Thursday, February 27, 2014

Distúrbios do ciclo vigília-sono - Quadro clínico e diagnóstico

Distúrbios do ciclo vigília-sono - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Em função dos horários de trabalho em turnos e noturno, podem ocorrer tanto adiantamento quanto atraso
de fases do ciclo vigília-sono. Esses fatos podem ser decorrentes de conflitos entre os sincronizadores temporais
externos (horários de trabalho e de outras atividades sociais, por exemplo) e os osciladores biológicos internos, esses
últimos responsáveis pela regulação dos ritmos biológicos. Os trabalhadores que apresentam uma ou mais das seguintes
queixas: dificuldades para adormecer, interrupções freqüentes no sono, sonolência excessiva durante a vigília e
percepção de sono de má qualidade, devem ser submetidos a exame diagnóstico diferencial (polissonografia) para
confirmar ausência de distúrbios de sono não-relacionados com a organização do trabalho.
O código G47.2 é reservado para os distúrbios do ciclo vigília-sono nos quais os fatores orgânicos
desempenham o papel mais importante. Os casos de origem psicológica são classificados no grupo F51.2 como
transtornos do ciclo vigília-sono devidos a fatores não-orgânicos. Assim, cabe à equipe de saúde, em cada caso, julgar
se os fatores psicológicos são ou não de importância primária.

Os seguintes aspectos clínicos são essenciais para um diagnóstico definitivo:
- o padrão vigília-sono do indivíduo está fora de sincronia com o ciclo vigília-sono desejado, que é normal
em uma dada sociedade particular e compartilhado pela maioria das pessoas no mesmo ambiente
cultural;
- como resultado da perturbação do ciclo vigília-sono, o indivíduo apresenta insônia durante o principal
período de sono e hipersonia durante o período de vigília, quase todos os dias, por pelo menos um mês
ou, recorrentemente, por períodos mais curtos de tempo;
- a quantidade, a qualidade e o tempo de sono insatisfatórios causam dores de cabeça, fadiga crônica e
distúrbios gastrintestinais.
Estudos recentes indicam aumento de risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares em
trabalhadores em turnos e noturnos. Nessa perspectiva, os transtornos do ciclo vigília-sono podem ser acompanhados
de outros efeitos à saúde.

Há indícios de que a adaptação aos turnos, com rodízio em sentido inverso ao dos ponteiros do relógio,
seria mais fácil que a adaptação aos turnos com rodízio no sentido horário. Por exemplo, empresa com três equipes,
horários das 6 às 14, das 14 às 22 e das 22 às 6, em que a equipe que sai da escala das 6 às 14, ao invés de retomar
na escala das 14 às 22, vai entrar às 22 horas. Outro aspecto apontado como associado com aumento da dificuldade
de adaptação é a alteração na seqüência trabalho-lazer-repouso para trabalho-sono-lazer, que pode ocorrer após a
saída do turno noturno. A qualidade do sono por volta do horário do almoço mostra-se melhor do que aquela do sono
imediatamente após a chegada em casa, e este fato auxiliaria a adaptação dos afetados.



Fonte: Doenças do Trabalho

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