Wednesday, May 21, 2014

Hipoacusia ototóxica - Prevenção da Doença

Hipoacusia ototóxica - Prevenção da Doença

PREVENÇÃO
A prevenção da hipoacusia ototóxica relacionada ao trabalho baseia-se na vigilância dos ambientes, das
condições do trabalho e dos efeitos ou danos para a saúde descritas na introdução deste capítulo.
Na vigilância da exposição às substâncias químicas ototóxicas relacionadas no item 2, as medidas de
controle ambiental visam à eliminação ou à manutenção de níveis de exposição considerados aceitáveis, por meio de:
- enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando sistemas
hermeticamente fechados;
- normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e
eficientes;
- monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;
- adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos
e o tempo de exposição;
- medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene pessoal, recursos para
banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de vestuário;
- fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo
complementar às medidas de proteção coletiva.

Recomenda-se observar a adequação e o cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO
(NR 7), da Portaria/MTb n.º 3.214/1978, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos
estados e municípios. O Anexo n.º 11 da NR 15 define os LT das concentrações em ar ambiente de várias substâncias
químicas, para jornadas de até 48 horas semanais. Esses parâmetros devem ser revisados periodicamente, e sua
manutenção dentro dos limites estabelecidos não exclui a possibilidade de ocorrerem danos para a saúde.

O exame médico periódico objetiva a identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença,
por meio de:
- avaliação clínica com pesquisa de sinais e sintomas otoneurológicos, por meio de protocolo padronizado
e exame físico criterioso;
- exames complementares orientados pela exposição ocupacional;
- informações epidemiológicas;
- análises toxicológicas.

Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.

Tuesday, May 20, 2014

Hipoacusia ototóxica - Quadro clínico e diagnóstico

Hipoacusia ototóxica - Quadro clínico e diagnóstico

QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Os sintomas da lesão tóxica da audição e do aparelho do equilíbrio caracterizam-se por:
- tinido (geralmente é o primeiro sintoma);
- perda auditiva: surdez neurossensorial pura progressiva. Inicialmente a perda é para tons agudos, mas
posteriormente há estreitamento do campo auditivo, evoluindo das freqüências altas para as médias e
inferiores. A surdez é sempre bilateral;
- vertigem posicional e associada a náuseas;
- distúrbios do equilíbrio, com vertigem persistente e instabilidade de marcha;
- osciloscopia, isto é, uma fraqueza de fixação devida a um distúrbio do reflexo vestibulococlear.

O diagnóstico de perda auditiva ototóxica baseia-se em:
- anamnese clínica e ocupacional;
- exame físico, com otoscopia;
- audiometria tonal e exame otoneurológico. A audiometria mostra uma surdez neurossensorial progressiva
pura para tons agudos, bilateral, semelhante à observada na PAIR. Segundo McCunney (1992), os
achados audiométricos em casos de ototoxicidade tendem a ser semelhantes aos da presbiacusia,
mostrando perdas em 8.000 Hz maiores que em 4.000 Hz. Os testes vestibulares podem mostrar um
nistagmo espontâneo, depressão da reação térmica labiríntica e reflexos vestibuloespinhais normais.

O diagnóstico de perdas auditivas neurossensoriais ototóxicas é facilitado quando o médico tem acesso ao
histórico das exposições do paciente a ruído e a outros agentes ototóxicos ao longo de sua vida laboral. O médico que
atende ao trabalhador no serviço de saúde pode solicitar ao colega responsável pelo PCMSO da empresa os exames
audiométricos e outros resultados de exames, com a autorização do paciente. Cabe ainda ao médico saber avaliar a
qualidade técnica das avaliações de exposições e exames complementares realizados na ou a pedido da empresa.
O diagnóstico diferencial mais importante é com a PAIR, que pode resultar de exposições combinadas a
ruído e solventes ototóxicos.
O prognóstico da hipoacusia ototóxica é reservado, dada a irreversibilidade da lesão neurossensorial,
exceto nos casos devido a medicamentos, por exemplo, salicilatos, que tendem a ser reversíveis.

Monday, May 19, 2014

Hipoacusia ototóxica - Definição da Doença Epidemiologia e Fatores de risco

Hipoacusia ototóxica - Definição da Doença

HIPOACUSIA OTOTÓXICA CID-10 H91.0

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
Hipoacusia ototóxica ou perda da audição ototóxica é a perda auditiva, do tipo neurossensorial, induzida
por substâncias químicas de origem endógena ou exógena. O efeito ototóxico pode alcançar, também, com freqüência,
o aparelho do equilíbrio.


Hipoacusia ototóxica - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
As ototoxinas endógenas incluem toxinas bacterianas e metabólitos tóxicos de distúrbios metabólicos,
tais como no diabetes e em nefropatias. As ototoxinas exógenas incluem drogas, tais como aminoglicosídeos
(estreptomicina, kanamicina, gentamicina, tobracinina, amicacina, etc.) e diuréticos, substâncias químicas de origem
ocupacional, fumo e álcool.
Listam-se, entre as muitas substâncias químicas ototóxicas a que se expõem os trabalhadores em seus
ambientes de trabalho, as seguintes:
- arsênio e seus compostos; - monóxido de carbono;
- aldeído fórmico; - organofosforados;
- chumbo e seus compostos; - sulfeto de carbono;
- estireno; - tolueno;
- etileno glicol; - tricloroetileno;
- gás sulfídrico (H2S); - trinitrotoluol;
- mercúrio e seus compostos; - xileno.
- mistura de solventes;
Segundo Morata e colaboradores (1993), existe uma superposição dos efeitos das exposições ocupacionais
a ruído excessivo e a distintos solventes, fazendo com que a exposição combinada a ambos os agentes patogênicos
sobre a audição sejam sinérgicos.
Em trabalhadores expostos a essas substâncias ototóxicas, o diagnóstico de hipoacusia ototóxica, excluídas
outras causas não-ocupacionais de perda auditiva neurossensorial, pode ser enquadrado no Grupo I da Classificação
de Schilling, em que o trabalho desempenha o papel de causa necessária.



