Saturday, January 10, 2015

Alcoolismo crônico relacionado ao trabalho - Epidemiologia e Fatores de risco

Alcoolismo crônico relacionado ao trabalho - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
O trabalho é considerado um dos fatores psicossociais de risco para o alcoolismo crônico. O consumo
coletivo de bebidas alcoólicas associado a situações de trabalho pode ser decorrente de
prática defensiva, como meio de garantir inclusão no grupo.
Também pode ser uma forma de viabilizar o próprio trabalho, em decorrência dos
efeitos farmacológicos próprios do álcool: calmante, euforizante, estimulante, relaxante, indutor do sono, anestésico e
antisséptico. Entretanto, essas situações não são suficientes para caracterizar o uso patológico de bebidas alcoólicas.
Uma freqüência maior de casos (individuais) de alcoolismo tem sido observada em determinadas ocupações,
especialmente aquelas que se caracterizam por ser socialmente desprestigiadas e mesmo determinantes de certa
rejeição, como as que implicam contato com cadáveres, lixo ou dejetos em geral, apreensão e sacrifício de cães;
atividades em que a tensão é constante e elevada, como nas situações de trabalho perigoso (transportes coletivos,
estabelecimentos bancários, construção civil), de grande densidade de atividade mental (repartições públicas,
estabelecimentos bancários e comerciais), de trabalho monótono, que gera tédio, trabalhos em que a pessoa trabalha
em isolamento do convívio humano (vigias); situações de trabalho que envolvem afastamento prolongado do lar (viagens
freqüentes, plataformas marítimas, zonas de mineração).
As relações do alcoolismo crônico com o trabalho poderão ser classificadas por meio da CID-10, usando os
seguintes códigos: “fatores que influenciam o estado de saúde: (...) riscos potenciais à saúde relacionados com circunstâncias
socioeconômicas e psicossociais” (seção Z55-Z65 da CID-10) ou aos seguintes “fatores suplementares relacionados com as
causas de morbidade e de mortalidade classificados em outra parte” (seção Y90-Y98 da CID-10):
- problemas relacionados ao emprego e ao desemprego: condições difíceis de trabalho (Z56.5);
- circunstância relativa às condições de trabalho (Y96).
Portanto, havendo evidências epidemiológicas de excesso de prevalência de alcoolismo crônico em
determinados grupos ocupacionais, essa ocorrência poderá ser classificada como doença relacionada ao trabalho, do
Grupo II da Classificação de Schilling. O trabalho pode ser considerado como fator de risco, no conjunto de fatores de
risco associados à etiologia multicausal do alcoolismo crônico. Trata-se, portanto, de um nexo epidemiológico, de
natureza probabilística, principalmente quando as informações sobre as condições de trabalho forem consistentes com
as evidências epidemiológicas disponíveis.
Em casos particulares de trabalhadores previamente alcoolistas, circunstâncias como as acima descritas
pela CID-10 poderiam eventualmente desencadear, agravar ou contribuir para a recidiva da doença, o que levaria a
enquadrá-la no Grupo III da Classificação de Schilling.



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