxia cerebelosa - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Para diferenciar uma ataxia cerebelosa de uma ataxia sensorial, é importante saber que o cerebelo coordena
e equilibra os movimentos, recebendo informações proprioceptivas inconscientes e conscientes dos sistemas vestibular
e visual. Assim, pacientes com alterações da sensibilidade profunda (sensibilidade vibratória e cinestésica) apresentam
distúrbios de equilíbrio não-cerebelar. Esses compensam a falta de propriocepção consciente pela utilização da visão.
Caracteristicamente, os pacientes com ataxia cerebelosa apresentaram disartria (fala escandida, desequilíbrio, nistagmo
ocular, tremores de ação e marcha descoordenada).
A intoxicação crônica por mercúrio pode causar ataxia cerebelosa, coréia e encefalopatia grave caracterizadas
por déficit cognitivo e alterações psicológicas. Também pode estar associada à polineuropatia periférica tipo axonal
(sensitiva e motora). O tremor é muito semelhante àquele do hipertireoidismo, rápido e de baixa amplitude, piorando
com as atividades. Se a ataxia é sensorial, há também perda de sensibilidade vibratória e postural dos membros
inferiores, agravada na presença de pouca luz (ou se o paciente fecha os olhos), e que diminui quando o paciente se
apóia em pares ou móveis, ao passo que na ataxia cerebelosa essa compensação não ocorre.

Na intoxicação pelo mercúrio, inicialmente a ataxia apresenta-se como um sintoma transitório. Porém, a
exposição prolongada ao agente tóxico pode levar à ataxia que pode ser decorrente tanto de uma neuropatia periférica
quanto de uma encefalopatia, com comprometimento cerebelar permanente, dependendo da idade do paciente, grau
de exposição e da forma atômica do mercúrio.

O diagnóstico da ataxia por intoxicação mercurial é feito correlacionando-se:
- manifestações clínicas de instabilidade postural a distúrbios de comportamento e tremores;
- exame neurológico à dificuldade de deambulação;
- teste de Romberg positivo a outros sintomas cerebelares associados;
- história de exposição ocupacional ao agente.
Devido ao caráter crônico da manifestação da ataxia cerebelosa em que, geralmente, não há simultaneidade
com a exposição, a determinação de mercúrio na urina tem pouco valor diagnóstico. Se estiver aumentado, pode
contribuir para fundamentar o diagnóstico e sugere que seja pesquisada uma lesão renal. Se estiver normal, não exclui
o diagnóstico. A pesquisa de mercúrio no fio de cabelo é inconclusiva, pois pode resultar de contaminação externa.
O Quadro XVIII apresenta os principais achados clínicos que distinguem a ataxia cerebelosa da sensória.


Saturday, February 21, 2015

Ataxia cerebelosa - Epidemiologia e Fatores de risco

Ataxia cerebelosa - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A exposição ao manganês ou a seus compostos pode ocorrer sob a forma de poeira, nas operações de
extração, tratamento, moagem e transporte do minério. A exposição a fumos de manganês ou a seus compostos
ocorre na metalurgia de minerais de manganês, na fabricação de compostos de manganês, fabricação de baterias e
pilhas secas, fabricação de vidros especiais e cerâmicas, fabricação e uso de eletrodos de solda e fabricação de
produtos químicos, tintas e fertilizantes.
A exposição ao mercúrio ocorre nos processos de extração de ouro por amalgamação, na produção de
ligas metálicas e nas indústrias metalúrgica e química (ver ficha técnica na seção III – capítulo 20).
Em trabalhadores expostos a produtos químicos neurotóxicos, em especial o mercúrio e o manganês, a
ataxia cerebelosa, excluídas outras causas não-ocupacionais, deve ser considerada como doença relacionada ao
trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling, isto é, doença profissional em que o trabalho constitui causa necessária.
Se não ocorresse a exposição ocupacional, seria improvável o aparecimento da doença.


Friday, February 20, 2015

Ataxia cerebelosa - Definição da Doença

Ataxia cerebelosa - Definição da Doença

11.3.1 ATAXIA CEREBELOSA CID-10 G11.1

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
Ataxia cerebelosa é a incapacidade de coordenar movimentos voluntários, não-relacionada
com deficiência motora, observada em pacientes com distúrbios cerebelares.
Pode se manifestar quando o paciente está de pé (ataxia estática), quando se põe a andar
(ataxia locomotora) ou quando quer executar um movimento (ataxia cinética).
As ataxias podem ser classificadas em agudas e crônicas e em hereditárias e adquiridas.
A ataxia aguda é geralmente de etiologia infecciosa, pós-infecciosa ou tóxica, estando entre os agentes
mais comuns os vírus da varicela, o herpes vírus humano 4 (vírus Epstein-Barr) e os vírus da encefalite. Entre as
ataxias tóxicas estão as causadas por barbitúricos, hipnóticos, anti-histamínicos e álcool, entre outros. Também pode
ter origem em distúrbios vasculares, hemorragias cerebelares e neoplasias. Topograficamente caracteriza-se por lesões
localizadas no cerebelo.


