Friday, October 31, 2014

Anemia aplástica - Epidemiologia e Fatores de risco

Anemia aplástica - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Entre as causas de anemia aplástica, a lesão direta das células-tronco primordiais pode ser causada por
irradiação, quimioterapia, toxinas ou agentes farmacológicos. O lúpus eritematoso sistêmico pode, raramente, causar
supressão da célula-tronco hematopoética por um auto-anticorpo IgG dirigido contra a
célula-tronco primordial.

Considerando que 10 a 50% dos casos de anemia aplástica são rotulados como idiopáticos, é possível que
a anamnese ocupacional, adequadamente explorada, possa contribuir para esclarecer um possível nexo com o trabalho.
Entre as drogas, medicamentos hematotóxicos e aplasiantes de medula, são bem conhecidos: cloranfenicol,
fenilbutazona, sais de ouro, sulfonamidas, fenitoína, carbamazepina, quinacrina e tolbutamida.
A etiologia ocupacional tem sido descrita em trabalhadores expostos ao benzeno, às radiações ionizantes
e, com menor evidência:
- aos compostos arsenicais;
- ao óxido de etileno;
- ao 2-etoxietanol;
- ao 2-metoxietanol;
- ao TNT;
- aos organoclorados, como pentaclorofenol (PCP, também conhecido no Brasil como pó da China) e
hexaclorociclohexano (HCH ou lindano, também denominado popularmente de BHC).
A exposição a elevadas concentrações de benzeno nos ambientes de trabalho (superiores a 100, 200 ppm)
provocou, no passado, centenas de casos da doença em todo o mundo. Nos últimos anos, com a redução progressiva das
concentrações ambientais e a melhoria das condições de trabalho, a ocorrência de anemia aplástica secundária à exposição
ao benzeno também reduziu.
Segundo a OMS, estima-se que nos expostos ocupacionalmente ao benzeno, ao nível de 50 ppm pelo
período de um ano, 5% desenvolveriam anemia aplástica. Se expostos a 100 ppm, no mesmo período, 10% dos
expostos adoeceriam. Após 10 anos de exposição, a 10 ppm, 1% dos expostos desenvolveria anemia aplástica; a 50
ppm de exposição, 50% dos expostos desenvolveriam a doença; e em ambientes de 100 ppm de benzeno, 90% dos
expostos ficariam doentes. Na atualidade, exposições a esses níveis de benzeno são difíceis de serem observadas,
pois, para serem atingidas, seria necessário trabalhar com exposição direta ao benzeno ou mistura contendo proporções
elevadas, mais de 20% em volume.
Em trabalhadores expostos nas condições descritas acima, nas quais outras causas de anemia aplástica
não-ocupacionais foram excluídas, ela pode ser classificada como doença relacionada ao trabalho, do Grupo I da
Classificação de Schilling, posto que o trabalho ou a ocupação com exposição ao benzeno, às radiações ionizantes e/
ou a outras substâncias citadas podem ser considerados como causas necessárias.



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