Thursday, June 16, 2016

Dorsalgia - Epidemiologia e Fatores de risco

Dorsalgia - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
As dorsalgias estão entre as queixas mais freqüentes da população geral, segundo inquéritos de prevalência
realizados em diversos países do mundo. Dentre elas destaca-se a lombalgia ou dor lombar, tanto em jovens como em
idosos. Ocupa lugar de destaque entre as causas de concessão de auxílio-doença previdenciário e de aposentadoria
por invalidez. Inquéritos recentes, realizados em trabalhadores nos Estados Unidos, mostraram uma prevalência de
17,6%, atingindo mais de 22 milhões de indivíduos.
A dorsalgia pode ser sintoma de inúmeras doenças. Episódios agudos de lombalgia costumam ocorrer em
pacientes em torno de 25 anos e, em 90% dos casos, a sintomatologia desaparece em 30 dias, com ou sem tratamento
medicamentoso, fisioterápico, com ou sem repouso. O risco de recorrência é de cerca de 60% no mesmo ano ou, no
máximo, em dois anos. São fatores que contribuem para a recidiva: idade, postura ergonômica inadequada e fadiga no
trabalho.
A lombalgia crônica, dor persistente durante três meses ou mais, corresponde a 10% dos pacientes acometidos
por lombalgia aguda ou recidivante. A média de idade desses pacientes é de 45 a 50 anos. Os seguintes fatores têm sido
associados à cronicidade da lombalgia: trabalho pesado, levantamento peso, trabalho sentado, falta de exercícios e
problemas psicológicos. A prevalência de lombalgia crônica em trabalhadores da construção civil nos Estados Unidos é de
22,6%. Estudos realizados no Brasil, em trabalhadores da saúde, mostram cifras próximas a essas.
Os casos descritos como ocupacionais são associados a atividades que envolvem contratura estática
ou imobilização, por tempo prolongado, de segmentos corporais, como cabeça, pescoço ou ombros, tensão crônica,
esforços excessivos, elevação e abdução dos braços acima da altura dos ombros, empregando força, e vibrações
do corpo inteiro.
A dorsalgia crônica, em especial a lombalgia crônica, em determinados grupos ocupacionais, excluídas
as causas não-ocupacionais acima mencionadas e ocorrendo condições de trabalho com posições forçadas e ges-
tos repetitivos e/ou ritmo de trabalho penoso e/ou condições difíceis de trabalho, pode ser classificada como doença
relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling, em que o trabalho pode ser considerado fator de
risco, no conjunto de fatores de risco associados com a etiologia multicausal da entidade. O trabalho pode ser
considerado como concausa.

Wednesday, June 15, 2016

Dorsalgia - Definição da Doença

Dorsalgia - Definição da Doença

18.3.4 DORSALGIA: CID-10 M54.-
CERVICALGIA M54.2
CIÁTICA M54.3
LUMBAGO COM CIÁTICA M54.4

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
A cervicalgia não devida a transtorno do disco intervertebral cervical ou síndrome tensional do pescoço ou
síndrome dolorosa miofascial, acometendo os músculos da cintura escapular e cervicais, caracteriza-se pela presença
de dor espontânea ou à palpação e/ou edema em região cervical, sem história de comprometimento de discos cervicais.
Ciática (M54.3) e lumbago com ciática (M54.4) caracterizam-se por dor na região lombar, que pode se
irradiar para o(s) membro(s) inferior(es) e evoluir para um quadro persistente de dor isolada em membros inferiores.


Tuesday, June 14, 2016

Síndrome cervicobraquial - Prevenção

Síndrome cervicobraquial - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção da síndrome cervicobraquial relacionada ao trabalho requer avaliação e monitoramento das
condições e dos ambientes de trabalho, com atenção para o modo como as tarefas são realizadas, especialmente nas
atividades que envolvem contratura estática ou imobilização por tempo prolongado de segmentos corporais, como
cabeça, pescoço ou ombros; tensão crônica, esforços excessivos, elevação e abdução de braços acima da altura dos
ombros empregando força, vibrações de corpo inteiro.
* Normais em espondilose, alterados em tumores metastáticos, pancoast e infecções.