Fonte: Doenças do Trabalho

Saturday, May 17, 2014

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Tratamento de Saúde

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Tratamento de Saúde

TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Após sua instalação, as mudanças dos limiares auditivos não têm recuperação. Assim, a prevenção é a única
estratégia a ser adotada.
Apesar disso, podem ser adotadas medidas para a melhoria da qualidade de vida dos expostos às condições
de risco e dos lesionados, entre elas destacam-se:
- informação sobre as formas de desenvolvimento da PAIR e de prevenção da progressão de quadros já
instalados;
- orientação quanto ao uso de EPI, buscando conhecer as queixas mais freqüentes e as razões que
levam ao abandono de seu uso ou à sua não-utilização, estímulo à participação na sua escolha e
construção de alternativas corretivas;
- informação sobre os sinais iniciais de PAIR, como, por exemplo, a presença de zumbidos, a dificuldade
para ouvir sons agudos, compreender conversas ao telefone, ouvir conversas em ambientes com ruídos
de fundo;
- informação aos familiares acerca das características da doença e das formas de aperfeiçoamento da
comunicação no seio da família: uso de sinais, fala pausada e em frente ao paciente, apontar objetos e
pessoas acerca de quem se fala, mudar o que se disse usando outras palavras com mesmo significado,
ao invés de elevar a voz e repetir o que foi dito;
- se o paciente apresenta perda nas freqüências da fala, deve ser encaminhado para avaliação da indicação
de aparelho de amplificação sonora individual (AASI). O paciente deve ser informado que o uso desse
tipo de dispositivo não recupera sua perda, de modo a estar consciente das limitações de seu uso.

Friday, May 16, 2014

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Quadro clínico e diagnóstico

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
O diagnóstico nosológico da PAIR ocupacional somente pode ser estabelecido por meio de um conjunto de
procedimentos que envolvem anamnese clínica e ocupacional, exame físico, avaliação audiológica e, se necessário,
outros testes complementares.

Distinguem-se 4 estágios de evolução clínica da PAIR ocupacional:
1.º ESTÁGIO:
compreende as primeiras 2 ou 3 semanas de início da exposição. O trabalhador pode referir tinidos (acufeni)
em finais de jornada, sensação de plenitude auricular, cefaléia e tontura. A audiometria pós-exposição ao
ruído pode mostrar aumento de limiares auditivos em freqüências agudas, reversíveis após afastamento
da exposição;
2.º ESTÁGIO:
caracteriza-se por ser completamente assintomática, exceto por eventuais tinidos. Pode durar de meses a
anos e a audiometria pode mostrar perda de 30 a 40 dB (NA) na freqüência de 4 KHz, atingindo às vezes
as freqüências de 3 e 6 KHz;
3.º ESTÁGIO:
o trabalhador passa a referir dificuldades para ouvir o tique-taque de relógios, o som de campainhas de
residências e/ou telefones, necessidade de aumentar o volume do rádio e TV, dificuldade para compreender
alguns sons de consoantes principalmente em ambientes com ruídos de fundo (inclusive de baixa
intensidade), pode começar a pedir que repitam o que foi falado. O déficit audiométrico nas frequências
atingidas na fase 2 aumenta de intensidade, podendo atingir de 45 a 60 dB (NA);
4.º ESTÁGIO:
coincide com a surdez pelo ruído. O trabalhador encontra dificuldade para ouvir a voz de familiares e
colegas de trabalho, pede que falem mais alto. Por causa do recrutamento, os sons são percebidos de
maneira distorcida, já descrita como “se fosse um rádio mal sintonizado”. A audiometria mostra
comprometimento também das freqüências de 2, 3 e 8 KHz.
É importante destacar que os achados audiométricos das perdas auditivas podem ter diferentes interpretações,
dependendo da finalidade do exame. Assim, para fins de vigilância ou prevenção, em que a precocidade das alterações
deve ser valorizada ao máximo, são considerados sugestivos de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora
elevados os casos cujos audiogramas isolados ou de referência ou basais, nas freqüências de 3.000 e/ou 4.000 e/ou
6.000 Hz, apresentam limiares auditivos acima de 25 dB (NA) e mais elevados que em outras freqüências testadas,
estando essas comprometidas ou não tanto no teste de via aérea quanto no de via óssea, em um ou em ambos os
lados.
Segundo a Portaria/MTb n.º 19/1998, da NR 7, são considerados sugestivos de desencadeamento de PAIR
os “casos em que os limiares auditivos em todas as freqüências testadas no exame audiométrico de referência e no
seqüencial permaneçam menores ou iguais a 25 dB (NA), mas a comparação do audiograma seqüencial com o de
referência mostra uma evolução dentro dos moldes definidos e preenche um dos critérios abaixo:
- diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de freqüências de 3.000, 4.000 e
6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
- a piora em pelo menos uma das freqüências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 15 dB (NA).”
São considerados também sugestivos de desencadeamento de perda auditiva induzida por níveis de pressão
sonora elevados os casos em que apenas o exame audiométrico de referência apresenta limiares auditivos em todasDOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO
as freqüências testadas menores ou iguais a 25 dB (NA). A comparação do audiograma seqüencial com o de referência
mostra uma evolução dentro dos moldes definidos e preenche um dos critérios abaixo:
- “a diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de freqüência de 3.000, 4.000
e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
- a piora em pelo menos uma das freqüências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 15 dB (NA).”

