Wednesday, September 30, 2015

A prevenção das doenças do sistema respiratório

A prevenção das doenças do sistema respiratório

A prevenção das doenças do sistema respiratório relacionadas ao trabalho baseia-se nos procedimentos
de vigilância em saúde do trabalhador, que inclui a vigilância epidemiológica de agravos e a vigilância sanitária dos
ambientes e condições de trabalho. Utiliza conhecimentos médico-clínicos, epidemiológicos, de higiene ocupacional,
toxicologia, ergonomia e psicologia, entre outras disciplinas, valoriza a percepção dos trabalhadores sobre o trabalho
e a saúde e considera as normas técnicas e regulamentos vigentes.

Estes procedimentos podem ser resumidos em:
- reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas, agentes
físicos e biológicos e fatores de risco decorrentes da organização do trabalho potencialmente causadores
de doença;
- identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde decorrentes da exposição aos fatores
de risco identificados;
- identificação e proposição de medidas de controle que devem ser adotadas para eliminação ou controle
da exposição aos fatores de risco e para proteção dos trabalhadores;
- educação e informação aos trabalhadores e empregadores.
A partir da confirmação do diagnóstico da doença e de sua relação com o trabalho, seguindo os procedimentos
descritos no capítulo 2, os serviços de saúde responsáveis pela atenção aos trabalhadores devem implementar as
seguintes ações:
- avaliação da necessidade de afastamento (temporário ou permanente) do trabalhador da exposição,
do setor de trabalho ou do trabalho como um todo;
- se o trabalhador é segurado pelo SAT da Previdência Social, solicitar da emissão da CAT à empresa,
preencher o LEM da CAT e encaminhar ao INSS. Em caso de recusa de emissão da CAT pelo
empregador, o médico assistente (ou serviço médico) deve fazê-lo;
- acompanhamento e registro da evolução do caso, particularmente se houver pioras ou agravamento
no retorno ao trabalho;
- notificação do agravo ao sistema de informação de morbidade do SUS, à DRT/MTE e ao sindicato da
categoria;
- vigilância epidemiológica visando à identificação de outros casos, por meio da busca ativa na mesma
empresa, no ambiente de trabalho ou em outras empresas do mesmo ramo de atividade na área
geográfica;
- inspeção na empresa ou ambiente de trabalho de origem do paciente ou em outras empresas do mesmo
ramo de atividade na área geográfica, procurando identificar os fatores de risco para a saúde, as medidas
de proteção coletiva, os equipamentos e as medidas de proteção individual utilizados. Se necessário,
complementar a identificação do agente (químico, físico ou biológico) e das condições de trabalho
determinantes do agravo e de outros fatores de risco que podem estar contribuindo para a ocorrência;
- identificação e recomendação ao empregador quanto às medidas de proteção e controle a serem
adotadas, informando-as aos trabalhadores.

As principais medidas de proteção da saúde e prevenção da exposição aos fatores de risco são:
- substituição de tecnologias de produção por outras menos arriscadas para a saúde;
- isolamento do agente/substância ou enclausuramento do processo;
- medidas rigorosas de higiene e segurança do trabalho, como adoção de sistemas de ventilação local
exaustora e geral adequados e eficientes; utilização de capelas de exaustão; controle de vazamentos e
incidentes mediante manutenção preventiva e corretiva de máquinas e equipamentos e acompanhamento
de seu cumprimento;
- monitoramento ambiental sistemático; adoção de sistemas seguros de trabalho, operacionais e de
transporte; classificação e rotulagem das substâncias químicas segundo propriedades toxicológicas e
toxicidade;
- manutenção de condições ambientais gerais e de conforto adequadas para os trabalhadores e facilidades
para higiene pessoal, como instalações sanitárias adequadas, banheiros, chuveiros, pias com água
limpa corrente e em abundância; vestuário adequado e limpo diariamente;
- diminuição do tempo de exposição e do número de trabalhadores expostos;
- fornecimento de EPI adequados, com manutenção indicada, de modo complementar às medidas de
proteção coletiva.

