Thursday, May 15, 2014

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Epidemiologia e Fatores de risco

Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico - Epidemiologia e Fatores de risco

EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Os fatores de risco para a PAIR e trauma acústico podem ser classificados em:
FATORES DE RISCO AMBIENTAIS
O ruído torna-se fator de risco da perda auditiva ocupacional se o nível de pressão sonora e o tempo de
exposição ultrapassarem certos limites. A NR 15 da Portaria/MTb n.º 3.214/1978, nos Anexos 1 e 2, estabelece os LT
para a exposição a ruído contínuo ou intermitente e para ruído de impacto, vigentes no país. Como regra geral, é
tolerada exposição de, no máximo, oito horas diárias a ruído contínuo ou intermitente, com média ponderada no tempo
de 85 dB (A) ou uma dose equivalente. No caso de níveis elevados de pressão sonora de impacto, o limite é de 130 dB
(A) ou 120 dB (C).
Entretanto, é comum a coexistência de vários outros fatores que podem agredir diretamente o órgão auditivo
e influir no desenvolvimento da perda auditiva por meio da interação com os níveis de pressão sonora ocupacional ou
não-ocupacional. Destacam-se, entre eles:

AGENTES QUÍMICOS: solventes (tolueno, dissulfeto de carbono), fumos metálicos, gases asfixiantes (monóxido de carbono);

AGENTES FÍSICOS: vibrações, radiação e calor;
AGENTES BIOLÓGICOS: vírus, bactérias, etc.
FATORES METABÓLICOS E BIOQUÍMICOS
O processo ativo de transdução do estímulo acústico em excitação neural requer energia oriunda do
metabolismo. Os tecidos do ouvido interno dependem primeiramente do metabolismo oxidativo, que os abastece com
a energia necessária para os movimentos iônicos, manutenção do potencial elétrico e da sobrevivência celular. Isso
permite inferir que alterações na concentração de oxigênio e no metabolismo da glicose, em geral, resultarão em mau
funcionamento do ouvido interno e subseqüentes alterações no equilíbrio e na audição. Tendo em vista a existência de
perda auditiva, associada a alterações metabólicas, é importante avaliar o risco de agravamento das perdas auditivas
em trabalhadores expostos a níveis elevados de pressão sonora, que apresentem descompensações metabólicas.
Essas devem ser consideradas como fatores predisponentes ao surgimento ou agravamento de perdas auditivas.
Dentre as alterações do metabolismo, destacam-se:
- alterações renais, entre elas a síndrome de Alport, cujos portadores apresentam perda auditiva
significante a partir da segunda década de vida;
- diabetes mellitus e outras, como síndrome de Alströmg;
- insuficiência adrenocortical;
- dislipidemias, hiperlipoproteinemias;
- doenças que impliquem distúrbios no metabolismo do cálcio e do fósforo;
- distúrbios no metabolismo das proteínas. Por exemplo, os distúrbios de melanina;
- hipercoagulação;
- mucopolissacaridose;
- disfunções tireoideanas (hiper e hipotireoidismo).
OUTROS FATORES

MEDICAMENTOSOS: uso constante de salicilatos, por seu potencial ototóxico. Está comprovada a perda auditiva
decorrente do uso de substâncias ototóxicas (aminoglicosídeos, derivados de quinino e outras);
GENÉTICOS: história familiar de surdez em colaterais e ascendentes.

Na presença desses fatores, a perda auditiva de um indivíduo que apresente exposição a níveis elevados
de pressão sonora no trabalho deverá ser considerada como tendo características híbridas (fator não-ocupacional
associado a fator ocupacional):
- predomínio do fator não-ocupacional: perda híbrida predominantemente não-ocupacional;
- predomínio do fator ocupacional: perda híbrida predominantemente ocupacional.
Assim, as PAIR, independentemente do grau de incapacidade funcional e laborativa que produzam, se
relacionadas com o trabalho, devem ser enquadradas no Grupo II da Classificação de Schilling, em que o trabalho
significa fator de risco contributivo aditivo, na etiologia, que também pode ser relacionada a outros fatores não-
ocupacionais.
Em trabalhadores ocupacionalmente expostos ao ruído e na ausência desses fatores contributivos, a PAIR
deve ser enquadrada no Grupo I da Classificação de Schilling.



Fonte: Doenças do Trabalho

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