São considerados sugestivos de agravamento da perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora
elevados os casos já confirmados em exames audiométricos de referência e nos quais a comparação de exame
audiométrico seqüencial com o de referência mostra uma evolução dentro dos moldes definidos e preenche um dos
critérios abaixo:
- “a diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de freqüência de 500, 1.000 e
2.000 Hz ou no grupo de freqüências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
- a piora em uma freqüência isolada iguala ou ultrapassa 15 dB (NA).”

Várias classificações têm sido utilizadas no Brasil, para fins de vigilância ou de diagnóstico da situação da
empresa, entre elas as de Pereira, de Merluzzi, de Costa e da Portaria/MTb n.º 19/1998.
Para fins previdenciários, os critérios são distintos, uma vez que o seguro social está voltado à reparação,
sempre que ocorrer real prejuízo da capacidade laborativa. Como mencionado na introdução, uma longa discussão
sobre as diferenças entre ter o diagnóstico de PAIR, ter PAIR com algum grau de incapacidade que supostamente não
interfere no trabalho e ter PAIR que acarreta incapacidade laborativa é desenvolvida na recente norma técnica do INSS
sobre perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem
ocupacional, objeto da Ordem de Serviço/INSS n.º 608/1998.

Com essa visão e considerando o disposto no Anexo III do Regulamento da Previdência Social republicado
recentemente com o Decreto n.º 3.048/1999, definem-se, no âmbito da Previdência Social, apenas as situações que
dão direito ao auxílio-acidente. No caso do aparelho auditivo, estão descritas estas situações, porém exclusivamente
para o caso de trauma acústico e não para a PAIR. Muitos, porém, têm aproveitado estes mesmos critérios, ou pelo
menos a classificação das perdas auditivas, para fins de estagiamento, a saber:
“A redução da audição, em cada ouvido, é avaliada pela média aritmética dos valores, em decibéis (perdas
avaliadas por via aérea) encontrados nas freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz (...):
- Audição normal: até 25 decibéis;
- Redução em grau mínimo: 26 a 40 decibéis;
- Redução em grau médio: 41 a 70 decibéis;
- Redução em grau máximo: 71 a 90 decibéis;
- Perda da audição: mais de 90 decibéis.”

Para avaliação de um audiograma com entalhe na faixa de 3.000 a 6.000 Hz, na ausência de exposição a
níveis elevados de pressão sonora, deve-se verificar, nos antecedentes pessoais e no exame clínico, a possibilidade
da ocorrência de outras doenças do próprio aparelho auditivo que podem produzir entalhes audiométricos, como, por
exemplo, presbiacusia, otospongiose, infecções e suas seqüelas, tumores, fístulas labirínticas, doença de Menière,
displasias, doenças sistêmicas, como renais, tireoideanas, diabetes mellitus, auto-imunes, hematológicas ou vasculares.
Nos casos da presbiacusia e da ototoxicidade, com freqüência os danos auditivos tendem a ser maiores na frequência
de 8.000 Hz, sendo que, na primeira, as perdas mais importantes ocorrem a partir dos 45 anos de idade.
O diagnóstico de perdas auditivas neurossensoriais induzidas por exposição a ruído e sua diferenciação de
outros quadros tendem a ser mais fáceis em situações em que o médico tem acesso ao histórico das exposições do
paciente a ruído e outros agentes ototóxicos, ao longo de sua vida laboral.

O médico que atende ao trabalhador deve saber que, para os trabalhadores empregados, para os quais é
exigida a realização do PCMSO, o responsável pelo programa deve, por força de lei, dispor dos exames audiométricos e
disponibilizá-los, inclusive com cópias de resultados dos exames, mediante pedido de colega com autorização do paciente.
Cabe, ainda, ao médico saber avaliar a qualidade técnica de eventuais avaliações de exposições e exames
complementares realizados na empresa ou a pedido da mesma.

No diagnóstico diferencial, como a perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados
de pressão sonora é, por definição, uma perda auditiva neurossensorial, devem ser descartadas, de início, as perdas
condutivas puras, ou seja, sempre que houver diferenças em mais de 10 dB entre os limiares por via óssea e por via
aérea, sempre com a via óssea até 25 dB. As perdas auditivas neurossensoriais podem ser classificadas, segundo a
etiologia, em:
- traumáticas (trauma acústico, traumatismo do crânio ou da coluna cervical, barotrauma);
- infecciosas (seqüelas de otite, viroses, lues, meningite, escarlatina, toxoplasmose);
- ototóxicas (por uso de antibióticos aminoglicosídeos, diuréticos, salicilatos, citostáticos, tuberculostáticos);
- causadas por produtos químicos (solventes, vapores metálicos, gases asfixiantes);
- metabólicas e hormonais (diabetes mellitus, auto-imunes, renais, tireoideanas);
- degenerativas (presbiacusia, otospongiose, osteoartroses cervicais);
- neurossensoriais flutuantes (doença de Menière, fístulas labirínticas, doença de Lermoyez, síndrome
de Cogan);
- tumorais (tumores glômicos, neurinomas);
- relacionadas ao sistema nervoso central (esclerose múltipla, degenerações mesencefálicas, alterações
bulbopontinas);
- hereditárias, congênitas e neonatais (algumas vezes de manifestação tardia);
- vasculares e hematológicas.