Tuesday, September 29, 2015

Doenças do sistema respiratório relacionadas ao trabalho

Doenças do sistema respiratório relacionadas ao trabalho
Capítulo 15
DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO RELACIONADAS AO TRABALHO
(Grupo X da CID-10)

15.1 INTRODUÇÃO
O sistema respiratório constitui uma interface importante do organismo humano com o meio ambiente,
particularmente com o ar e seus constituintes, gases e aerossóis, sob a forma líquida ou sólida. A poluição do ar nos
ambientes de trabalho associa-se a uma extensa gama de doenças do trato respiratório que acometem desde o nariz
até o espaço pleural. Entre os fatores que influenciam os efeitos da exposição a esses agentes estão as propriedades
químicas e físicas dos gases e aerossóis e as características próprias do indivíduo, como herança genética, doenças
preexistentes e hábitos de vida, como tabagismo.
O diagnóstico das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho baseia-se em:
- história clínica-ocupacional completa, explorando os sintomas respiratórios, sinais clínicos e exames
complementares, o estabelecimento da relação temporal adequada entre o evento e as exposições a
que foi submetido o trabalhador. Considerando a latência de certas patologias, como, por exemplo, as
neoplasias de pulmão e pleura, são importantes as informações sobre a história ocupacional do indivíduo
e de seus pais, como no caso da exposição pregressa ao asbesto trazido do local de trabalho nos
uniformes profissionais, contaminando o ambiente familiar. Também devem ser consideradas a
manipulação de resinas, epóxi, massas plásticas, solda, madeiras alergênicas em atividades de lazer,
hobbies ou trabalho extra por conta própria (bicos, biscates), que podem esclarecer certos achados
que não se explicam pela história ocupacional;
- informações epidemiológicas existentes e estudo do conhecimento disponível na literatura especializada;
- informações sobre o perfil profissiográfico do trabalhador e sobre as avaliações ambientais, fornecidas
pelo empregador ou colhidas em inspeção da empresa/local de trabalho;
- propedêutica complementar.
Os exames complementares mais utilizados são:
- radiografia do tórax;
- provas de função pulmonar (espirometria, volumes pulmonares, difusão de CO2);
- broncoscopia com lavado broncoalveolar;
- biópsia;
- testes cutâneos, gasometria arterial, hemograma, entre outros.

As pneumoconioses são freqüentemente assintomáticas nas fases iniciais, tornando a radiografia de tórax
periódica de suma importância para o diagnóstico e a intervenção precoces, com evidentes benefícios para o trabalhador.
O exame radiológico do tórax, no caso da suspeita de uma pneumoconiose, deve ser realizado e interpretado
segundo os padrões estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) na Classificação Internacional
das Radiografias de Pneumoconioses da OITg.A versão atual, de 1980, utiliza padrões radiológicos para as diversas
categorias de lesões, e sua correta utilização pressupõe que:
- as radiografias padrão mais próximas do caso em estudo devem ser cotejadas com as radiografias do
paciente;
- a radiografia deve ser avaliada em relação à sua qualidade e classificada em 1- bom, 2- aceitável, 3-
ruim ou 4 - inaceitável, devendo esta ser repetida;
- para a decisão, se as alterações são compatíveis com uma pneumoconiose, as opacidades observa-
das no exame devem ser classificadas de acordo com sua forma, tamanho, profusão e localização. As
alterações pleurais também devem ser classificadas.


Monday, September 28, 2015

Acrocianose e acroparestesia - Prevenção

Acrocianose e acroparestesia - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção da acrocianose e da acroparestesia relacionadas ao trabalho baseia-se nas medidas de
controle necessárias para evitar que o trabalhador se exponha aos fatores que desencadeiam as alterações
vasogênicas, que incluem:
- troca das ferramentas de trabalho ou modificação do desenho ergonômico, de modo a diminuir ou a
isolar a vibração;
- uso de luvas que protejam as mãos da vibração, bem como de cortes de lacerações e do frio;
- procedimentos relacionados à organização do trabalho, como a introdução de pausas, entre outros.
Recomenda-se a verificação da adequação e do cumprimento, pelo empregador, das medidas de controle
dos fatores de risco ocupacionais e de promoção da saúde identificadas no PPRA (NR 9) e no PCMSO (NR 7), além
de outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios.
O exame médico periódico visa à identificação de sinais e de sintomas, para a detecção precoce da
doença e inclui:
- exame clínico;
- exames laboratoriais de acordo com o fator de risco identificado. Em trabalhadores expostos ao
cloreto de vinila, por exemplo, os exames periódicos devem incluir as provas de função hepática, a
dosagem das transaminases séricas (TGO e TGP), da desidrogenase lática (DHL), da fosfatase
alcalina (FA) e da gama-glutamil-transferase (GGT), visando à detecção de angiossarcoma hepático
em estágios mais iniciais.
Os procedimentos para a vigilância da saúde de trabalhadores expostos ao cloreto de vinila estão descritos
no protocolo Angiossarcoma do fígado (7.6.2), no capítulo 7.
Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.