Thursday, February 19, 2015

Lista de doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho

Lista de doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho

11.3 LISTA DE DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO RELACIONADAS AO TRABALHO, DE ACORDO COM A
PORTARIA/MS N.º 1.339/1999
- Ataxia cerebelosa (G11.1)
- Parkinsonismo secundário devido a outros agentes externos (G21.2)
- Outras formas especificadas de tremor (G25.2)
- Transtorno extrapiramidal do movimento não-especificado (G25.9)
- Distúrbios do ciclo vigília-sono (G47.2)
- Transtornos do nervo trigêmeo (G50.-)
- Transtornos do nervo olfatório (inclui anosmia) (G52.0)
- Transtornos do plexo braquial (síndrome da saída do tórax, síndrome do desfiladeiro torácico) (G54.0)
- Mononeuropatias dos membros superiores (G56.-): síndrome do túnel do carpo (G56.0); outras lesões
do nervo mediano: síndrome do pronador redondo (G56.1); síndrome do canal de Guyon (G56.2);
lesão do nervo cubital (ulnar): síndrome do túnel cubital (G56.2); outras mononeuropatias dos membros
superiores: compressão do nervo supra-escapular (G56.8)
- Mononeuropatias do membro inferior (G57.-): lesão do nervo poplíteo lateral (G57.3)
- Outras polineuropatias (G62.-): polineuropatia devida a outros agentes tóxicos (G62.2) e polineuropatia
induzida pela radiação (G62.8)
- Encefalopatia tóxica aguda (G92.1)DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO



Wednesday, February 18, 2015

Fatores de risco das doenças do sistema nervoso

Fatores de risco das doenças do sistema nervoso

A proteção da saúde e prevenção da exposição aos fatores de risco envolvem medidas de engenharia e
higiene industrial, mudanças na organização e gestão do trabalho e de controle médico dos trabalhadores expostos,
entre elas:
- substituição do agente, substância, ferramenta ou tecnologia de trabalho por outros mais seguros,
menos tóxicos ou lesivos;
- isolamento de máquina, agente ou substância potencialmente lesivos, por meio de enclausuramento
do processo, suprimindo ou reduzindo a exposição;
- medidas de higiene e segurança ocupacional, tais como implantação e manutenção de sistemas de
ventilação local exaustora adequados e eficientes, de capelas de exaustão, de controle de vazamentos
e incidentes por meio de manutenção preventiva e corretiva de máquinas/equipamentos e de
monitoramento sistemático dos agentes agressores;
- adoção de sistemas de trabalho e operacionais seguros, por meio de classificação e rotulagem das
substâncias químicas, segundo propriedades toxicológicas e toxicidade;
- diminuição do tempo de exposição e do número de trabalhadores expostos;
- facilidades para a higiene pessoal (instalações sanitárias adequadas, banheiros, chuveiros, pias com
água limpa corrente e em abundância, vestuário adequado e limpo diariamente);
- informação e comunicação dos riscos aos trabalhadores;
- utilização de equipamentos de proteção individual, especialmente óculos e máscaras adequadas a
cada tipo de exposição, de modo complementar às medidas de proteção coletiva;
- medidas de controle médico e monitoramento biológico dos trabalhadores expostos.

As ações de controle médico visam a identificar a doença em seu estado latente, ou inicial, quando algum tipo de
intervenção pode reverter ou diminuir a velocidade de instalação e progressão dos processos patológicos. Devem ser
realizados exames admissional e periódico dos trabalhadores expostos, com utilização de questionários padronizados e
exame físico complementares direcionados para a avaliação do sistema nervoso.

Quanto à avaliação de deficiências ou disfunções provocadas pelas doenças do sistema nervoso, os critérios
propostos pela Associação Médica Americana (AMA), em seus Guides to the Evaluation of Permanent Impairment (4.ª
edição, 1995), podem ser úteis se adaptados à realidade brasileira. Os indicadores e parâmetros utilizados pela AMA
definem nove categorias de disfunção ou deficiência resultantes de distúrbios neurológicos:
- distúrbios da consciência e da atenção;
- afasia ou distúrbios da comunicação;
- estado mental e anormalidades das funções de integração;
- distúrbios emocionais ou comportamentais;
- tipos especiais de preocupação ou obsessão;
- anormalidades sensoriais ou motoras importantes;
- distúrbios dos movimentos;
- distúrbios neurológicos episódicos;
- distúrbios do sono.