Ao formular sua conclusão, é importante que o médico que atende ao trabalhador adote o mesmo rigor,
tanto ao ponderar os possíveis fatores que permitem o estabelecimento da relação causal entre o quadro apresentado
e o histórico laboral do paciente, quanto ao ponderar aqueles que apontem em sentido contrário a essa conclusão.
Tem sido observada uma tendência a descaracterizar perdas auditivas neurossensoriais como relacionadas
ao trabalho, com hipervalorização das hipóteses alternativas que desqualificam essa relação.



Fonte: Doenças do Trabalho

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Quadro clínico e diagnóstico

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
O diagnóstico nosológico da PAIR ocupacional somente pode ser estabelecido por meio de um conjunto de
procedimentos que envolvem anamnese clínica e ocupacional, exame físico, avaliação audiológica e, se necessário,
outros testes complementares.

Distinguem-se 4 estágios de evolução clínica da PAIR ocupacional:
1.º ESTÁGIO:
compreende as primeiras 2 ou 3 semanas de início da exposição. O trabalhador pode referir tinidos (acufeni)
em finais de jornada, sensação de plenitude auricular, cefaléia e tontura. A audiometria pós-exposição ao
ruído pode mostrar aumento de limiares auditivos em freqüências agudas, reversíveis após afastamento
da exposição;
2.º ESTÁGIO:
caracteriza-se por ser completamente assintomática, exceto por eventuais tinidos. Pode durar de meses a
anos e a audiometria pode mostrar perda de 30 a 40 dB (NA) na freqüência de 4 KHz, atingindo às vezes
as freqüências de 3 e 6 KHz;
3.º ESTÁGIO:
o trabalhador passa a referir dificuldades para ouvir o tique-taque de relógios, o som de campainhas de
residências e/ou telefones, necessidade de aumentar o volume do rádio e TV, dificuldade para compreender
alguns sons de consoantes principalmente em ambientes com ruídos de fundo (inclusive de baixa
intensidade), pode começar a pedir que repitam o que foi falado. O déficit audiométrico nas frequências
atingidas na fase 2 aumenta de intensidade, podendo atingir de 45 a 60 dB (NA);
4.º ESTÁGIO:
coincide com a surdez pelo ruído. O trabalhador encontra dificuldade para ouvir a voz de familiares e
colegas de trabalho, pede que falem mais alto. Por causa do recrutamento, os sons são percebidos de
maneira distorcida, já descrita como “se fosse um rádio mal sintonizado”. A audiometria mostra
comprometimento também das freqüências de 2, 3 e 8 KHz.
É importante destacar que os achados audiométricos das perdas auditivas podem ter diferentes interpretações,
dependendo da finalidade do exame. Assim, para fins de vigilância ou prevenção, em que a precocidade das alterações
deve ser valorizada ao máximo, são considerados sugestivos de perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora
elevados os casos cujos audiogramas isolados ou de referência ou basais, nas freqüências de 3.000 e/ou 4.000 e/ou
6.000 Hz, apresentam limiares auditivos acima de 25 dB (NA) e mais elevados que em outras freqüências testadas,
estando essas comprometidas ou não tanto no teste de via aérea quanto no de via óssea, em um ou em ambos os
lados.
Segundo a Portaria/MTb n.º 19/1998, da NR 7, são considerados sugestivos de desencadeamento de PAIR
os “casos em que os limiares auditivos em todas as freqüências testadas no exame audiométrico de referência e no
seqüencial permaneçam menores ou iguais a 25 dB (NA), mas a comparação do audiograma seqüencial com o de
referência mostra uma evolução dentro dos moldes definidos e preenche um dos critérios abaixo:
- diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de freqüências de 3.000, 4.000 e
6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
- a piora em pelo menos uma das freqüências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 15 dB (NA).”
São considerados também sugestivos de desencadeamento de perda auditiva induzida por níveis de pressão
sonora elevados os casos em que apenas o exame audiométrico de referência apresenta limiares auditivos em todasDOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO
as freqüências testadas menores ou iguais a 25 dB (NA). A comparação do audiograma seqüencial com o de referência
mostra uma evolução dentro dos moldes definidos e preenche um dos critérios abaixo:
- “a diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de freqüência de 3.000, 4.000
e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
- a piora em pelo menos uma das freqüências de 3.000, 4.000 ou 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 15 dB (NA).”

São considerados sugestivos de agravamento da perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora
elevados os casos já confirmados em exames audiométricos de referência e nos quais a comparação de exame
audiométrico seqüencial com o de referência mostra uma evolução dentro dos moldes definidos e preenche um dos
critérios abaixo:
- “a diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos no grupo de freqüência de 500, 1.000 e
2.000 Hz ou no grupo de freqüências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB (NA);
- a piora em uma freqüência isolada iguala ou ultrapassa 15 dB (NA).”