Sunday, September 27, 2015

Acrocianose e acroparestesia - Tratamento

Acrocianose e acroparestesia - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
A acrocianose primária é doença benigna que geralmente não exige tratamento. Recomendam-se medidas
de proteção para limitar a exposição ao frio. Nos casos secundários, a cessação da exposição ocupacional ao fator
de risco (vibração, cloreto de vinila e frio) é obrigatória para evitar a progressão da doença para formas mais graves.
Os casos graves, ou por consideração cosmética, podem requerer terapia medicamentosa, e os fármacos
utilizados para tratamento da síndrome de Raynaud
podem ser tentados (ver Síndrome de Raynaud).


Saturday, September 26, 2015

Acrocianose e acroparestesia - Quadro clínico e diagnóstico

Acrocianose e acroparestesia - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Os pacientes com acrocianose possuem coloração cianótica persistente nas mãos e, menos comumente,
nos pés. Em alguns casos, a cianose estende-se para porções proximais dos membros. O acometimento geralmente
é bilateral e simétrico.
A pele é fria e úmida e, geralmente, não há palidez. A coloração azulada intensifica-se com a exposição
ao frio e torna-se violácea ou avermelhada com a exposição ao calor. A parestesia de extremidades pode estar
presente, principalmente nos casos secundários. Geralmente, não existem outros sintomas associados.

Nos casos decorrentes à exposição ao cloreto de vinila, é comum a associação com a acroosteólise. O
diagnóstico geralmente é clínico e deve ser diferenciado da síndrome de Raynaud, da obstrução arterial e da
cianose sistêmica.
Na síndrome de Raynaud, as alterações de coloração da pele são episódicas, há palidez, o acometimento
é limitado aos dedos e a pele é seca. A acrocianose raramente produz alterações tróficas e ulcerações.
A cianose secundária à obstrução arterial é afastada pela presença de pulsos normais e de acometimento
bilateral e simétrico. A cianose sistêmica é afastada pela ausência de saturação arterial de O2
reduzida e pela melhora em um ambiente quente ou com elevação do membro acometido.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com as doenças associadas às crioaglutininemias, que apresentam
amplo espectro: doenças infecciosas, como a mononucleose infecciosa; neoplasias, como leucemias, linfomas; e
colagenoses.
Nos casos decorrentes da exposição ao cloreto de vinila, a radiografia pode mostrar acroosteólise associada.


Friday, September 25, 2015

Acrocianose e acroparestesia - Epidemiologia e Fatores de risco

Acrocianose e acroparestesia - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A acrocianose primária é uma patologia de causa desconhecida. O principal achado é uma vasoconstrição
arteriolar em que causa uma redução de fluxo, explicando a cianose, e a temperatura reduzida da pele, acompanhada
de dilatação venosa secundária. É mais comum em mulheres do que em homens, surgindo, geralmente, em adultos
jovens ou pessoas de meia idade. A alta incidência dessa afecção em pacientes com distúrbios psiquiátricos tem
significado desconhecido.
Como afecções secundárias, acrocianose e acroparestesia podem estar presentes com prevalência
aumentada em algumas profissões. A acrocianose e a acroparestesia secundárias podem ser observadas em
trabalhadores expostos a:
- pequenos traumatismos repetitivos;
- vibrações localizadas;
- cloreto de vinila;
- baixas temperaturas.
O mecanismo, nesses casos, é uma lesão vascular e/ou neural provocada por trauma, efeito tóxico direto ou
por congelação. A exposição ao cloreto de vinila em altas concentrações era comum até meados dos anos 60, nas
primeiras fábricas de policloreto de vinila (PVC), tendo sido registrados muitos casos de acrocianose nos trabalhadores.
Posteriormente, foram descritos os efeitos carcinogênicos dessa substância. Ver protocolo Angiosarcoma do fígado
(7.6.2), no capítulo 7.