É importante que o paciente seja cuidado por equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar,
capacitada a lidar tanto com os aspectos de suporte aos sofrimentos físico e psíquico do trabalhador quanto com
os aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho, articulando as ações assistenciais e de vigilância
em saúde.
A intervenção nos ambientes de trabalho deve basear-se em análise criteriosa e global da organização do
trabalho, que inclui:
- análise ergonômica do trabalho real, da atividade, do conteúdo das tarefas, dos modos operatórios e
dos postos de trabalho; do ritmo e da intensidade do trabalho; dos fatores mecânicos e condições
físicas dos postos de trabalho; das normas de produção; dos sistemas de turnos, dos sistemas de
premiação, dos incentivos, dos fatores psicossociais, individuais e das relações de trabalho entre cole-
gas e chefias;
- medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas;
- estratégias de defesa, individuais e coletivas, adotadas pelos trabalhadores.
Recomenda-se observar a adequação e cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO
(NR 7), segundo a Portaria/MTb n.º 3.214/1978, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes
nos estados e municípios. Para a promoção da saúde do trabalhador e prevenção da síndrome cervicobraquial
relacionada ao trabalho, também devem ser observadas as prescrições contidas na NR 17, que estabelece parâmetros
para avaliação e correção de situações e condições de trabalho, do ponto de vista ergonômico. O Anexo n.º 8 da NR 15
define como insalubres as atividades e operações que exponham os trabalhadores a vibrações e estabelece os LT, de
acordo com a ISO 2631 e a ISO/DIS 5349 ou suas substitutas. O controle da exposição a vibrações pelo manuseio de
equipamentos, instrumentos e maquinarias deve ser previsto desde a etapa de projeto e fabricação. Sua atenuação
pode ser conseguida por meio da diminuição do tempo de exposição e uso de luvas protetoras apropriadas.
Devem ser definidas estratégias que garantam a participação dos trabalhadores e a sensibilização dos
níveis gerenciais para a implementação das modificações necessárias na organização do trabalho.

O exame médico periódico visa à identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença,
por meio de:
- avaliação clínica com pesquisas de sinais e sintomas, por meio de protocolo padronizado e exame físico
acurado;
- exames complementares orientados pela exposição ocupacional;
- informações epidemiológicas.
Mais importante do que a realização de exames complementares são as pesquisas de sinais e sintomas
dolorosos, de sobrecarga de estruturas músculo-esqueléticas, sintomas neurovegetativos, psíquicos, e um exame físico
criterioso, para a detecção precoce de casos. Recomenda-se o monitoramento clínico por meio da aplicação de instru-
mentos padronizados de pesquisa de sintomas referidos. Não está justificado o uso de exames de imagem (raio X e
outros) nos exames pré-admissionais e periódicos. Aplicam-se somente nos casos em que é necessário firmar diagnós-
tico e realizar diagnóstico diferencial.


Monday, June 13, 2016

Síndrome cervicobraquial - Tratamento

Síndrome cervicobraquial - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Os princípios gerais de tratamento apresentados na introdução deste capítulo devem ser aplicados. Além
disso podem ser úteis os seguintes procedimentos, cuja indicação vai depender de cada caso:
- repouso;
- analgésicos e AINE;
- colar cervical (em ligeira flexão, por 2 a 3 semanas);
- aplicação de gelo (2 a 3 vezes por dia, de 20 a 30 minutos);
- sessões de ondas curtas (15 sessões de 20 minutos por dia), seguidas de tração contínua ou intermi-
tente;
- cessada a dor, recomenda-se exercícios para fortalecer a musculatura da nuca.