Várias classificações têm sido utilizadas no Brasil, para fins de vigilância ou de diagnóstico da situação da
empresa, entre elas as de Pereira, de Merluzzi, de Costa e da Portaria/MTb n.º 19/1998.
Para fins previdenciários, os critérios são distintos, uma vez que o seguro social está voltado à reparação,
sempre que ocorrer real prejuízo da capacidade laborativa. Como mencionado na introdução, uma longa discussão
sobre as diferenças entre ter o diagnóstico de PAIR, ter PAIR com algum grau de incapacidade que supostamente não
interfere no trabalho e ter PAIR que acarreta incapacidade laborativa é desenvolvida na recente norma técnica do INSS
sobre perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem
ocupacional, objeto da Ordem de Serviço/INSS n.º 608/1998.

Com essa visão e considerando o disposto no Anexo III do Regulamento da Previdência Social republicado
recentemente com o Decreto n.º 3.048/1999, definem-se, no âmbito da Previdência Social, apenas as situações que
dão direito ao auxílio-acidente. No caso do aparelho auditivo, estão descritas estas situações, porém exclusivamente
para o caso de trauma acústico e não para a PAIR. Muitos, porém, têm aproveitado estes mesmos critérios, ou pelo
menos a classificação das perdas auditivas, para fins de estagiamento, a saber:
“A redução da audição, em cada ouvido, é avaliada pela média aritmética dos valores, em decibéis (perdas
avaliadas por via aérea) encontrados nas freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz (...):
- Audição normal: até 25 decibéis;
- Redução em grau mínimo: 26 a 40 decibéis;
- Redução em grau médio: 41 a 70 decibéis;
- Redução em grau máximo: 71 a 90 decibéis;
- Perda da audição: mais de 90 decibéis.”

Para avaliação de um audiograma com entalhe na faixa de 3.000 a 6.000 Hz, na ausência de exposição a
níveis elevados de pressão sonora, deve-se verificar, nos antecedentes pessoais e no exame clínico, a possibilidade
da ocorrência de outras doenças do próprio aparelho auditivo que podem produzir entalhes audiométricos, como, por
exemplo, presbiacusia, otospongiose, infecções e suas seqüelas, tumores, fístulas labirínticas, doença de Menière,
displasias, doenças sistêmicas, como renais, tireoideanas, diabetes mellitus, auto-imunes, hematológicas ou vasculares.
Nos casos da presbiacusia e da ototoxicidade, com freqüência os danos auditivos tendem a ser maiores na frequência
de 8.000 Hz, sendo que, na primeira, as perdas mais importantes ocorrem a partir dos 45 anos de idade.
O diagnóstico de perdas auditivas neurossensoriais induzidas por exposição a ruído e sua diferenciação de
outros quadros tendem a ser mais fáceis em situações em que o médico tem acesso ao histórico das exposições do
paciente a ruído e outros agentes ototóxicos, ao longo de sua vida laboral.

O médico que atende ao trabalhador deve saber que, para os trabalhadores empregados, para os quais é
exigida a realização do PCMSO, o responsável pelo programa deve, por força de lei, dispor dos exames audiométricos e
disponibilizá-los, inclusive com cópias de resultados dos exames, mediante pedido de colega com autorização do paciente.
Cabe, ainda, ao médico saber avaliar a qualidade técnica de eventuais avaliações de exposições e exames
complementares realizados na empresa ou a pedido da mesma.

No diagnóstico diferencial, como a perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados
de pressão sonora é, por definição, uma perda auditiva neurossensorial, devem ser descartadas, de início, as perdas
condutivas puras, ou seja, sempre que houver diferenças em mais de 10 dB entre os limiares por via óssea e por via
aérea, sempre com a via óssea até 25 dB. As perdas auditivas neurossensoriais podem ser classificadas, segundo a
etiologia, em:
- traumáticas (trauma acústico, traumatismo do crânio ou da coluna cervical, barotrauma);
- infecciosas (seqüelas de otite, viroses, lues, meningite, escarlatina, toxoplasmose);
- ototóxicas (por uso de antibióticos aminoglicosídeos, diuréticos, salicilatos, citostáticos, tuberculostáticos);
- causadas por produtos químicos (solventes, vapores metálicos, gases asfixiantes);
- metabólicas e hormonais (diabetes mellitus, auto-imunes, renais, tireoideanas);
- degenerativas (presbiacusia, otospongiose, osteoartroses cervicais);
- neurossensoriais flutuantes (doença de Menière, fístulas labirínticas, doença de Lermoyez, síndrome
de Cogan);
- tumorais (tumores glômicos, neurinomas);
- relacionadas ao sistema nervoso central (esclerose múltipla, degenerações mesencefálicas, alterações
bulbopontinas);
- hereditárias, congênitas e neonatais (algumas vezes de manifestação tardia);
- vasculares e hematológicas.

Ao formular sua conclusão, é importante que o médico que atende ao trabalhador adote o mesmo rigor,
tanto ao ponderar os possíveis fatores que permitem o estabelecimento da relação causal entre o quadro apresentado
e o histórico laboral do paciente, quanto ao ponderar aqueles que apontem em sentido contrário a essa conclusão.
Tem sido observada uma tendência a descaracterizar perdas auditivas neurossensoriais como relacionadas
ao trabalho, com hipervalorização das hipóteses alternativas que desqualificam essa relação.



