Friday, January 23, 2015

Estresse pós-traumático - Quadro clínico e diagnóstico

Estresse pós-traumático - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
O quadro típico do estado de estresse pós-traumático inclui episódios de repetidas revivescências do
trauma, que se impõem à consciência clara ou em sonhos (pesadelos). O paciente apresenta uma sensação persistente
de entorpecimento ou embotamento emocional, diminuição do envolvimento ou da reação ao mundo que o cerca,
rejeição a atividades e situações que lembram o episódio traumático. Usualmente, observa-se um estado de excitação
autonômica aumentada com hipervigilância, reações exacerbadas aos estímulos e insônia. Podem, ainda, apresentar-
se sintomas ansiosos e depressivos, bem como ideação suicida. O abuso de álcool e outras drogas pode ser um fator
complicador. Podem ocorrer episódios dramáticos e agudos de medo, pânico ou agressividade, desencadeados por
estímulos que despertam uma recordação e/ou revivescência súbita do trauma ou da reação original a ele.
O início do quadro segue-se ao trauma, com um período de latência que pode variar de poucas semanas
a meses (raramente excede a 6 meses). O curso é flutuante, mas a recuperação pode ser esperada na maioria dos
casos. Em uma pequena proporção dos pacientes, a condição pode evoluir cronicamente por muitos anos, transformando-
se em uma alteração permanente da personalidade.
O diagnóstico de estado de estresse pós-traumático pode ser feito em pacientes que apresentem quadros
de início até 6 meses após um evento ou período de estresse traumático* caraterizados por:
- evento ou situação estressante (de curta ou longa duração) de natureza excepcionalmente ameaçadora
ou catastrófica, aos quais o paciente foi exposto, em uma situação de trabalho ou relacionada ao
trabalho;
- rememorações ou revivescências persistentes e recorrentes do evento estressor em imagens,
pensamentos, percepções ou memórias vívidas e/ou pesadelos e/ou agir ou sentir como se o evento
traumático estivesse acontecendo de novo (incluindo a sensação de reviver a experiência, ilusões,
alucinações e episódios dissociativos de flashback, inclusive aqueles que ocorrem ao despertar ou
quando intoxicado) e/ou angústia quando da exposição a indícios internos ou externos que lembram ou
simbolizam um aspecto do evento traumático e/ou reação fisiológica exacerbada a indícios internos ou
externos que simbolizem ou lembrem um aspecto do evento traumático);
- atitude persistente de evitar circunstâncias semelhantes ou associadas ao evento estressor (ausente
antes do trauma) indicada por:
- esforços para evitar pensamentos, sentimentos ou conversas associadas ao trauma;
- esforços para evitar atividades, lugares ou pessoas que tragam lembranças do trauma;
- incapacidade de relembrar, parcial ou completamente, alguns aspectos importantes do período
de exposição ao estressor;
- interesse ou participação significativamente diminuída em atividades importantes;
- sentimentos de distanciamento ou estranhamento dos outros;
- distanciamento afetivo (por exemplo, incapacidade de ter sentimentos amorosos);
- sentimento de futuro curto (por exemplo, não espera mais ter uma carreira, casamento, filhos,
uma expectativa de vida normal);
- sintomas persistentes de estado de alerta exacerbado;
- dificuldade para adormecer ou permanecer dormindo;
- irritabilidade ou explosões de raiva;
- dificuldade de concentração;
- hipervigilância;
- resposta exagerada a susto.
* Pode-se realizar um diagnóstico provável se a latência entre o evento e o início da sintomatologia for maior do que 6 meses. A literatura especializada informa que a
latência pode ser de uma semana ou de 30 anos.



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