Sunday, June 12, 2016

Síndrome cervicobraquial - Quadro clínico e diagnóstico

Síndrome cervicobraquial - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
É variável, aparecendo:

GRAU 1 – queixas subjetivas, sem sinais clínicos;

GRAU 2 – queixas acompanhadas de endurecimento e hipersensibilidade dolorosa do pescoço,
do ombro e do braço, que nos casos mais graves inclui, também, hipertrofia e dor dos músculos afetados, alterações
ao exame neurológico, parestesia, perda de força muscular, hipersensibilidade dolorosa das apófises
espinhosas vertebrais e/ou dos músculos paravertebrais e/ou dos plexos nervosos;

GRAU 3 – podem surgir tremor das mãos, dor à movimentação do pescoço, ombro e extremidade superior; distúrbios
funcionais da circulação periférica; dor intensa do pesçoco, ombro e extremidade superior;

GRAU 4 – quadro intenso do grau III e aqueles que evoluem diretamente do grau II para um quadro de sindrome pes-
coço-ombro-mão, distúrbios orgânicos como tenossinovite ou tendinite, ou para alterações do sistema ner-
voso autônomo, como na síndrome de Raynaud; hiperemia passiva ou perda de equilíbrio ou, ainda, que
apresentam distúrbios psíquicos com ansiedade, insônia, alterações da ideação, histeria ou depressão;

GRAU 5 – pacientes que apresentam distúrbios não apenas no trabalho, mas que interferem no cotidiano.
As manifestações incluem dor na nuca ou na inserção superior do trapézio com irradiação para ombro,
braço, antebraço e mão, geralmente com topografia radicular de C5, C6, C7 ou C8. Pode haver concomitância de
parestesias, como dormências, formigamento, sensação de peso, de choque elétrico, picada, aquecimento e resfriamento
de membro superior. Desaparecimento de lordose cervical (fase aguda), contraturas musculares, dor ou formigamen-
to, choques e limitação à movimentação da coluna cervical, principalmente extensão e lateralidade.

Os testes de compressão da coluna cervical na posição ereta ou a manobra de Spurling (com o paciente
sentado, colocam-se as duas mãos em sua cabeça, inclinando-a para o lado doente e comprimindo-a para baixo)
devem ser realizados de forma cuidadosa e podem levar à reprodução de sintomas.
Apesar de estudos populacionais mostrarem evidências de compressão em assintomáticos, a realização
de exames de imagem continua sendo obrigatória. Inicia-se com radiografias simples da coluna cervical em AP, perfil
(P) e oblíquas. Nos casos duvidosos, pode-se lançar mão de tomografia computadorizada e da ressonância magnéti-
ca.
Alguns radiologistas recomendam não realizar tomografias de coluna cervical (CC), indicando diretamente a resso-
nância pela elevada ocorrência de falsos negativos nas tomografias computadorizadas de alta resolução (TCAR).
Para o diagnóstico diferencial, são recomendados, entre outros, os seguintes exames: hemograma com-
pleto, VHS, fosfatase alcalina, eletroforese de proteínas, cálcio, fósforo* e radiografias simples da coluna cervical em
AP, perfil (P) e oblíquas, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Critérios diagnósticos:
- história clínica e exame físico;
- história ocupacional;
- exames laboratoriais e de imagenologia.


Saturday, June 11, 2016

Síndrome cervicobraquial - Epidemiologia e Fatores de risco

Síndrome cervicobraquial - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A síndrome cervicobraquial pode ter causas orgânicas não-ocupacionais que necessitem ser investigadas
e excluídas, como, por exemplo, causas mecânico-degenerativas (osteoartrose uncovertebral, osteoartrose
zigoapofisária, protusões do disco intervertebral, degeneração dos ligamentos amarelo e longitudinal posterior); cau-
sas inflamatórias (artrite reumatóide, espondilite anquilosante, síndrome de Reiter, espondilodiscite, artrite reumatóide
juvenil); causas tumorais (primárias ou metastáticas); causas psicossomáticas e as causas fora da coluna cervical
(artrose acrômio-clavicular, distúrbio da articulação têmporo-mandibular, doenças vesico-biliares, câncer broncogênico,
fibromialgia, coronariopatias e hérnia de hiato).
Os casos descritos como ocupacionais são associados a atividades que envolvem contratura estática ou
imobilização por tempo prolongado de segmentos corporais como cabeça, pescoço ou ombros, tensão crônica, esforços
excessivos, elevação e abdução de braços acima da altura dos ombros, empregando força, e vibrações de corpo inteiro.