Tuesday, February 17, 2015

A prevenção das doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho

A prevenção das doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho

A prevenção das doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho está baseada nos procedimentos de
vigilância em saúde do trabalhador: vigilância epidemiológica de agravos e vigilância sanitária de ambientes de trabalho.
Utiliza conhecimentos médico-clínicos, epidemiológicos, de higiene ocupacional, toxicologia, ergonomia, psicologia, dentre
outras disciplinas. Valoriza a percepção dos trabalhadores sobre seu trabalho e sua saúde, considerando as normas
técnicas e os regulamentos vigentes. Esses procedimentos podem ser resumidos em:
- reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas, agentes
físicos e/ou biológicos e fatores de risco, decorrentes da organização do trabalho, potencialmente
causadores de doença;
- identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde, decorrentes da exposição aos fatores
de risco identificados;
- proposição das medidas a serem adotadas para eliminação ou controle da exposição aos fatores de
risco e proteção dos trabalhadores;
- educação e informação aos trabalhadores e empregadores.
A partir da confirmação do diagnóstico da doença e de sua relação com o trabalho, seguindo os procedimentos
descritos no capítulo 2, os serviços de saúde responsáveis pela atenção aos trabalhadores devem implementar as
seguintes ações:
- avaliação da necessidade de afastamento (temporário ou permanente) do trabalhador da exposição,
do setor de trabalho ou do trabalho como um todo. Esse procedimento poderá ser necessário mesmo
antes da confirmação do diagnóstico, diante de uma forte suspeita;
- caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social, solicitar à empresa a emissão da
CAT, preencher o LEM e encaminhar ao INSS. Em caso de recusa de emissão da CAT pelo empregador,
o médico assistente deve fazê-lo;
- acompanhamento e registro da evolução do caso, particularmente se houver agravamento da situação
clínica com o retorno ao trabalho;
- notificação do agravo ao sistema de informação de morbidade do SUS, à DRT/MTE e ao sindicato da
categoria;
- ações de vigilância epidemiológica visando à identificação de outros casos, por meio de busca ativa na
mesma empresa ou ambiente de trabalho ou em outras empresas do mesmo ramo de atividade na
área geográfica;
- inspeção da empresa ou ambiente de trabalho de origem do paciente e de outras empresas do mesmo
ramo de atividade na área geográfica, procurando identificar fatores de risco para a saúde, medidas de
proteção coletiva e equipamentos de proteção individual utilizados. Pode ser importante a verificação
da existência e adequação do PPRA (NR 9) e do PCMSO (NR 7), da Portaria/MTb n.º 3.214/1978;
- recomendação sobre as medidas de proteção a serem adotadas pelo empregador, informando-as aos
trabalhadores.

Monday, February 16, 2015

Doenças do sistema nervoso

Doenças do sistema nervoso

Capítulo 11
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO
RELACIONADAS AO TRABALHO
(Grupo VI da CID-10)
11.1 INTRODUÇÃO
A vulnerabilidade do sistema nervoso aos efeitos da exposição ocupacional e ambiental a uma gama de
substâncias químicas, agentes físicos e fatores causais de adoecimento, decorrentes da organização do trabalho, tem
ficado cada vez mais evidente, traduzindo-se em episódios isolados ou epidêmicos de doença nos trabalhadores.
As manifestações neurológicas das intoxicações decorrentes da exposição ocupacional a metais pesados,
aos agrotóxicos ou a solventes orgânicos, e de outras doenças do sistema nervoso relacionadas às condições de
trabalho, costumam receber o primeiro atendimento na rede básica de serviços de saúde. Quando isso ocorre, é
necessário que os profissionais que atendem a esses trabalhadores estejam familiarizados com os principais agentes
químicos, físicos, biológicos e os fatores decorrentes da organização do trabalho, potencialmente causadores de doença,
para que possam caracterizar a relação da doença com o trabalho, possibilitando o diagnóstico correto e o
estabelecimento das condutas adequadas.
Entre as formas de comprometimento neurológico que podem estar relacionadas ao trabalho estão, por
exemplo, ataxia e tremores semelhantes aos observados em doenças degenerativas do cerebelo (ataxia de Friedreich),
que podem resultar de exposições ao tolueno, mercúrio e acrilamida. Lesões medulares, semelhantes às que ocorrem
na neurossífilis, na deficiência de vitamina B12 e na esclerose múltipla, podem ser causadas pela intoxicação pelo tri-
orto-cresilfosfato. Manifestações de espasticidade, impotência e retenção urinária, associadas à esclerose múltipla,
podem decorrer da intoxicação pela dietilaminoproprionitrila. A doença de Parkinson secundária, um distúrbio de
postura, com rigidez e tremor, pode resultar de efeitos tóxicos sobre os núcleos da base do cérebro, decorrentes da
exposição ao monóxido de carbono, ao dissulfeto de carbono e ao dióxido de manganês. Manifestações de compressão
nervosa, como na síndrome do túnel do carpo, podem estar relacionadas ao uso de determinadas ferramentas e
posturas adotadas pelo trabalhador no desempenho de suas atividades. Para o diagnóstico diferencial, a história
ocupacional e um exame neurológico acurado são fundamentais.
De acordo com o critério adotado na organização deste manual, utilizando a taxonomia proposta pela CID-
10, estão incluídas, neste capítulo, algumas doenças consideradas no grupo LER/DORT:
transtornos do plexo braquial,
mononeuropatias dos membros superiores e mononeuropatias dos membros inferiores. Os interessados nesse grupo
de doenças devem consultar, também, o capítulo 18 do manual que trata das Doenças do Sistema Osteomuscular e do
Tecido Conjuntivo Relacionadas ao Trabalho.

Neste capítulo serão apresentadas as doenças neurológicas reconhecidas como relacionadas ao trabalho
pela Portaria/MS n.º 1.339/1999. São descritos, de modo resumido, manifestações de neurotoxicidade, aspectos
epidemiológicos, procedimentos propedêuticos básicos, diagnóstico diferencial e condutas a serem adotadas para
com o paciente e aquelas de vigilância em saúde do trabalhador.
Considerando a especificidade da utilização da ressonância magnética, da tomografia computadorizada,
dos estudos eletromiográficos, dos testes neurocomportamentais, bem como de outras condutas, os métodos
propedêuticos deverão ser assumidos pelo especialista em níveis mais complexos de atenção do sistema de saúde e
fogem dos objetivos deste manual. Entretanto, isso não diminui a responsabilidade e a necessidade de que os profissionais
da atenção básica estejam capacitados a fazer o primeiro atendimento do trabalhador, a estabelecer o diagnóstico,
ainda que presuntivo, e a encaminhar as ações decorrentes, no âmbito da vigilância e prevenção. Muitas vezes,
deverão assumir, também, o acompanhamento posterior do paciente.
Semelhante ao que ocorre em outras doenças ocupacionais, na maioria dos casos, as neurológicas
relacionadas ao trabalho não têm tratamento específico. Porém, alguns procedimentos devem ser adotados pelos
profissionais dos serviços de saúde diante da suspeita ou da confirmação de uma doença, dos quais se destacam:
- afastamento da exposição, nos casos em que a permanência na atividade possa contribuir para o
agravamento do quadro;
- suporte de ordem geral para alívio da sintomatologia e melhoria da qualidade de vida do
paciente.


