Tuesday, September 29, 2015

Doenças do sistema respiratório relacionadas ao trabalho

Doenças do sistema respiratório relacionadas ao trabalho
Capítulo 15
DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO RELACIONADAS AO TRABALHO
(Grupo X da CID-10)

15.1 INTRODUÇÃO
O sistema respiratório constitui uma interface importante do organismo humano com o meio ambiente,
particularmente com o ar e seus constituintes, gases e aerossóis, sob a forma líquida ou sólida. A poluição do ar nos
ambientes de trabalho associa-se a uma extensa gama de doenças do trato respiratório que acometem desde o nariz
até o espaço pleural. Entre os fatores que influenciam os efeitos da exposição a esses agentes estão as propriedades
químicas e físicas dos gases e aerossóis e as características próprias do indivíduo, como herança genética, doenças
preexistentes e hábitos de vida, como tabagismo.
O diagnóstico das doenças respiratórias relacionadas ao trabalho baseia-se em:
- história clínica-ocupacional completa, explorando os sintomas respiratórios, sinais clínicos e exames
complementares, o estabelecimento da relação temporal adequada entre o evento e as exposições a
que foi submetido o trabalhador. Considerando a latência de certas patologias, como, por exemplo, as
neoplasias de pulmão e pleura, são importantes as informações sobre a história ocupacional do indivíduo
e de seus pais, como no caso da exposição pregressa ao asbesto trazido do local de trabalho nos
uniformes profissionais, contaminando o ambiente familiar. Também devem ser consideradas a
manipulação de resinas, epóxi, massas plásticas, solda, madeiras alergênicas em atividades de lazer,
hobbies ou trabalho extra por conta própria (bicos, biscates), que podem esclarecer certos achados
que não se explicam pela história ocupacional;
- informações epidemiológicas existentes e estudo do conhecimento disponível na literatura especializada;
- informações sobre o perfil profissiográfico do trabalhador e sobre as avaliações ambientais, fornecidas
pelo empregador ou colhidas em inspeção da empresa/local de trabalho;
- propedêutica complementar.
Os exames complementares mais utilizados são:
- radiografia do tórax;
- provas de função pulmonar (espirometria, volumes pulmonares, difusão de CO2);
- broncoscopia com lavado broncoalveolar;
- biópsia;
- testes cutâneos, gasometria arterial, hemograma, entre outros.

As pneumoconioses são freqüentemente assintomáticas nas fases iniciais, tornando a radiografia de tórax
periódica de suma importância para o diagnóstico e a intervenção precoces, com evidentes benefícios para o trabalhador.
O exame radiológico do tórax, no caso da suspeita de uma pneumoconiose, deve ser realizado e interpretado
segundo os padrões estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) na Classificação Internacional
das Radiografias de Pneumoconioses da OITg.A versão atual, de 1980, utiliza padrões radiológicos para as diversas
categorias de lesões, e sua correta utilização pressupõe que:
- as radiografias padrão mais próximas do caso em estudo devem ser cotejadas com as radiografias do
paciente;
- a radiografia deve ser avaliada em relação à sua qualidade e classificada em 1- bom, 2- aceitável, 3-
ruim ou 4 - inaceitável, devendo esta ser repetida;
- para a decisão, se as alterações são compatíveis com uma pneumoconiose, as opacidades observa-
das no exame devem ser classificadas de acordo com sua forma, tamanho, profusão e localização. As
alterações pleurais também devem ser classificadas.



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