A síndrome cervicobraquial, em determinados grupos ocupacionais, excluídas as causas não-ocupacionais
acima mencionadas e ocorrendo condições de trabalho com posições forçadas e gestos repetitivos e/ou vibrações
localizadas, pode ser classificada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling,
posto que o trabalho pode ser considerado fator de risco, no conjunto de fatores de risco associados com a etiologia
multicausal desta síndrome. O trabalho pode ser considerado como concausa.


Friday, June 10, 2016

Síndrome cervicobraquial - Definição da Doença

Síndrome cervicobraquial - Definição da Doença

18.3.3 SÍNDROME CERVICOBRAQUIAL CID-10 M53.1

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
A denominação genérica raquialgia ou radiculalgia é aplicada a manifestações dolorosas localizadas na
região da coluna vertebral. Na prática, há três territórios afetados: cervical (C1 a C7 – T1), dorsal (C7 – T1 a T12 – L1)
e lombar (T12 – L1 a L5 – S1). É um distúrbio funcional ou orgânico resultante da fadiga neuromuscular, que pode ser
conseqüência de uma posição fixa e/ou devida a movimentos repetitivos dos membros superiores. As raquialgias
lombares não são reconhecidas pela Previdência Social como LER/DORT.


Thursday, June 9, 2016

Artroses - Prevenção

Artroses - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção das artroses relacionadas ao trabalho requer avaliação e monitoramento das condições do
ambiente de trabalho e do modo como se realizam as tarefas, especialmente nas ocupações de estivador, alfaiate,
costureira, tecelão, pedreiro, ladrilheiro, minerador, na construção civil e no trabalho com máquinas pneumáticas. É
importante que o paciente seja cuidado por equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, que dê conta
tanto dos aspectos de suporte ao sofrimento físico e psíquico quanto dos aspectos sociais e de intervenção nos
ambientes de trabalho, articulando as ações assistenciais e de vigilância em saúde.
A intervenção sobre os ambientes de trabalho deve basear-se na análise criteriosa e global da organização
do trabalho, incluindo:
- análise ergonômica do trabalho real, incluindo atividade, conteúdo das tarefas, modos operatórios e
nos postos de trabalho, ritmo e intensidade do trabalho, fatores mecânicos e condições físicas dos
postos de trabalho, normas de produção, sistemas de turnos, sistemas de premiação, incentivos, fato-
res psicossociais, individuais e das relações de trabalho entre colegas e chefias;
- medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas;
- estratégias de defesa, individuais e coletivas, adotadas pelos trabalhadores.

Recomenda-se observar a adequação e cumprimento, pelo empregador, do PPRA (NR 9) e do PCMSO
(NR 7), segundo a Portaria/MTb n.º 3.214/1978, além de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes
nos estados e municípios. Para promoção da saúde do trabalhador e prevenção das artroses relacionadas ao trabalho,
também, devem ser observadas as prescrições contidas na NR 17, que estabelece parâmetros para avaliação e
correção de situações e condições de trabalho, do ponto de vista ergonômico.

O Anexo n.º 8 da NR 15 define como insalubres as atividades e operações que exponham os trabalhadores
a vibrações e estabelece os LT de acordo com a ISO 2631 e a ISO/DIS 5349 ou suas substitutas. O controle da
exposição a vibrações pelo manuseio de equipamentos, instrumentos e maquinarias deve ser previsto desde a etapa
de projeto até a fabricação. Sua atenuação pode ser conseguida por meio da diminuição do tempo de exposição e da
adoção do uso de luvas protetoras apropriadas.
Devem ser definidas estratégias que garantam a participação dos trabalhadores e a sensibilização dos
níveis gerenciais para a implementação das modificações necessárias na organização do trabalho.

O exame médico periódico visa à identificação de sinais e de sintomas para a detecção precoce da doença,
por meio de:
- avaliação clínica com pesquisas de sinais e sintomas por meio de protocolo padronizado e exame
físico acurado;
- exames complementares orientados pela exposição ocupacional;
- informações epidemiológicas.
Mais importante do que a realização de exames laboratoriais são as pesquisas de sinais e sintomas dolo-
rosos, de sobrecarga de estruturas músculo-esqueléticas, sintomas neurovegetativos, psíquicos e um exame físico
criterioso, para a detecção precoce do caso. Recomenda-se o monitoramento clínico por meio da aplicação de instru-
mentos padronizados de pesquisa de sintomas referidos. Não está justificado o uso de exames de imagem (RX e
outros) nos exames pré-admissionais e periódicos. Aplicam-se somente aos casos em que é necessário firmar diag-
nóstico e realizar diagnóstico diferencial.


