Sunday, October 11, 2015

Laringotraqueíte aguda - Epidemiologia e Fatores de risco

Laringotraqueíte aguda - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
Na relação com o trabalho, devem ser considerados os quadros de dor de garganta muito intensa, angina
aguda ou faringite aguda em trabalhadores expostos a gases e vapores cáusticos ou irritantes, entre eles os halogenados,
como flúor, cloro, bromo e iodo, ácidos, como clorídrico (ou muriático), bromídrico, fluorídrico. Altas concentrações de
gases, como óxidos de enxofre (SO2
e SO3) e amônia (NH3), também são agressivos à faringe e às mucosas em geral.
Dependendo da solubilidade dos gases ou vapores tóxicos e do tempo de exposição, efeitos similares
poderão ocorrer em outras regiões úmidas, conjuntiva ocular, mucosa nasal, laringe, traquéia, acompanhados dos
sintomas correspondentes. Esse efeito é típico da exposição a doses relativamente elevadas desses agentes, em
decorrência de acidentes com vazamento de grandes quantidades da substância.
O cloro é utilizado em tratamento de água potável, branqueamento de tecidos e papel. O ácido fluorídrico
pode ser usado para fosquear vidro e aparece como subproduto na fabricação de fertilizantes a base de fósforo
(fosfatos e superfosfatos). O bromo tem sido utilizado como gás lacrimogêneo, podendo produzir lesões graves na
árvore respiratória, principalmente em ambientes confinados. Vazamentos de amônia são ocorrências relativamente
freqüentes em refrigeradores industriais grandes, como os usados em frigoríficos, laticínios, fábricas de sucos, sorvetes,
entre outras. Essa substância é ainda usada na fabricação de fertilizantes e assim essas fábricas também estão
sujeitas a vazamentos.
Os óxidos de enxofre podem ser provenientes da queima de combustíveis fósseis, especialmente de óleo
combustível e diesel (carvão mineral é pouco usado no Brasil) e assim os ambientes onde eles são usados podem ser
fontes desses gases. Como exemplo, pode-se citar caldeiras (inclusive hospitalares), geradores, fornos industriais.
Nas fábricas de ácido sulfúrico, o SO3 é usado em forma quase pura.

A concentração ambiental e o tempo de exposição determinam a intensidade dos sintomas e o agente
pode ser facilmente identificado pelo trabalhador, tendo em vista a sua franca agressividade, exceto quando provêm de
subprodutos, como no caso da queima de combustíveis.
Há ainda outros agentes, na forma de névoas (gotículas formadas por agitação mecânica de um líquido)
ácidas ou básicas. Névoas de ácido sulfúrico provenientes da carga elétrica de baterias de veículos ou ainda névoas de
ácido crômico originadas em banhos de cromagem são exemplos em que o líquido submetido a processo eletroquímico
forma gases em seu interior e estes, ao borbulhar, geram as gotículas no ar, que por carregarem os ácidos em solução
são muito agressivas às mucosas.
Alguns metais em forma de íons são agressivos, como o tetróxido de ósmio (OsO4), conhecido também
como ácido ósmico, utilizado como catalisador, oxidante e, em histologia e anatomia patológica, como fixador e corante.
Fumos metálicos provenientes de fusão de metais, especialmente os de cádmio, manganês e zinco são irritantes para
as vias áreas superiores.
A ocorrência desses quadros agudos em trabalhadores expostos caracteriza tanto a possibilidade de acidente
do trabalho quanto a de doença relacionada ao trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling, ou seja, doenças em
que o trabalho constitui causa necessária. O mesmo critério se aplica às laringotraqueítes crônicas relacionadas ao
trabalho.



No comments:

Post a Comment