Fonte: Doenças do Trabalho

Thursday, May 15, 2014

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Epidemiologia e Fatores de risco

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Epidemiologia e Fatores de risco

EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Os fatores de risco para a PAIR e trauma acústico podem ser classificados em:
FATORES DE RISCO AMBIENTAIS
O ruído torna-se fator de risco da perda auditiva ocupacional se o nível de pressão sonora e o tempo de
exposição ultrapassarem certos limites. A NR 15 da Portaria/MTb n.º 3.214/1978, nos Anexos 1 e 2, estabelece os LT
para a exposição a ruído contínuo ou intermitente e para ruído de impacto, vigentes no país. Como regra geral, é
tolerada exposição de, no máximo, oito horas diárias a ruído contínuo ou intermitente, com média ponderada no tempo
de 85 dB (A) ou uma dose equivalente. No caso de níveis elevados de pressão sonora de impacto, o limite é de 130 dB
(A) ou 120 dB (C).
Entretanto, é comum a coexistência de vários outros fatores que podem agredir diretamente o órgão auditivo
e influir no desenvolvimento da perda auditiva por meio da interação com os níveis de pressão sonora ocupacional ou
não-ocupacional. Destacam-se, entre eles:

AGENTES QUÍMICOS: solventes (tolueno, dissulfeto de carbono), fumos metálicos, gases asfixiantes (monóxido de carbono);

AGENTES FÍSICOS: vibrações, radiação e calor;
AGENTES BIOLÓGICOS: vírus, bactérias, etc.
FATORES METABÓLICOS E BIOQUÍMICOS
O processo ativo de transdução do estímulo acústico em excitação neural requer energia oriunda do
metabolismo. Os tecidos do ouvido interno dependem primeiramente do metabolismo oxidativo, que os abastece com
a energia necessária para os movimentos iônicos, manutenção do potencial elétrico e da sobrevivência celular. Isso
permite inferir que alterações na concentração de oxigênio e no metabolismo da glicose, em geral, resultarão em mau
funcionamento do ouvido interno e subseqüentes alterações no equilíbrio e na audição. Tendo em vista a existência de
perda auditiva, associada a alterações metabólicas, é importante avaliar o risco de agravamento das perdas auditivas
em trabalhadores expostos a níveis elevados de pressão sonora, que apresentem descompensações metabólicas.
Essas devem ser consideradas como fatores predisponentes ao surgimento ou agravamento de perdas auditivas.
Dentre as alterações do metabolismo, destacam-se:
- alterações renais, entre elas a síndrome de Alport, cujos portadores apresentam perda auditiva
significante a partir da segunda década de vida;
- diabetes mellitus e outras, como síndrome de Alströmg;
- insuficiência adrenocortical;
- dislipidemias, hiperlipoproteinemias;
- doenças que impliquem distúrbios no metabolismo do cálcio e do fósforo;
- distúrbios no metabolismo das proteínas. Por exemplo, os distúrbios de melanina;
- hipercoagulação;
- mucopolissacaridose;
- disfunções tireoideanas (hiper e hipotireoidismo).
OUTROS FATORES

MEDICAMENTOSOS: uso constante de salicilatos, por seu potencial ototóxico. Está comprovada a perda auditiva
decorrente do uso de substâncias ototóxicas (aminoglicosídeos, derivados de quinino e outras);
GENÉTICOS: história familiar de surdez em colaterais e ascendentes.

Na presença desses fatores, a perda auditiva de um indivíduo que apresente exposição a níveis elevados
de pressão sonora no trabalho deverá ser considerada como tendo características híbridas (fator não-ocupacional
associado a fator ocupacional):
- predomínio do fator não-ocupacional: perda híbrida predominantemente não-ocupacional;
- predomínio do fator ocupacional: perda híbrida predominantemente ocupacional.
Assim, as PAIR, independentemente do grau de incapacidade funcional e laborativa que produzam, se
relacionadas com o trabalho, devem ser enquadradas no Grupo II da Classificação de Schilling, em que o trabalho
significa fator de risco contributivo aditivo, na etiologia, que também pode ser relacionada a outros fatores não-
ocupacionais.
Em trabalhadores ocupacionalmente expostos ao ruído e na ausência desses fatores contributivos, a PAIR
deve ser enquadrada no Grupo I da Classificação de Schilling.



Fonte: Doenças do Trabalho

Wednesday, May 14, 2014

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Definição da Doença

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Definição da Doença

PERDA DA AUDIÇÃO PROVOCADA PELO RUÍDO E TRAUMA ACÚSTICO CID-10 H83.3

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
A perda da audição provocada pelo ruído ou perda auditiva induzida por ruído (PAIR) relacionada ao trabalho
é uma diminuição gradual da acuidade auditiva decorrente da exposição continuada a níveis elevados de pressão
sonora. O termo perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora é mais
adequado.
O trauma acústico pode ser definido como perda súbita da acuidade auditiva, decorrente de uma única
exposição a pressão sonora intensa (por exemplo, em explosões e detonações) ou devido a trauma físico do ouvido,
crânio ou coluna cervical.

A PAIR tem como características principais a irreversibilidade e a progressão gradual com o tempo de
exposição ao risco. A sua história natural mostra, inicialmente, o acometimento dos limiares auditivos em uma ou mais
freqüências da faixa de 3.000 a 6.000 Hz. As freqüências mais altas e mais baixas poderão levar mais tempo para ser
afetadas. Uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da redução auditiva.
Cresce, na atualidade, a preocupação com os efeitos extra-auditivos provocados pela exposição ao ruído.
Apesar de serem ainda pouco conhecidos, as evidências clínicas e epidemiológicas alertam para sua importância.
Manifestam-se, entre outros, pela hipertensão arterial, distúrbios gastrintestinais, alterações do sono e psicoafetivas,
de grande repercussão sobre a qualidade de vida dos trabalhadores.