Thursday, September 24, 2015

Acrocianose e acroparestesia - Definição da Doença

Acrocianose e acroparestesia - Definição da Doença

14.3.10 ACROCIANOSE E ACROPARESTESIA CID-10 I73.8

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
Acrocianose é uma afecção caracterizada por cianose persistente da pele das mãos e, menos comumente,
dos pés, associada a uma diminuição da temperatura da pele. Acroparestesia é a parestesia limitada às extremidades
do corpo e que pode acompanhar os casos de acrocianose secundária.


Wednesday, September 23, 2015

Síndrome de raynaud - Prevenção

Síndrome de raynaud - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A prevenção da doença de Raynaud pode ser feita pelo controle da exposição ocupacional aos fatores
de risco, particularmente da vibração, por meio de:
- desenho ergonômico das ferramentas de trabalho, diminuindo ou isolando a vibração;
- proteção dos trabalhadores, pelo uso de luvas que protejam as mãos da vibração, bem como de cortes,
de lacerações e do frio;
- mudanças na organização do trabalho com introdução de pausas.
Os procedimentos de vigilância da exposição ocupacional ao cloreto de vinila estão no item 5, do protocolo
Angiossarcoma do fígado, no capítulo 7.
Recomenda-se a verificação da adequação e do cumprimento, pelo empregador, das medidas de controle
dos fatores de risco ocupacionais e de promoção da saúde identificadas no PPRA (NR 9) e no PCMSO (NR 7), além de
outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios.

O exame médico periódico visa à identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença
incluindo:
- exame clínico;
- exames laboratoriais definidos a partir dos fatores de risco identificados.
Os procedimentos de vigilância em saúde de trabalhadores expostos ao cloreto de vinila estão no item 5,
do protocolo Angiossarcoma de fígado (7.6.2), no capítulo 7.
Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.




Tuesday, September 22, 2015

Síndrome de raynaud - Tratamento

Síndrome de raynaud - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
O tratamento da síndrome de Raynaud deve levar em consideração a freqüência e a gravidade dos
episódios e inclui:
- limitação da exposição ao frio;
- proscrição do cigarro devido ao seu efeito vasoconstritor;
- terapia medicamentosa com o objetivo de induzir o relaxamento da musculatura lisa vascular, aliviando
o espasmo, aumentando o fluxo sangüíneo e limitando a isquemia durante as crises. Os bloqueadores
dos canais de cálcio cumprem esse papel e são os medicamentos de escolha para a maioria dos
pacientes. A nifedipina é prescrita na dose de 10 a 20 mg, três a quatro vezes ao dia, e o diltiazen, na
dose de 60 mg, três a quatro vezes ao dia. O verapamil não se mostra eficaz. A reserpina é outra droga
utilizada e deve ser prescrita, por via oral, na dose de 0,1 a 0,5 mg por dia. Nos casos em que houver
aparecimento de ulcerações, a reserpina está indicada por via intra-arterial, na dose 0,5 a 1,0 mg,
diluída em soro fisiológico, administrada na artéria braquial ou radial, lentamente. A prostaglandina E1
(PGE1) ou a prostaciclina (PGI2), administradas por via endovenosa, possuem também efeito benéfico
que pode perdurar por várias semanas. São administradas na dose de 6 a 10 mg/kg/min durante horas
ou até três dias.
A PGE2 tópica e a pomada de nitroglicerina também possuem algum efeito benéfico;
- indução iatrogênica de hipertireoidismo, por meio do uso da tri-iodotironina (75 µg ao dia), provoca um
estado de hipermetabolismo que resulta em uma vasodilatação cutânea reflexa termo-regulatória,
trazendo benefícios aos pacientes com síndrome de Raynaud, principalmente quando associada à
reserpina;
- simpatectomia pré-ganglionar pode ter um resultado benéfico imediato, mas os resultados a longo
prazo são desapontadores.