Wednesday, June 8, 2016

Artroses - Tratamento

Artroses - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
O tratamento conservador é feito com antiinflamatórios não-esteróides (AINE), antiartrósicos sintomáticos,
splint e mudanças das condições e ambiente de trabalho. O tratamento cirúrgico tem sido indicado para reconstrução
de ligamentos lesionados.


Tuesday, June 7, 2016

Artroses - Quadro clínico e diagnóstico

Artroses - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
O quadro clínico é caracterizado por sintomas e sinais inflamatórios discretos, como dor e rubor nos ten-
dões e/ou articulações acometidos. Em casos graves, pode ocorrer deformidade da articulação. Na artrite carpo-
metacarpal, o principal risco ocupacional envolve os trabalhos de repetição do movimento de pinça. Ao exame clínico,
os sintomas podem ser facilmente reproduzidos ao se repetir o movimento.
A articulação trapézio-metacarpiana aparece citada como sede freqüente de lesões degenerativas ou de
instabilidade dolorosa referidas a atividades que exigem esforço e repetitividade do polegar. A compressão da articula-
ção desencadeia a dor. Nos casos de acometimento da escafo-trapézio-trapezóide, o paciente descreve dor na base
do polegar, relacionada às atividades e que pode ser desencadeada pela compressão localizada. A dissociação escafo-
semilunar estática ou dinâmica é descrita como seqüela de acidentes ou episódios estressantes associados a esforços
e movimentos repetitivos, que resultam em flexibilização das estruturas ligamentares de sustentação dos ossos do
punho. Em geral, nesses quadros, o paciente sente dor articular espontânea, rigidez pósrepouso, dor à mobilização,
palpação ou manobras, crepitação palpável, limitação da amplitude de movimentos da articulação e discretos sinais de
inflamação local no segmento afetado.
Critérios diagnósticos:
- história clínica e exame físico;
- história ocupacional;
- radiografia simples dos segmentos afetados que confirmam a existência das lesões.

Monday, June 6, 2016

Artroses - Epidemiologia e Fatores de risco

Artroses - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A artrose é a mais freqüente das afecções articulares, em ambos os sexos, instalando-se por volta dos
20-30 anos, de forma assintomática. A prevalência na população adulta é de cerca de 12% (Estados Unidos). Ainda
que depois dos 40 anos quase todos os indivíduos apresentem modificações patológicas das articulações, poucos
acusam algum sintoma. Localizam-se principalmente na articulação coxo-femoral (coxartrose), no joelho (gonartro-
se), na coluna vertebral (cervicartrose, dorsaltrose, lombartrose, discartrose), nas mãos (rizartrose do polegar), nos
pés (hálux valgo).
Entre as causas da artrose estão fatores gerais, constitucionais, metabólicos e endócrinos e fatores locais,
que atuam direta e indiretamente e afetam o indivíduo em qualquer idade, tais como luxação ou subluxação articular,
osteocondrites, epifisiólise, pioartrite, artrite reumatóide, osteocondrite dissecante, asséptica, entre outros. Em certos
casos de acometimento em trabalhadores jovens, a patogênese parece estar associada a movimentos ou impactos
repetitivos sobre determinadas articulações.
A literatura de Medicina do Trabalho é rica em descrições de artroses relacionadas com determinadas
profissões, gestos ou movimentos, destacando-se, como exemplos:
- osteoartrose da coluna dos carregadores de peso, principalmente estivadores, que se pode apresentar
como espondilite;
- osteoartrose das articulações interfalangeanas do indicador (ou do dedo médio) e do polegar dos
alfaiates, das costureiras e dos tecelões;
- osteoartrose do punho e cotovelo dos que lidam com ferramentas giratórias (chave de fenda) e/ou
vibratórias (marteletes pneumáticos);
- osteoartrose do joelho de pedreiros, ladrilheiros e mineradores que trabalham agachados ou de joe-
lhos;
- osteoartrose das articulações metatarsofalangeanas dos bailarinos, com a deformação profissional do
hálux valgo, etc.
A suscetibilidade individual parece desempenhar um papel importante no desencadeamento da doença,
uma vez que os achados variam muito em uma mesma população de trabalhadores expostos.
As artroses, em determinados grupos ocupacionais que realizam movimentos ou impactos repetitivos so-
bre determinadas articulações, podem ser classificadas como doenças relacionadas ao trabalho, do Grupo II da Clas-
sificação de Schilling, em que o trabalho pode ser considerado fator de risco, no conjunto de fatores de risco associa-
dos com a etiologia multicausal dessas afecções articulares. O trabalho pode ser considerado como concausa.


