Sunday, October 18, 2015

Rinite alérgica - Quadro clínico e diagnóstico

Rinite alérgica - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Do ponto de vista clínico, as principais rinites são a rinite alérgica, a rinite vasomotora, a rinite atrófica, a
rinite eosinofílica não-alérgica (NARES), a rinite medicamentosa e a rinite metabólica.
A rinite alérgica pertence ao grupo de respostas típicas da interface entre o ser humano e seu ambiente,
sendo difícil uma distinção entre o que é uma reação normal e o que é uma reação patológica. Uma diferença poderia
estar relacionada à freqüência, gravidade e duração dos sintomas.

A rinite alérgica pode ser classificada em rinite alérgica perene, que ocorre geralmente nas concentrações
urbanas e é relacionada a alérgenos ambientais, caseiros ou de natureza ocupacional, e em rinite alérgica sazonal,
que ocorre principalmente na área rural, relacionada, geralmente, à presença do pólen.
O quadro clínico caracteriza-se por:
- paroxismos de espirros;
- congestão nasal com obstrução total ou parcial do fluxo de ar, principalmente à noite quando o
paciente se deita;
- secreção nasal serosa ou mucosa, mais ou menos constante, com drenagem pós-nasal;
- nos períodos críticos ocorre lacrimejamento, irritação ocular, sensação de ardor e/ou prurido no nariz e
garganta, cefaléia e indisposição física;
- podem ser observadas pregas nas pálpebras inferiores, causadas pelo edema e pela fricção, hiperemia
das conjuntivas e lacrimejamento. A respiração pela boca é comum.
Ao exame, a mucosa nasal se encontra pálida ou arroxeada, geralmente úmida, com secreção que varia de fina
e serosa a espessa. Pode haver formação de pólipos, decorrentes de alterações degenerativas da própria mucosa nasal.
O diagnóstico da rinite alérgica relacionada ao trabalho baseia-se, em primeiro lugar, na caracterização de
rinite alérgica e, em segundo, na sua etiologia ocupacional. A história ocupacional deve incluir exposição a alérgenos
ocupacionais, como cromo, níquel, poeiras de algodão, linho, cânhamo ou sisal, entre outros. O médico deve ter
acesso aos nomes dos produtos utilizados no trabalho e às fichas toxicológicas completas. Deve ser pedido ao paciente/
trabalhador para fazer uma lista com todas as substâncias utilizadas e trazer os rótulos dos produtos. Deve ser exigido
ao fabricante ou fornecedor a ficha toxicológica do produto suspeito.

A periodicidade dos sintomas e a identificação dos elementos desencadeantes ou precipitantes são
importantes para caracterizar a etiologia ocupacional da rinite alérgica. Pede-se ao trabalhador para anotar, durante a
semana, o dia e a hora de suas crises, a manifestação clínica predominante e, ainda, o lugar, a atividade e o produto
desencadeante.
A contagem de eosinófilos no sangue periférico e a dosagem do nível sérico de IgE mostram-se elevadas
em 30 a 40% dos pacientes, mas não são parâmetros específicos para fins diagnósticos. O esfregaço nasal, a citologia
e a histologia podem levar à diferenciação entre rinites infecciosas (com predominância de neutrófilos) e as alérgicas
(com predominância de eosinófilos).
A radiografia simples dos seios nasais pode mostrar opacificação grosseira e espessamento da mucosa
dos seios maxilares, frontais e esfenoidais. Os falsos positivos e negativos são encontrados com freqüência.
Os testes cutâneos e de provocação intranasal devem ser feitos por alergistas. Podem confirmar a doença
e ajudar a identificar os alérgenos específicos, mas têm baixa especificidade. Os primeiros são baratos, pouco invasivos,
rápidos e considerados obrigatórios para o diagnóstico dos fatores alérgicos associados à rinite, porém carecem de
uma utilização mais acessível nos serviços públicos do sistema de saúde. A história clínica sem os testes pode ser
questionada e os testes positivos sem história clínica indicam sensibilização, não necessariamente doença.

No diagnóstico diferencial, devem ser consideradas as anormalidades estruturais da área nasal, como
pólipos, desvio do septo nasal e corpos estranhos. A rinite infecciosa pode ser diferenciada pela história clínica e pelo
aspecto da secreção (purulenta). A rinite medicamentosa é suspeitada quando a suspensão dos medicamentos melhora
o quadro clínico. Os principais agentes são vasoconstritores nasais tópicos (por efeito rebote), agentes hormonais
ovarianos (contraceptivos), reserpina, guanetidina, prazosin, clorpromazina, metil dopa, inibidores de ECA, aspirina,
Antiinflamatório não-esteróide (AINE), β-bloqueadores oftálmicos de uso tópico, hidralazina e drogas, como cocaína. A
rinite vasomotora pode ser desencadeada por irritantes (fumaça de cigarro, poeira), alteração de temperatura e umidade,
exercício físico e odores fortes.
Sintomas nasais podem acompanhar distúrbios metabólicos, como hipotireoidismo e estados emocionais,
sem relação confirmada. Durante a gravidez e o período pré-menstrual pode ocorrer rinite hormonal.



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