Sunday, February 15, 2015

Síndrome de burn-out - Prevenção

Síndrome de burn-out - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção da síndrome de esgotamento profissional envolve mudanças na cultura da organização do
trabalho, estabelecimento de restrições à exploração do desempenho individual, diminuição da intensidade de trabalho,
diminuição da competitividade, busca de metas coletivas que incluam o bem-estar de cada um. A prevenção desses
agravos requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e os de vigilância. É importante que o
paciente seja cuidado por uma equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, que dê conta tanto dos aspectos
de suporte ao sofrimento psíquico do trabalhador quanto dos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de
trabalho.
Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.
* Dentre os problemas de saúde, os transtornos mentais são responsáveis pelo maior número de dias de afastamento do trabalho, ou seja, são problemas de saúde que
afastam os trabalhadores do trabalho por longos períodos. Além disso, como não se trata de uma lesão visível ou de um processo físico mensurável, muitas vezes, os
pacientes não têm o seu sofrimento legitimamente reconhecido.

O diagnóstico de um caso de síndrome de esgotamento profissional deve ser abordado como evento
sentinela e indicar investigação da situação de trabalho, visando a avaliar o papel da organização do trabalho na
determinação do quadro sintomatológico. Podem estar indicadas intervenções na organização do trabalho, assim
como medidas de suporte ao grupo de trabalhadores de onde o acometido proveio.


Saturday, February 14, 2015

Síndrome de burn-out - Tratamento

Síndrome de burn-out - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
O tratamento da síndrome de esgotamento profissional envolve psicoterapia, tratamento farmacológico e
intervenções psicossociais. Entretanto, a intensidade da prescrição de cada um dos recursos terapêuticos depende da
gravidade e da especificidade de cada caso.

PSICOTERAPIA:
a psicoterapia está indicada mesmo quando são prescritos psicofármacos, pois a síndrome de esgotamento
profissional refere-se a um processo de desinvestimento afetivo no trabalho que antes era objeto de todo ou
grande parte desse investimento. O paciente necessita, portanto, de tempo e espaço para
repensar (e resignar-se) sua inserção no trabalho e na vida.
O paciente encontra-se fragilizado e necessitando de suporte emocional;

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO:
a prescrição de antidepressivos e/ou ansiolíticos está indicada de acordo com a presença
e gravidade de sintomas depressivos e ansiosos. Atualmente existe uma grande variedade de drogas
antidepressivas e de esquemas posológicos possíveis. A prescrição deve ser acompanhada por especialista,
pelo menos em sistema de interconsulta. Freqüentemente, estão indicados os benzodiazepínicos para
controle de sintomas ansiosos e da insônia, no início do tratamento, pois o efeito terapêutico dos
antidepressivos tem início, em média, após duas semanas de uso;

INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS:
uma das características centrais da síndrome de esgotamento profissional é o afastamento
afetivo do trabalho, comprometendo o desempenho profissional e, muitas vezes, a própria capacidade de
trabalhar. Cabe ao médico avaliar cuidadosamente a indicação de afastamento do trabalho por meio de
licença para tratamento. O médico deve envolver o paciente nessa decisão, procurando ajudá-lo tanto a
afastar-se do trabalho, se necessário para o tratamento, quanto a voltar para o trabalho quando recuperado.
Além disso, o médico e demais membros da equipe de saúde devem estar aptos a justificar cada uma de
suas recomendações, perante a organização onde o paciente trabalha, o seguro social e o sistema de
saúde, buscando garantir o respeito à situação clínica do trabalhador.
O médico deve estar apto a lidar com
as dificuldades envolvidas em um processo de afastamento e retorno ao trabalho, como, por exemplo, a
ameaça de demissão após a volta ao trabalho. Muitas vezes, a síndrome de esgotamento profissional
caracteriza um momento da vida do sujeito em que se processam grandes mudanças de posição, do posto
de trabalho na hierarquia ou mesmo de emprego. Por vezes, a síndrome de esgotamento profissional é
uma seqüela encontrada em um paciente desempregado. Essas situações exigem suporte social,
fundamental para garantir a qualidade de vida, concretizado na garantia do direito ao tratamento, do acesso
aos serviços de saúde, da seguridade social e do reconhecimento do sofrimento. A equipe de saúde dever
estar apta a orientar o paciente e seus familiares quanto a esses direitos e orientar familiares, colegas de
trabalho, patrões, chefes e gerentes a lidar com a situação de doença do paciente até que este retome sua
capacidade de trabalho*. Especial atenção deve ser dada à realização de laudos, pareceres, atestados e
emissão da CAT, visando ao reconhecimento social (incluindo dos seguros de saúde e/ou da Previdência
Social) de um padecimento que, mesmo não apresentando lesão física aparente, compromete a capacidade
de trabalhar.