Monday, September 21, 2015

Síndrome de raynaud - Quadro clínico e diagnóstico

Síndrome de raynaud - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Em um episódio típico, a síndrome de Raynaud acomete todos os dedos, geralmente das mãos, e a
palidez é bem limitada ao nível das articulações metacarpofalangeanas (um reflexo de espasmo das artérias digitais).
Num estágio mais tardio, durante a crise, a palidez é substituída por cianose. O paciente pode ter sensações de frio,
dormência e, ocasionalmente, dor. Com o reaquecimento, a cianose é substituída por vermelhidão intensa (hiperemia
reativa) e o paciente pode sentir formigamento e latejamento.
Em geral, apenas as mãos são afetadas, algumas vezes os pés e, mais raramente, nariz, bochechas,
orelhas e queixo. Nos episódios atípicos, o comprometimento dos dedos pode ser assimétrico, com apenas um ou dois
dedos afetados. Em casos graves e progressivos, podem ocorrer alterações tróficas e ulcerações após alguns anos.
Nos casos decorrentes à exposição ao cloreto de vinila, é comum a associação com a acroosteólise.
O diagnóstico baseia-se no relato das crises, precipitadas por frio e aliviadas com o aquecimento. Quando a
descrição não é clara, pode-se tentar a provocação da crise mergulhando as mãos
em água com temperatura entre 10ºC e 15ºC.
A exposição de todo o corpo é ainda mais sensível. Entretanto, um resultado negativo não exclui essa patologia.
A diferenciação entre doença de Raynaud e fenômeno de Raynaud secundário baseia-se na exclusão de
afecções que sabidamente causam o fenômeno secundário. Uma história ocupacional cuidadosa é necessária para
excluir o fenômeno de Raynaud secundário a pequenos traumatismos repetitivos ou exposição a substâncias como o
cloreto de vinila. A ingestão de medicamentos também deve ser questionada.
A aglutinação ou coagulação intravascular deve ser suspeitada se, na fase de cianose, o sangue não puder ser
expelido dos vasos por pressão e quando houver áreas isoladas de vermelhidão à medida que o episódio regride durante
o aquecimento. A confirmação pode ser feita pela detecção de crioaglutininas ou crioglobulinas no sangue do paciente.
Nos casos decorrentes à exposição ao cloreto de vinila, a radiografia pode mostrar acroosteólise associada.


Sunday, September 20, 2015

Síndrome de raynaud - Epidemiologia e Fatores de risco

Síndrome de raynaud - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
A doença de Raynaud é responsável por 60% das ocorrências em pacientes com este distúrbio, podendo
surgir em qualquer idade, porém é mais comum que se manifeste, clinicamente, entre os 20 e os 40 anos. É mais
comum em mulheres do que em homens. A prevalência, assim como o prognóstico do fenômeno de Raynaud (secundário
a outras doenças ou causas), está ligada à evolução da afecção primária.
Não há mortalidade associada à doença de Raynaud

e a morbidade é baixa. Nos casos graves, pode ocorrer
perda de porções dos dedos em conseqüência de ulcerações e necessidade de amputação (1%). Em 50% dos casos,
a doença de Raynaud melhora e pode desaparecer com o passar dos anos.
A causa mais comum da síndrome de Raynaud

é a doença de Raynaud. A exposição ocupacional a vibrações
localizadas, pelo manuseio de moto-serras, marteletes pneumáticos e de outras ferramentas manuais, ao cloreto de
vinila, na fabricação de PVC, e ao frio, principalmente em regiões frias e no trabalho com água gelada, caracterizam a
natureza ocupacional da síndrome de Raynaud.


Saturday, September 19, 2015

Síndrome de raynaud - Definição da Doença

Síndrome de raynaud - Definição da Doença

14.3.9 SÍNDROME DE RAYNAUD CID-10 I73.0

1 DEFINIÇÃO DA DOENÇA – DESCRIÇÃO
A síndrome de Raynaud caracteriza-se por crises de palidez e cianose dos dedos,
em resposta ao frio ou à emoção e que, à medida que a crise regride, as alterações
da coloração são substituídas por eritema.
Quando o distúrbio é primário, é denominado doença de Raynaud e, quando é secundário
a uma outra doença ou causa, é denominado fenômeno de Raynaud.


Friday, September 18, 2015

Aterosclerose - Prevenção

Aterosclerose - Prevenção

5 PREVENÇÃO
A importância da prevenção da aterosclerose decorre da gravidade das lesões e das limitações e
intercorrências que a acompanham. Baseia-se na vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou
danos para a saúde, como descrito na introdução deste capítulo.