Sunday, June 5, 2016

Outras artroses - Definição da Doença

Outras artroses - Definição da Doença

18.3.2 OUTRAS ARTROSES CID-10 M19.-

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
As artroses incluem osteoartrites e osteoartroses. A osteoartrite ou artropatia degenerativa caracteriza-se
por alterações bioquímicas e anatômicas progressivas nas articulações, com comprometimento de sua estrutura e
função. As articulações mais comumente afetadas são as interfalângicas distais e proximais das mãos e as que supor-
tam peso (como as do quadril e joelhos) e as da coluna cervical e lombar. Por definição, a artrose degenerativa ou
simplesmente osteoartrose ocorre nas articulações sinoviais. A doença é mais comum em pessoas de idade avançada,
mas pode aparecer em qualquer idade como seqüela de traumatismos articulares ou malformações congênitas.
O termo osteoartrite leva freqüentemente à confusão por sugerir inflamação da articulação, porém não há
resposta inflamatória, sendo mais correto usar o termo osteoartrose.
Estão incluídas nesse grupo:
- artrose secundária de outras articulações - artrose secundária SOE (M19.2);
- outras artroses especificadas (M19.8);
- artrose não-especificada (M19.9);
- outros transtornos articulares não-classificados em outra parte: dor articular (M25.5).


Saturday, June 4, 2016

Gota induzida pelo chumbo - Prevenção

Gota induzida pelo chumbo - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção da gota induzida por chumbo relacionada ao trabalho baseia-se na vigilância dos ambientes,
das condições de trabalho e dos efeitos ou danos à saúde. Considerando a ampla utilização do chumbo e seus
compostos, o controle ambiental da exposição pode, efetivamente, reduzir a incidência de gota nos grupos ocupacionais
de risco. As medidas de controle ambiental visam à eliminação ou ao controle dos níveis de concentração do chumbo
dentro dos limites estabelecidos, por meio de:
- enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando sistemas
hermeticamente fechados;
- normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e
eficientes;
- monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;
- adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores ex-
postos e o tempo de exposição;
- medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene pessoal, recursos para
banhos, lavagem das mãos, braços, rosto, troca de vestuário;
- fornecimento, pelo empregador, de EPI adequados, de modo complementar às medidas de proteção
coletiva.

Recomenda-se a verificação da adequação e do cumprimento, pelo empregador, das medidas de controle
dos fatores de risco ocupacionais e de promoção da saúde identificadas no PPRA (NR 9) e no PCMSO (NR 7), além de
outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios.
O Anexo n.º 11 da NR 15 (Portaria/MTb n.º 12/1983) estabelece os LT para algumas substâncias químicas
no ar ambiente, para jornadas de até 48 horas semanais, entre elas para o chumbo: 0,1 mg/m3. Esses limites devem
ser comparados com aqueles adotados por outros países e revisados periodicamente à luz do conhecimento e de
evidências acumuladas, observando-se que, mesmo quando estritamente obedecidos, não impedem o surgimento de
danos para a saúde.
O exame médico periódico objetiva a identificação de sinais e sintomas para a
detecção precoce da doença.
Consta de avaliação clínica, que inclui a utilização de protocolos padronizados, visando a identificar alterações
neurocomportamentais e renais iniciais e outros exames complementares, como urina de rotina, dosagem de uréia e
creatinina e o monitoramento biológico. Os indicadores biológicos de exposição utilizados para as exposições ao
chumbo são:
- concentração de chumbo no sangue (Pb-S) – VR de até 40 µg/100 ml e IBMP de 60 µg/100 ml. A ACGIH
recomenda, como índice biológico de exposição 30 µg/100 ml;
- concentração de ácido delta amino levulínico na urina (ALA-U) – VR de até 4,5 mg/g de creatinina e
IBMP de até 10 mg/g de creatinina;
- concentração de zincoprotoporfirina no sangue (ZPP-S) – VR de até 40 µg/100 ml e IBMP de 100 µg/100 ml.
A dosagem de chumbo sérico reflete a absorção do metal nas semanas antecedentes à coleta da amostra ou à
mobilização de depósitos ósseos.