Friday, February 13, 2015

Síndrome de burn-out - Quadro clínico e diagnóstico

Síndrome de burn-out - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
No quadro clínico podem ser identificados:
- história de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função, profissão ou empreendimento
assumido, que muitas vezes ganha o caráter de missão;
- sentimentos de desgaste
emocional e esvaziamento afetivo (exaustão emocional);
- queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber
os serviços ou cuidados do paciente (despersonalização);
- queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho.
Geralmente, estão presentes sintomas inespecíficos associados, como insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza,
desinteresse, apatia, angústia, tremores e inquietação, caracterizando síndrome depressiva e/ou ansiosa. O diagnóstico
dessas síndromes associado ao preenchimento dos critérios acima leva ao diagnóstico de síndrome de esgotamento
profissional.


Thursday, February 12, 2015

Síndrome de burn-out - Epidemiologia e Fatores de risco

Síndrome de burn-out - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A síndrome afeta principalmente profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato direto
com os usuários, como os trabalhadores da educação, da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários,
professores, entre outros.
Ultimamente, têm sido descritos aumentos de prevalência de síndrome de esgotamento profissional em
trabalhadores provenientes de ambientes de trabalho que passam por transformações organizacionais, como dispensas
temporárias do trabalho diminuição da semana de trabalho, sem reposição de substitutos, e enxugamento (downsizing)
na chamada reestruturação produtiva.
O risco da síndrome de esgotamento profissional é maior para todos aqueles que vivem a ameaça de
mudanças compulsórias na jornada de trabalho e declínio significativo na situação econômica. Todos os fatores de
insegurança social e econômica aumentam o risco (incidência) de esgotamento profissional em todos os grupos etários.
Em geral, os fatores relacionados ao trabalho estão mais fortemente relacionados ao trabalho em si do que
com os fatores biográficos ou pessoais. Os fatores predisponentes mais importantes são: papel conflitante, perda de
controle ou autonomia e ausência de suporte social.
A relação da síndrome de burn-out
ou do esgotamento profissional com o trabalho, segundo a CID-10,
poderá estar vinculada aos “fatores que influenciam o estado de saúde: (...) riscos potenciais à saúde relacionados
com circunstâncias socioeconômicas e psicossociais” (Seção Z55-Z65 da CID-10):
- ritmo de trabalho penoso (Z56.3);
- outras dificuldades físicas e mentais relacionadas ao trabalho (Z56.6).
Havendo evidências epidemiológicas da incidência da síndrome em determinados grupos ocupacionais,
sua ocorrência poderá ser classificada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling.
O trabalho pode ser considerado fator de risco no conjunto de fatores de risco associados com a etiologia multicausal
desta doença. Trata-se de um nexo epidemiológico, de natureza probabilística, principalmente quando as informações
sobre as condições de trabalho, adequadamente investigadas, forem consistentes com as evidências epidemiológicas
disponíveis.


Wednesday, February 11, 2015

Síndrome de burn-out ou síndrome do esgotamento profissional - Definição da Doença

Síndrome de burn-out ou síndrome do esgotamento profissional - Definição da Doença

10.3.12 SENSAÇÃO DE ESTAR ACABADO
(SÍNDROME DE BURN-OUT OU SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL) CID-10 Z73.0

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
A sensação de estar acabado ou síndrome do esgotamento profissional é um tipo de resposta prolongada
a estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Tem sido descrita como resultante da vivência profissional
em um contexto de relações sociais complexas, envolvendo a representação que a pessoa tem de si e dos outros. O
trabalhador que antes era muito envolvido afetivamente com os seus clientes, com os seus pacientes ou com o trabalho
em si, desgasta-se e, em um dado momento, desiste, perde a energia ou se “queima” completamente. O trabalhador
perde o sentido de sua relação com o trabalho, desinteressa-se e qualquer esforço lhe parece inútil.
Segundo Maslach & Jackson, em 1981 e em 1986, e Maslach, em 1993, a síndrome de esgotamento
profissional é composta por três elementos centrais:
- exaustão emocional (sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo);
- despersonalização (reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria
receber os serviços ou cuidados do paciente);
- diminuição do envolvimento pessoal no trabalho (sentimento de diminuição de competência e de sucesso
no trabalho).
Deve ser feita uma diferenciação entre o burn-out, que seria uma resposta ao estresse laboral crônico, de
outras formas de resposta ao estresse. A síndrome de burn-out envolve atitudes e condutas negativas com relação aos
usuários, aos clientes, à organização e ao trabalho,
sendo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e
emocionais para o trabalhador e a organização. O quadro tradicional de estresse não envolve tais atitudes e condutas,
sendo um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não de modo direto na sua relação com o trabalho.
Pode estar associada a uma suscetibilidade aumentada para doenças físicas, uso de álcool ou outras drogas (para obtenção
de alívio) e para o suicídio.


