Friday, March 14, 2014

Compressão do nervo supra-escapular - Tratamento

Compressão do nervo supra-escapular - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
O estabelecimento de um plano terapêutico para o portador de LER/DORT obedece a alguns pressupostos,
dentre os quais se destacam a importância do diagnóstico precoce e preciso e a conveniência do afastamento dos
trabalhadores sintomáticos de situações de exposição, mesmo aquelas consideradas "leves". As orientações básicas
para a condução de casos incluídos no grupo LER/DORT estão detalhadas na introdução do capítulo 18 – Doenças do
sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (18.3) relacionadas ao trabalho.

Nos casos iniciais em que há identificação de sede anatômica precisa das lesões e diagnóstico de entidades
nosológicas específicas, o esquema terapêutico básico inclui uma das seguintes alternativas:
- uso de antiinflamatórios, gelo local, com afastamento das atividades laborais e extralaborais que exijam
movimentação e posturas dos membros superiores que os sobrecarreguem;
- medidas de fisioterapia e afastamento das atividades laborais e extralaborais que exijam movimentação
e posturas dos membros superiores que os sobrecarreguem;
- acupuntura ou medicação homeopática, gelo local, com afastamento das atividades laborais e
extralaborais que exijam movimentação e posturas dos membros superiores que os sobrecarreguem.



Em situações especiais, pode ser prescrita a associação de algumas dessas medidas.
Vencida a fase aguda, a literatura especializada tem recomendado a introdução ou incentivo de programas
de atividades físicas, como, por exemplo, exercícios de alongamentos localizados e de grandes segmentos do corpo,
fortalecimento muscular localizado e atividade aeróbica, hidroginástica, entre outras. O desenvolvimento do programa
deve respeitar tanto o estágio clínico da doença quanto a capacidade física do paciente, introduzindo as práticas de
modo gradativo, reservando-se as atividades de fortalecimento muscular para o último estágio.
Na fase crônica, os pacientes costumam apresentar mais de uma patologia específica e a combinação dos
sintomas deve ser considerada para o sucesso terapêutico. Pacientes com inflamações teciduais podem apresentar
também alterações sensitivas originadas de uma compressão do nervo periférico. Por exemplo: uma cozinheira de
restaurante universitário apresentava tendinite bicipital à direita e síndrome do túnel do carpo à esquerda. A análise do
trabalho colocou em evidência os fatores de risco que explicavam ambos os quadros. Além dos sintomas que
acompanham as duas patologias, a paciente apresentava dor difusa em ambos os membros. Assim, tratar cada uma
das patologias sob o esquema clássico parece não ajudar, pois é normal o paciente solicitar outros grupos musculares
para evitar a exacerbação do quadro doloroso no sítio específico, acarretando uma sobrecarga localizada.

O plano de tratamento deve contemplar:
- esclarecimento ao paciente sobre a duração geralmente longa do tratamento;
- orientação ao paciente da postura para dormir, nas atividades domésticas e outras, estudadas no
sentido de poupar alguns movimentos e favorecer outros;
- uso de gelo ou calor, dependendo do caso, 3 vezes ao dia, durante 20 minutos, considerando que
alguns pacientes não suportam essa técnica;
- atenção para pequenas melhoras, obtidas pouco a pouco, que nem sempre são reconhecidas pelo
paciente. (Valorização desses pequenos avanços pode ajudar o paciente a suportar os sintomas que
ainda permanecem);
- atenção para o fato de que é melhor considerar a unidade do membro superior e estabelecer condutas
para aliviar dor e paresia, reduzir o edema, manter ou aumentar a força muscular dos membros superiores
(mmss), reeducar a função sensorial, aumentar a resistência à fadiga, melhorar a funcionalidade dos
mmss e proteger a função articular, do que implementar tratamentos muito específicos;
- eficácia do uso do antiinflamatório, acompanhado ou não de relaxante muscular, e a necessidade de
introduzir outros medicamentos, como, por exemplo, antidepressivos tricíclicos em doses baixas;
- recursos de eletrotermoterapia, com programação individualizada, avaliando sempre sua eficácia, bem
como atividades de relaxamento muscular com massageador elétrico, hidromassagem, massagem
manual e outras técnicas de terapia corporal;
- na presença de edema, massagem retrógrada para reduzi-lo;
- exercícios passivos, ativo-assistidos, com resistências; exercícios isométricos, com estimulação tátil
com diferentes texturas; exercício de pinça;
- atividades de terapia ocupacional visando a propiciar a recuperação da capacidade de desenvolver
atividades da vida diária gradativamente;
- em alguns casos, o uso do splint para reduzir a dor, manter a integridade articular e melhorar a função.

O uso do splint deverá ser criterioso, por tempo limitado e acompanhado pelo terapeuta. O paciente
deve ser orientado quanto aos períodos de repouso;
- avaliação de desequilíbrios psíquicos existentes, procurando identificar formas precoces de seu
aparecimento e encaminhamento.

A formação de grupos terapêuticos, incluindo atividades de informação, vivências, com cunho informativo,
pedagógico e psicoterapêutico, parece contribuir para o suporte do paciente e a melhora do quadro.
Segundo Louis (1992), a abordagem cirúrgica não resolve os sintomas apresentados por portadores da
síndrome do túnel do carpo relacionada ao trabalho.



Fonte: Doenças do Trabalho

No comments:

Post a Comment