Friday, June 3, 2016

Gota induzida pelo chumbo - Tratamento

Gota induzida pelo chumbo - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Nos casos de intoxicação pelo chumbo, em que a carga corporal do metal não é elevada, não há
sintomatologia evidente e boa função renal. O tratamento baseia-se no afastamento da atividade. Se a sintomatologia
traz desconforto para o paciente, a carga corporal de chumbo é elevada e a plumbemia permanece estável após
meses de afastamento do trabalho, está indicada quelação intravenosa. Ver os procedimentos específicos no protoco-
lo Cólica do chumbo (16.3.6), no capítulo 16.


Thursday, June 2, 2016

Gota induzida pelo chumbo - Quadro clínico e diagnóstico

Gota induzida pelo chumbo - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
O quadro clínico é semelhante ao de outras manifestações de gota, caracterizando-se por início súbito
que pode ser desencadeado por um pequeno trauma ou excessos alimentares ou alcoólicos, fadiga ou estresse,
de natureza médica ou social. Manifesta-se por dor mono ou poliarticular, geralmente noturna. A dor pode se agravar
e se tornar quase insuportável. Ao exame podem ser observados sinais de uma inflamação aguda, como edema,
calor, rubor e alterações de sensibilidade. As manifestações podem ceder espontaneamente, porém as recidivas
são freqüentes e em intervalos cada vez mais curtos, se não houver tratamento.
Critérios diagnósticos:
- história clínica e exame físico;
- anamnese ocupacional detalhada, explorando a exposição ao chumbo;
- propedêutica complementar para verificação de intoxicação por chumbo.


Wednesday, June 1, 2016

Gota induzida pelo chumbo - Epidemiologia e Fatores de risco

Gota induzida pelo chumbo - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A gota (primária) é uma doença metabólica de natureza heterogênea, freqüentemente familial. A hiperuricemia
primária pode ser causada por aumento da produção de purinas (idiopática ou por defeitos enzimáticos específicos) ou
por depuração renal de ácido úrico diminuída (idiopática).
A gota secundária, que pode apresentar um componente hereditário, está relacionada a causas adquiridas
de hiperuricemia, entre elas:
- aumento do catabolismo e conversão de purinas (doenças mieloproliferativas, doenças linfoproliferativas,
carcinoma e sarcoma disseminados, anemias hemolíticas crônicas, doenças citotóxicas e psoríase);
- diminuição da depuração renal de ácido úrico, causada por doença renal intrínseca ou por alteração
funcional do transporte tubular;
- indução por drogas (por exemplo, tiazídicos);
- hiperacetoacidemia (por exemplo, por cetoacidose diabética ou jejum);
- hiperlactacidemia (por exemplo, acidose láctica, alcoolismo);
- diabete insípido (resistente à vasopressina);
- síndrome de Bartter;
- intoxicação por chumbo.

Cerca de 90% dos pacientes com gota secundária são homens, usualmente acima de 30 anos de idade.
Em mulheres, o início ocorre geralmente após a menopausa. Em trabalhadores expostos ocupacionalmente ao
chumbo, em que as outras causas de gota secundária não-ocupacionais foram excluídas, a doença pode ser
classificada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling, posto que o trabalho
pode ser considerado como causa necessária. Outras manifestações da intoxicação pelo chumbo deverão ser
investigadas e provavelmente estarão associadas.