Tuesday, May 13, 2014

Hipoacusia ototóxica - Tratamento de Saúde

Hipoacusia ototóxica - Tratamento de Saúde

TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Após sua instalação, a perda auditiva é irreversível, o que reforça a importância da prevenção. Entre as
medidas que podem melhorar a qualidade de vida do paciente, estão:
- orientação dos expostos ao ruído quanto às formas de desenvolvimento da perda de audição ototóxica
e de prevenção da progressão de quadros já instalados, particularmente quanto aos dispositivos de
proteção. Deve-se procurar conhecer as queixas mais freqüentes dos trabalhadores e as razões que
os levam ao abandono ou à sua não-utilização e incentivar a participação na escolha e construção de
alternativas corretivas;
- informação sobre os sinais iniciais da perda de audição ototóxica, como, por exemplo, a presença de
zumbidos, a dificuldade para ouvir sons agudos, compreender conversas ao telefone, ouvir conversas
em ambientes com ruídos de fundo, etc.;
- orientação dos familiares sobre as características da doença e das formas de aperfeiçoamento da
comunicação no seio da família: uso de sinais, fala pausada e em frente ao paciente, apontar objetos e
pessoas acerca de quem se fala, mudar o que se disse usando outras palavras com mesmo significado,
ao invés de elevar a voz e repetir o que foi dito;
- se o paciente apresenta perda que atinge as freqüências da fala, deve ser encaminhado para avaliação
da indicação de AASI, aural amplification. O paciente deve ser informado que o uso desse tipo de
dispositivo não recupera sua perda, de modo a estar consciente das limitações de seu uso.



Fonte: Doenças do Trabalho

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Prevenção da Doença

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Prevenção da Doença

PREVENÇÃO
A prevenção da PAIR baseia-se na vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e da saúde dos
trabalhadores expostos.
A eliminação ou redução da exposição ao ruído é importante para a prevenção da PAIR e de inúmeras
outras repercussões sobre o organismo humano. Idealmente, o controle do ruído deve se dar ainda na fase de projeto
de instalação da unidade produtiva. Deve ser desenvolvido um programa de conservação auditiva, incluindo:
- avaliação dos níveis de exposição a ruído;
- adoção das medidas de proteção auditivas coletivas e individuais;
- monitoramento ambiental, médico e audiométrico;
- educação, motivação e supervisão;
- registro e guarda de documentos, consolidação, análise e divulgação dos achados, assim como
providências administrativas e legais cabíveis;
- acompanhamento das ações.

As medidas de controle da exposição podem ser adotadas sobre a fonte emissora ou na trajetória de
propagação, por meio de:
- enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando sistemas
hermeticamente fechados;
- normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo colocação de barreiras e anteparos;
- monitoramento ambiental sistemático;
- adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos
e o tempo de exposição;
- fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo
complementar às medidas de proteção coletiva.

Recomenda-se observar a adequação e o cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO
(NR 7), da Portaria/MTb n.º 3.214/1978, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos
estados e municípios. Os Anexos n.º 1 e 2 da NR 15 definem os LT para exposições ao ruído contínuo e de impacto,
respectivamente. Esses parâmetros devem ser revisados periodicamente e sua manutenção dentro dos limites
estabelecidos não exclui a possibilidade de ocorrerem danos para a saúde, particularmente, de efeitos extra-auditivos.
O exame médico periódico deve seguir as diretrizes e parâmetros para avaliação e acompanhamento da
audição de trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados, prescritos na Portaria/MTb n.º 19/1998.
Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.

Nos casos de associação da exposição ao ruído com outros agentes ototóxicos, esta deve ser levada em
conta em todas as etapas do programa proposto. Quanto aos efeitos extra-auditivos decorrentes da exposição ao
ruído, alguns deles, como o desenvolvimento de hipertensão arterial, parecem não guardar relação com a perda
auditiva. Recomendam-se, assim, pesquisa e acompanhamento de sintomas associados de ordem psicoemocional ou
neuropsíquicos. A existência desses sintomas, muitas vezes, é mais determinante para o afastamento do trabalhador
da exposição do que os próprios níveis tensionais e/ou a perda auditiva.

Labirintite - Prevenção da Doença

PREVENÇÃO
A prevenção da labirintite relacionada ao trabalho baseia-se nos procedimentos de vigilância dos ambientes,
das condições de trabalho e dos efeitos ou danos para a saúde descritos na introdução deste capítulo.
Nos casos devido à exposição ao brometo de metila, as medidas de controle ambiental visam à eliminação
ou à manutenção de níveis de exposição a essa substância considerados aceitáveis, por meio de:
- enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando sistemas
hermeticamente fechados;
- normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e
eficientes;
- monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;
- adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos
e o tempo de exposição;
- medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene pessoal, recursos para
banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de vestuário;
- fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo
complementar às medidas de proteção coletiva.
Recomenda-se observar a adequação e o cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO
(NR 7), da Portaria/MTb n.º 3.214/1978, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos
estados e municípios. O Anexo n.º 11 da NR 15 define os LT das concentrações em ar ambiente de várias substâncias
químicas, para jornadas de até 48 horas semanais. Para o brometo de metila é de 12 ppm ou 47 mg/m3.

Esses parâmetros devem ser revisados periodicamente e sua manutenção dentro dos limites estabelecidos
não exclui a possibilidade de ocorrerem danos para a saúde.
O exame médico periódico objetiva a identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença,
por meio de:
- avaliação clínica com pesquisa de sinais e sintomas neurológicos, por meio de protocolo padronizado
e exame físico criterioso;
- exames complementares orientados pela exposição ocupacional;
- informações epidemiológicas;
- análises toxicológicas.

Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.
Os procedimentos recomendados para a vigilância da saúde de trabalhadores expostos a condições
hiperbáricas estão detalhados no protocolo Barotrauma do ouvido médio (13.3.1).

Monday, May 5, 2014

Labirintite - Tratamento de Saúde

Labirintite - Tratamento de Saúde

TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
O tratamento depende da patologia de base. Pode exigir recompressão em caso de efeitos associados à
doença descompressiva do ouvido interno. Porém, a recompressão pode estar formalmente contra-indicada nos casos
de barotrauma de ouvido interno instalados durante fase de compressão. Ver também o protocolo Barotrauma do
ouvido interno.

Sunday, May 4, 2014

Labirintite - Quadro clínico e diagnóstico

Labirintite - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
A labirintite relacionada ao trabalho em ambientes hiperbáricos ou vertigem alternobárica é provocada pela
variação de pressão atmosférica, produzida no ar do meio ambiente ou na água, e decorre da ruptura da membrana oval
ou redonda, esta última mais freqüente. A variação da pressão atmosférica produz uma assimetria de pressões no ouvido
interno devida à dificuldade de nivelar as pressões do ouvido médio, frente a variações barométricas bruscas. Esse
desequilíbrio de pressão, geralmente unilateral, ocorre com mais freqüência na fase de descompressão e representa um
risco para o mergulhador, dada a desorientação que a labirintite pode provocar, aliada a náuseas e vômitos. A condição
pode ser observada na superfície se, durante uma manobra de Valsalva, ocorrer vertigem e for observado nistagmo.
A labirintite relacionada ao trabalho com exposição a substâncias químicas ototóxicas tem sido descrita em
trabalhadores expostos ao brometo de metila. As provas de função labiríntica são importantes para se chegar ao
diagnóstico correto. Entre as mais simples e de fácil aplicação prática podem ser mencionadas as seguintes:

PROVA DA MARCHA:
caminhar cinco passos para a frente, cinco para trás, alternadamente, primeiro com os olhos abertos,
depois com os olhos fechados (observar instabilidade, desvios);

PROVA DE ROMBERG:
paciente de pé, com os pés juntos e braços estendidos ao lado do corpo, com os olhos inicialmente
abertos, depois fechados (observar desequilíbrio);
PROVA DE ROMBERG-BARRÉ: posição com um pé adiante do outro (observar lateropulsão na direção do vestíbulo
hipofuncionante);

PROVA DE UNTERBERGER:
paciente executa movimentos de marcha sem sair do lugar, com os braços estendidos para a
frente e com os olhos fechados (tem valor quando ocorrem desvios angulares superiores a 45 graus –
sentido horário ou anti-horário).
É importante diferenciar se o quadro é de origem periférica ou central, por meio de exames complementares:
tomografia computadorizada, eletronistagmografia, posturografia dinâmica e ressonância magnética. A avaliação do
otoneurologista sempre será importante.



Fonte: Doenças do Trabalho

Saturday, May 3, 2014

Labirintite - Epidemiologia e Fatores de risco

Labirintite - Epidemiologia e Fatores de risco

EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Entre os fatores capazes de causar labirintite está o trabalho sob condições hiperbáricas que inclui as
atividades sob ar comprimido e submersas. Entre eles destacam-se:
- mergulho civil (livre, raso, profundo);
- aviação;
- mergulho militar (convencional, operações militares táticas);
- construção civil: tubulão pneumático e túnel pressurizado;
- medicina: recompressão terapêutica e oxigenoterapia hiperbárica.

O brometo de metila, fumigante poderoso, altamente tóxico e gás já utilizado em processos de refrigeração
e como extintor de fogo, está associado à produção de quadros neurotóxicos multiformes, incluindo quadros de vertigem
e labirintite.
Em trabalhadores que exercem alguma das atividades acima identificadas, o diagnóstico de labirintite
relacionada ao trabalho, excluídas outras causas de labirintite, pode ser enquadrado no Grupo I da Classificação de
Schilling, em que o trabalho desempenha o papel de causa necessária.



Fonte: Doenças do Trabalho

Friday, May 2, 2014

Labirintite - Definição da Doença

Labirintite - Definição da Doença

LABIRINTITE CID-10 H83.0

DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
Labirintite é uma disfunção vestibular secundária a fatores irritantes, tóxicos, endócrinos, exócrinos,
metabólicos, infecciosos ou traumáticos.

Thursday, May 1, 2014

Perfuração da membrana do tímpano - Tratamento de Saúde

Perfuração da membrana do tímpano - Tratamento de Saúde

TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Segundo Farmer & Moon, (1995), o tratamento da perfuração do tímpano é o mesmo recomendado para o
barotrauma de ouvido médio, que se apresenta com sintomas e sinais otoscópicos, incluindo perfuração de tímpano:
- evitar novas exposições a condições hiperbáricas até a recuperação completa dos sintomas e da
membrana timpânica;
- utilizar descongestionantes tópicos, descongestionantes sistêmicos ou anti-histamínicos para evitar
possíveis efeitos adrenérgicos indesejáveis;
- indicar antibióticos para prevenir infecções secundárias.
A maioria dessas perfurações recupera-se espontaneamente e não há necessidade de intervenção cirúrgica.
Em caso de evidências de desarticulação da cadeia de ossículos do ouvido médio ou de ausência de recuperação da
perfuração em até três semanas, o paciente deve ser encaminhado a um especialista.