Tuesday, February 10, 2015

Transtorno do ciclo vigília-sono - Prevenção

Transtorno do ciclo vigília-sono - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção do transtorno do ciclo vigília-sono relacionado ao trabalho implica organizar o trabalho de
modo que o sistema de turnos seja utilizado o mínimo possível. Ou seja, a dimensão econômica do trabalho em turnos
deve ser avaliada como tendo conseqüências para a saúde do trabalhador. O sistema de turnos deve prever um maior
número de horas de descanso para os trabalhadores se recuperarem do cansaço.
Na suspeita ou no diagnóstico de um transtorno do ciclo vigília-sono relacionado ao trabalho, cabe:
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- promover acompanhamento médico, psicológico e social do indivíduo e a mudança do horário de trabalho,
em turno fixo;
- promover na empresa ou organização, onde há trabalho em turnos e noturno, discussões acerca da
organização dos sistemas de trabalho a fim de implementar melhorias nos esquemas de turnos. Devem ser
aplicadas prioritariamente mudanças organizacionais para reduzir o número de turnos noturnos e/ou o
número de dias de trabalho em horários irregulares e o número de pessoas expostas aos conflitos dos
sincronizadores biológicos e sociais;
- acionar os organismos de vigilância em saúde: especialmente SESMT, CIPA, MTE, DRT, sindicatos e
secretarias estaduais e municipais de saúde (programas e ambulatórios de saúde do trabalhador).
A prevenção desses agravos requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e os de
vigilância, de modo a garantir que o paciente seja cuidado por uma equipe multiprofissional, com abordagem
interdisciplinar que tanto dê conta dos aspectos de suporte ao sofrimento psíquico do trabalhador quanto dos aspectos
sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho.
A participação dos trabalhadores e a sensibilização dos níveis gerenciais são essenciais para a
implementação das medidas que envolvem modificações na organização do trabalho. Práticas de promoção da saúde
e de ambientes de trabalho saudáveis devem incluir ações de educação e discussões acerca da organização dos
sistemas de trabalho, a fim de implementar melhorias nos esquemas de turnos. Devem ser aplicadas, prioritariamente,
mudanças organizacionais para reduzir o número de turnos noturnos e/ou o número de dias de trabalho em horários
irregulares e o número de pessoas expostas aos conflitos dos sincronizadores biológicos e sociais.
O diagnóstico de um caso de transtorno do ciclo vigília-sono relacionado ao trabalho deve ser abordado
como evento sentinela e indicar investigação da situação de trabalho, visando a avaliar o papel da organização do
trabalho na determinação do quadro sintomatológico. Podem estar indicadas intervenções no sistema de turnos, assim
como medidas de suporte ao grupo de trabalhadores de onde o acometido proveio.





Monday, February 9, 2015

Transtorno do ciclo vigília-sono - Tratamento

Transtorno do ciclo vigília-sono - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
São indicados ambientes de repouso intrajornadas que permitam aos trabalhadores em turnos a prática de
cochilos durante as pausas. Em casos graves, recomenda-se a mudança dos horários de trabalho.
- Sugere-se que o trabalhador evite o consumo de substâncias com cafeína em sua composição cerca
de 6 horas antes de iniciar o período de sono.
- A prática de exercícios físicos regulares não-exaustivos deve ser encorajada. Entretanto, esses não
devem ser realizados em horários próximos ao início do sono.
- A ingestão de alimentos contendo altos teores de lipídios deve ser evitada, principalmente durante a
madrugada.
- O início do sono diurno após o trabalho noturno deve ser, na medida do possível, postergado.
- Quanto menor for o número de horas entre o fim do sono e o início do trabalho, menor será a
sonolência durante o trabalho noturno.
- O uso de medicamentos indutores de sono não é recomendado.
Trabalhadores em turnos e trabalhadores noturnos estão sujeitos a sofrerem maiores riscos de doenças
cardiovasculares, gastrintestinais e transtornos mentais. Portanto, os transtornos do ciclo vigília-sono podem ser
acompanhados de outros efeitos à saúde. Torna-se imperativo observar se tais efeitos impossibilitam o trabalhador de
continuar em sua vida ativa de trabalho ou, na impossibilidade de transferir-se para trabalho diurno, de ter direito a
aposentadoria especial.


Sunday, February 8, 2015

Transtorno do ciclo vigília-sono - Quadro clínico e diagnóstico

Transtorno do ciclo vigília-sono - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Em função dos horários de trabalho em turnos e noturno podem ocorrer tanto adiantamento quanto atraso de
fases do ciclo vigília-sono. Estes fatos podem ser decorrentes de conflitos entre os sincronizadores temporais externos
(horários de trabalho e de outras atividades sociais, por exemplo) e os osciladores biológicos internos, estes últimos
responsáveis pela regulação dos ritmos biológicos. Os trabalhadores que apresentam uma ou mais das seguintes queixas:
dificuldades para adormecer, interrupções freqüentes no sono, sonolência excessiva durante a vigília e percepção de sono
de má qualidade, devem ser submetidos a exame diagnóstico diferencial (polissonografia) para confirmar a ausência de
distúrbios de sono não-relacionados com a organização do trabalho.

