Sunday, October 12, 2014

Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos

Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos

Capítulo 8
DOENÇAS DO SANGUE E DOS ÓRGÃOS HEMATOPOÉTICOS RELACIONADAS AO TRABALHO
(GRUPO III DA CID-10)
8.1 INTRODUÇÃO
O sistema hematopoético constitui um complexo formado pela medula óssea e outros órgãos
hemoformadores e pelo sangue.
Na medula óssea são produzidas, continuamente, as células sangüíneas: eritrócitos,
neutrófilos e plaquetas, sob rígido controle dos fatores de crescimento.
Para que cumpram sua função fisiológica, os
elementos celulares do sangue devem circular em número e estrutura adequados.
A capacidade produtiva da medula óssea é impressionante.
Diariamente, ela substitui 3 bilhões de eritrócitos por quilograma de peso corporal.
Os neutrófilos têm uma meia-vida de apenas 6 horas e cerca de 1,6 bilhão de
neutrófilos por quilograma de peso corporal necessitam ser produzidos a cada dia.
Uma população inteira de plaquetas deve ser substituída a cada 10 dias.
Toda essa intensa atividade torna a medula óssea muito sensível às infecções, aos
agentes químicos, aos metabólicos e aos ambientais que alteram a síntese do DNA ou a formação celular.
E, também, por isso, o exame do sangue periférico se mostra um sensível e acurado espelho
da atividade medular.
Nos seres humanos adultos, o principal órgão hematopoético localiza-se na camada medular óssea do
esterno, costelas, vértebras e ilíacos.
A medula óssea é formada por um estroma e pelas células hemoformadoras que
têm origem na célula primitiva multipotente (stem cell). Essa célula primitiva divide-se inicialmente em célula primordial
linfóide e célula primordial mielóide de três linhagens. Sob o controle de substâncias indutoras, estas células primordiais
sofrem um processo de diferenciação e proliferação, dando origem, após a formação de precursores, às células
circulantes do sangue periférico.
As substâncias indutoras apresentam especificidades para as diferentes linhagens de células. Entre as
mais conhecidas citam-se a eritropoetina, a trombopoetina e as granuloquinas (fator de crescimento de colônia de
granulócitos [G-CSF] e fator de crescimento de colônia de granulócitos-macrófagos [GM-CSF]). Algumas dessas
substâncias têm sido produzidas e testadas, sendo armas terapêuticas promissoras. A eritropoetina já tem sido utilizada
com sucesso para algumas indicações clínicas.
As células sangüíneas, após atingirem a maturidade, passam para os sinusóides da medula e alcançam a
corrente sangüínea, onde vão desempenhar suas funções. Outros órgãos hematopoéticos de importância são o timo,
os tecidos, os gânglios linfáticos e o baço, em que ocorre o desenvolvimento de linfócitos, o processamento de antígenos
e a produção de anticorpos.
Agressões ao sistema hematopoético podem ocorrer na medula óssea, afetando a célula primitiva
multipotente ou qualquer das células dela derivadas, e na corrente sangüínea, destruindo ou alterando a função de
células já formadas.
Entre os agentes hematotóxicos de interesse para a saúde do trabalhador destacam-se o benzeno e as
radiações ionizantes. Esses agentes podem lesar a célula primitiva multipotente, reduzindo seu número ou provocando
lesões citogenéticas, resultando em hipoprodução celular ou em linhagens celulares anormais.
O funcionamento do sistema hematopoético pode ser avaliado por meio da história clínica e dos resultados
dos exames físico-laboratoriais. Uma história ocupacional detalhada permite que se estabeleça o nexo de uma possível
disfunção e/ou doença com o trabalho.



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