O controle da exposição ao sulfeto de carbono pode, efetivamente, contribuir para a redução da incidência
de aterosclerose e da doença aterosclerótica em grupos ocupacionais de risco. As medidas de controle ambiental
devem visar à manutenção dos níveis de concentração próximos de zero, por meio de:
- enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho;
- uso de sistemas hermeticamente fechados, na indústria;
- normas de higiene e segurança no trabalho rigorosas, com implementação de sistemas de ventilação
exaustora adequados e eficientes;
- monitoramento ambiental sistemático;
- organização do trabalho que permita diminuir o número de trabalhadores expostos e o tempo de
exposição;
- medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene pessoal; recursos para
banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de vestuário;
- fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, em bom estado
de conservação, nos casos indicados, de modo complementar às medidas de proteção coletiva.
Para a diminuição e controle dos fatores de risco decorrentes da organização do trabalho que contribuem
para o aparecimento do estresse, devem ser adotadas estratégias que assegurem maior controle do trabalhador
sobre o processo de trabalho, diminuindo as pressões e demandas por maior produtividade, pela intensificação do
trabalho e competitividade exacerbada.
Recomenda-se a verificação da adequação e do cumprimento, pelo empregador, das medidas de controle
dos fatores de risco ocupacionais e de promoção da saúde identificadas no PPRA (NR 9) e no PCMSO (NR 7), além de
outros regulamentos – sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios.

O exame médico periódico visa à identificação das manifestações precoces da doença e à reversão dos
fatores de risco ligados ao indivíduo, que são modificáveis ou controláveis, como, por exemplo, hipertensão arterial,
hipercolesterolemia (lipoproteínas de baixa densidade), tabagismo, intolerância à glicose, obesidade, sedentarismo,
uso de contraceptivos orais ou reposição hormonal, de modo a evitar a potencialização de riscos não-modificáveis,
com o envelhecimento, sexo, fatores genéticos, entre outros. A abordagem adequada de todos esses fatores reduz
substancialmente o surgimento e a evolução da aterosclerose.
Suspeita ou confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se:
- informar ao trabalhador;
- examinar os expostos, visando a identificar outros casos;
- notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do
trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria;
- providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social,
conforme descrito no capítulo 5;
- orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou
controle dos fatores de risco.


Thursday, September 17, 2015

Aterosclerose - Tratamento

Aterosclerose - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
O tratamento possui especificidades de acordo com a localização da lesão e o estado clínico do paciente
(agudo ou crônico). Sugere-se estabelecer o diagnóstico e consultar o tópico específico para definição do tratamento
adequado.


Wednesday, September 16, 2015

Aterosclerose - Quadro clínico e diagnóstico

Aterosclerose - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
O quadro clínico depende da artéria ou artérias obstruídas. O paciente pode apresentar angina estável,
angina instável, infarto agudo do miocárdio, isquemia cerebral transitória, acidente vascular cerebral isquêmico,
claudicação intermitente, gangrena de extremidades e/ou infarto mesentérico.
O diagnóstico de certeza é feito pelo estudo angiográfico. Indiretamente pode ser feito pela utilização de
outros métodos propedêuticos como o ECG, o estudo seriado de enzimas (CK-MB), o teste ergométrico e a cintilografia
miocárdica, nos quadros de síndrome coronária isquêmica aguda e crônica. A tomografia e a ressonância magnética
cerebral auxiliam nos quadros de síndrome vascular isquêmica cerebral. A laparotomia exploradora define a isquemia
mesentérica.


Tuesday, September 15, 2015

Aterosclerose - Epidemiologia e Fatores de risco

Aterosclerose - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Considera-se que a aterosclerose e a doença aterosclerótica do coração são causadas por um processo
de natureza multifatorial, sem fator individual necessário ou suficiente para causar a doença. Dentre esses fatores de
risco, incluem-se: diabetes mellitus e baixo colesterol HDL, com maior importância no sexo feminino; tabagismo,
particularmente influente no sexo masculino (não-cumulativo e com perda de seu efeito adverso pouco após a interrupção
do hábito); obesidade ou ganho de peso, que promove ou agrava todos os fatores de risco aterogênicos; e sedentarismo,
pois predispõe a eventos coronarianos em todas as idades.
O aumento da pressão arterial e a hipertensão sistólica isolada são relevantes fatores de risco em todas as
idades e em ambos os sexos. Além disso, os fatores genéticos, os níveis elevados de colesterol LDL, hipertrigliceridemia
e uso de contraceptivos orais são importantes fatores de risco.
Estudos epidemiológicos demonstram risco relativo de morte por doença coronariana – aterosclerose – até
5,6 vezes maior em trabalhadores expostos ao sulfeto de carbono, quando comparados com populações não-expostas.
A redução da exposição ao sulfeto de carbono também reduz o risco.