O código F51.2 é reservado para os transtornos do ciclo vigília-sono nos quais os fatores psicológicos desempenham
o papel mais importante. Os casos de origem orgânica presumidos devem ser classificados no grupo G47.2, como transtornos
não-psicogênicos do ciclo vigília-sono. Assim, o julgamento se os fatores psicológicos são ou não de importância primária
cabe ao clínico em cada caso.
Os seguintes aspectos clínicos são essenciais para um diagnóstico definitivo:
- padrão vigília-sono do indivíduo fora de sincronia com o ciclo vigília-sono desejado, que é normal em
uma dada sociedade particular e compartilhado pela maioria das pessoas no mesmo ambiente
cultural;
- como resultado da perturbação do ciclo vigília-sono, indivíduo com insônia durante o principal
período de sono e hipersonia durante o período de vigília quase todos os dias, por pelo menos um
mês ou recorrentemente por períodos mais curtos de tempo;
- quantidade, qualidade e tempo de sono insatisfatórios como causa de angústia pessoal marcante ou
interferência com o funcionamento pessoal na vida diária, social ou ocupacional;
- inexistência de fator orgânico causal, tal como condição neurológica ou outra condição médica,
transtorno de uso de substância psicoativa ou de um medicamento.
Observação: a presença de sintomas psiquiátricos, tais como ansiedade, depressão ou hipomania, não invalida o
diagnóstico de um transtorno não-orgânico do ciclo vigília-sono, desde que esse transtorno seja predominante no
quadro clínico do paciente.


Saturday, February 7, 2015

Transtorno do ciclo vigília-sono - Epidemiologia e Fatores de risco

Transtorno do ciclo vigília-sono - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A relação do transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não-orgânicos, como acima conceituado, com o
trabalho poderá estar vinculada aos “fatores que influenciam o estado de saúde: (...) riscos potenciais à saúde relacionados
com circunstâncias socioeconômicas e psicossociais” (Seção Z55- e Z65 da CID-10) ou aos “fatores suplementares
relacionados com as causas de morbidade e de mortalidade classificados em outra parte” (Seção Y90- e Y98 da CID-10):
- problemas relacionados com o emprego e com o desemprego: má adaptação à organização do horário
de trabalho (trabalho em turnos ou trabalho noturno) (Z56.6);
- circunstância relativa às condições de trabalho (Y96).
Em trabalhadores que exercem suas atividades em turnos alternantes e/ou em trabalho noturno, com
dificuldades de adaptação, o diagnóstico de transtorno do ciclo vigília-sono relacionado ao trabalho, excluídas outras
causas não-ocupacionais, pode ser enquadrado no Grupo I da Classificação de Schilling, em que o trabalho desempenha
o papel de causa necessária.
Em casos particulares de trabalhadores previamente lábeis ou hipersusceptíveis, circunstâncias como as
acima descritas pela CID-10 poderiam eventualmente desencadear, agravar ou contribuir para a recidiva da doença, o
que levaria a enquadrá-la no Grupo III da Classificação de Schilling.


Friday, February 6, 2015

Transtorno do ciclo vigília-sono - Definição da Doença

Transtorno do ciclo vigília-sono - Definição da Doença

10.3.11 TRANSTORNO DO CICLO VIGÍLIA-SONO DEVIDO A FATORES NÃO-ORGÂNICOS CID-10 F51.2

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
O transtorno do ciclo vigília-sono devido a fatores não-orgânicos é definido como uma perda de sincronia
entre o ciclo vigília-sono do indivíduo e o ciclo vigília-sono socialmente estabelecido como normal, resultando em
queixas de insônia, interrupção precoce do sono ou de sonolência excessiva. Esses transtornos podem ser psicogênicos
ou de origem orgânica presumida, dependendo da contribuição relativa de fatores psicológicos, psicossociais ou
orgânicos.
O transtorno do ciclo vigília-sono relacionado ao trabalho pode ser incluído nessa categoria, uma vez que,
por definição, é determinado pela jornada de trabalho à noite em regime fixo ou pela alternância de horários diurnos,
vespertinos e/ou noturnos, em regime de revezamento de turnos.
O trabalho em turnos é uma forma de organização do trabalho, na qual equipes de trabalhadores se revezam
para garantir a realização de uma mesma atividade num esquema de horários que diferem sensivelmente da jornada
de trabalho normal da média da população. Considera-se jornada de trabalho normal diurna a divisão do tempo de
trabalho no horário entre 6 e 18 horas, com base na semana de seis dias e nas quarenta e quatro horas semanais. No
trabalho em turnos, os trabalhadores exercem suas atividades modificando seus horários de trabalho durante a semana,
o mês (turnos alternantes) ou permanecem em horários fixos matutinos, vespertinos ou noturnos. Também são
considerados os esquemas de trabalho em turnos e horários irregulares de entrada e saída no trabalho, a cada dia,
semana ou mês.


Thursday, February 5, 2015

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Prevenção

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção das neuroses profissionais relacionadas ao trabalho envolve mudanças na cultura da
organização do trabalho, como o estabelecimento de restrições à exploração do desempenho individual, procurando
metas coletivas que incluam o bem-estar de cada um.
Requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e da vigilância, sendo desejável que
o atendimento seja feito por uma equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, capacitada a lidar e a dar
suporte ao sofrimento psíquicog
do trabalhador e aos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho.
A intervenção sobre as condições de trabalho se baseia na análise ergonômica do trabalho real ou da
atividade, buscando conhecer, entre outros fatores:
- conteúdo das tarefas, os modos operatórios e os postos de trabalho;
- ritmo e intensidade do trabalho;
- fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho e das normas de produção;
- sistemas de turnos;
- sistemas de premiação e incentivos;
- fatores psicossociais e individuais;
- relações de trabalho entre colegas e chefias;
- medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas;
- as estratégias individuais e coletivas adotadas pelos trabalhadores.

A participação dos trabalhadores e dos níveis gerenciais é essencial para a implementação das medidas
corretivas e de promoção da saúde que envolvem modificações na organização do trabalho.

Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.
O diagnóstico de um caso de neurose profissional deve ser abordado como evento sentinela e indicar
investigação da situação de trabalho, visando a avaliar o papel da organização do trabalho na determinação do quadro
sintomatológico. Podem estar indicadas intervenções psicossociais de suporte ao grupo de trabalhadores de onde o
acometido proveio.


Wednesday, February 4, 2015

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Tratamento

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Quando os sintomas comprometem a vida do trabalhador, a psicoterapia individual é o tratamento mais
indicado para a neurose profissional. Cabe lembrar que a indicação de psicoterapia passa pela implicação subjetiva de
quem se submete a esse tratamento. A indicação de psicoterapia deve ser feita com delicadeza.


Tuesday, February 3, 2015

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Quadro clínico e diagnóstico

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Os transtornos denominados culturais têm diversas características, mas destacam-se dois aspectos:
- não são facilmente encaixados nas categorias das classificações psiquiátricas estabelecidas e
internacionalmente usadas;
- foram primeiramente descritos em uma população ou em área cultural em particular e subseqüentemente
associados a elas.
As chamadas neuroses profissionais têm sido classificadas nesse grupo de transtornos, pois não se dispõe
de critérios diagnósticos estabelecidos em outra classificação. Os sintomas apresentados são inespecíficos: cansaço,
desinteresse, irritabilidade, alterações do sono (insônia ou sonolência excessiva), etc.
Muitas vezes, é a inibição para o trabalho que surge como primeiro sintoma indicando a presença de uma
neurose profissional: a pessoa que antes trabalhava bem disposta e com dedicação não consegue mais trabalhar, sente-se
cansada, mas não consegue explicar os motivos exatos. A anamnese, incluindo a anamnese ocupacional e o exame físico,
não revela determinantes somáticos para o quadro.
O diagnóstico é estabelecido a partir das queixas mencionadas, da história de trabalho e da análise da situação
de trabalho atual. Por exemplo, na neurose de excelência os valores pessoais caracterizados pelo alto nível de exigência
são determinantes que se articulam com a cultura organizacional em que a excelência é imperativa.


Monday, February 2, 2015

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Epidemiologia e Fatores de risco

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Segundo a CID-10 (seção Z55- e Z65), a relação dos quadros enfeixados no grupo da neurose profissional,
como acima conceituada, com o trabalho poderá estar vinculada a circunstâncias socioeconômicas e psicossociais,
entre elas:
- problemas relacionados ao emprego e ao desemprego (Z56.-);
- desemprego (Z56.0);
- mudança de emprego (Z56.1);
- ameaça de perda de emprego (Z56.2);
- ritmo de trabalho penoso (Z56.3);
- má adaptação ao trabalho (condições difíceis de trabalho) (Z56.5);
- outras dificuldades físicas e mentais relacionadas ao trabalho (Z56.6).
Assim, havendo evidências epidemiológicas de excesso de prevalência desses transtornos, em determinados
grupos ocupacionais, sua ocorrência poderá ser classificada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II da
Classificação de Schilling, em que o trabalho pode ser considerado como fator de risco, no conjunto de fatores de risco
associados com a etiologia multicausal da doença.
No estágio atual do conhecimento, trata-se de um nexo epidemiológico, de natureza probabilística,
principalmente quando as informações sobre as condições de trabalho, adequadamente investigadas, forem consistentes
com as evidências epidemiológicas disponíveis.
Em alguns casos, as circunstâncias em que o trabalho é realizado poderiam desencadear ou contribuir
para a recidiva da doença, o que levaria a enquadrá-la no Grupo III da Classificação de Schilling.


Sunday, February 1, 2015

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Definição da Doença

Transtornos neuróticos Neurose Profissional - Definição da Doença

10.3.10 OUTROS TRANSTORNOS NEURÓTICOS ESPECIFICADOS
(Inclui Neurose Profissional) CID-10 F48.8

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
O grupo outros transtornos neuróticos especificados inclui transtornos mistos de comportamento, crenças
e emoções que têm uma associação estreita com uma determinada cultura. Segundo a CID-10, a neurose ocupacional,
que inclui a câimbra de escrivão,*,

está incluída neste grupo.
A categoria neurose profissional é definida por Aubert (1993) como “uma afecção psicógena persistente, na qual
os sintomas são expressão simbólica de um conflito psíquico, cujo desenvolvimento encontra-se vinculado a uma determinada
situação organizacional ou profissional”.

A neurose profissional apresenta três formas clínicas:

NEUROSE PROFISSIONAL ATUAL: neurose traumática, reativa a um trauma atual;

PSICONEUROSE PROFISSIONAL: quando uma dada situação de trabalho funciona como desencadeante, reativando conflitos
infantis que permaneciam no inconsciente;

NEUROSE DE EXCELÊNCIA: desenvolvida a partir de certas situações organizacionais que conduzem a processos de estafa
(burn-out*) pessoas que investem intensamente seus esforços e ideais em determinada atividade.
A categoria neurose profissional inclui os quadros psiquiátricos relacionados ao trabalho, nos quais aspectos
subjetivos e características pessoais, aliadas às condições organizacionais do trabalho, determinam sofrimento psíquico*.
Geralmente, são quadros de evolução crônica que tendem a se definir como um padrão de comportamento. A organização
do trabalho desempenha papel determinante no desenvolvimento desses padrões de comportamento, ao incentivar e
explorar essas características pessoais.