Friday, October 17, 2014

Síndromes mielodisplásicas - Epidemiologia e Fatores de risco

Síndromes mielodisplásicas - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
As síndromes mielodisplásicas são, geralmente, consideradas idiopáticas, mas têm sido observadas após
quimioterapia citotóxica, especialmente procarbazina para a doença de Hodgking
e melfalan para o mieloma múltiplo ou
carcinoma de ovário. Também o cloranfenicol, a colchicina e o óxido nitroso têm sido relacionados a essas síndromes,
assim como o uso de antiinflamatórios não-hormonais, como a fenilbutazona.
Alguns fatores predisponentes para a SMD são genéticos. Em alguns pacientes há fragilidade cromossômica
ou inabilidade do DNA em reparar os efeitos sofridos após exposição à radiação ionizante. Como conseqüência, ocorrem
aberrações no DNA que estimulam certos oncogenes. Deve-se proceder à vigilância das exposições ocupacionais ou
ambientais das pessoas aos agentes alquilantes, fenilbutazona, inseticidas, pesticidas e solventes orgânicos.

A exposição ocupacional ao benzeno e às radiações ionizantes mostra associação causal com o
desenvolvimento de síndromes mielodisplásicas.
No caso do benzeno, as mielodisplasias são ligadas a exposições a concentrações relativamente elevadas.
Na atualidade, deve ser valorizada a exposição ao benzeno em indústrias petroquímicas e químicas, laboratórios e nas
grandes siderúrgicas que têm coquerias e unidades de carboquímicos, em geral anexas. Em teores baixos, por vezes
traços, pode haver exposição ao benzeno pelo uso de solventes em tintas, vernizes, thinners, removedores, desengraxantes,
querosene e colas. Na manipulação da gasolina é pequena a probalidade de ocorrência de mielodisplasia em virtude dos
baixos teores de benzeno (0,8 a 3%) contidos nesse combustível. É importante notar que um valor de 3% de benzeno, em
produtos acabados, ultrapassa o limite determinado pela Portaria Interministerial/MS/MTb n.º 3/1982.
Além do benzeno, várias outras substâncias podem estar ligadas às mielodisplasias, como os compostos
arsenicais e o óxido de etileno. Outras substâncias provavelmente associadas a mielodisplasias são:
- solventes 2-etoxietanol e o 2-metoxietanol (éteres de glicol);
- TNT (explosivo);
- dinitrofenol;
- pentaclorofenol (PCP, também conhecido no Brasil como pó da China);
- hexaclorociclohexano (HCH, ou lindano, também denominado popularmente de BHC);
- p-hidroquinona (sólido de pouca importância ocupacional, podendo ser um dos metabólitos do benzeno,
responsável pela mielotoxicidade desse produto).
Estireno (monômero do poliestireno), 2- butoxietanol (éter de glicol), clorobenzeno, diclorobenzeno e
inseticidas organoclorados, dieldrin e o heptaclor estão ainda fracamente associados a mielodisplasia.
Em trabalhadores expostos a essas substâncias químicas, em que as outras causas de SMD não-
ocupacionais foram excluídas, elas podem ser classificadas como doenças relacionadas ao trabalho, do Grupo I da
Classificação de Schilling, em que o trabalho, particularmente na exposição ocupacional ao benzeno e às radiações
ionizantes, pode ser considerado como causa necessária. É pouco provável que a doença se desenvolva na ausência
dessa condição.



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