Sunday, February 14, 2016

Doença tóxica do fígado - Quadro clínico e diagnóstico

Doença tóxica do fígado - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
As hepatites tóxicas apresentam manifestações clínicas comuns. Surgem após período de latência que
pode variar de 1 a 2 dias (tetracloroetileno) até vários meses (trinitrotolueno). Esse período relaciona-se com a progressiva
alteração da circulação interlobular decorrente dos fenômenos tóxicos degenerativos. Depende da sensibilidade individual
e dos efeitos cumulativos do tóxico. Não são raros os comprometimentos renal, gastrintestinal, cutâneo, hematológico
e reumatológico, acompanhados por síndrome febril. A icterícia, que surge após o período de latência, progride
acompanhada de hepatomegalia. São freqüentes náuseas e vômitos. Associa-se com colúria e acolia fecal. Alcançado
o período de estado, a evolução, em geral, é semelhante ao que ocorre com as hepatites ictéricas de outras causas.
Pode ocorrer necrose hepática intensa com alterações maciças e com a morte sobrevindo em poucos dias, por
insuficiência hepática. A recuperação total é a regra quando a hepatotoxicidade é moderada. As transaminases e a
fosfatase alcalina estão geralmente pouco elevadas.

A ingestão de Amanita muscaria e/ou Amanita phalloides pode associar-se com alterações abdominais
muito graves. Após intervalo quase assintomático, que dura de 2 a 3 dias, aparecem obnubilação, insuficiência miocárdica
e icterícia. Em 50% dos pacientes, a morte ocorre por atrofia hepática com oligoanúria. A hepatomegalia dolorosa é
perceptível desde o primeiro dia da doença. As bilirrubinas e as transaminases glutâmico-pirúvicas tornam-se muito
elevadas e surge hemoglobinúria.
Na intoxicação por arsênio, pode ocorrer lesão hepatotóxica, com aparecimento de febre, exantema cutâneo,
artralgias, eosinofilia e, em algumas ocasiões, hepatites, púrpuras e lesões renais.
Dentre os anestésicos, o clorofórmio é o de mais elevado efeito hepatotóxico. Provoca náuseas e vômitos
entre 24 a 72 horas após seu uso. Nos casos graves, a morte ocorre antes do aparecimento da icterícia. Nos casos em
que a evolução é menos grave, a recuperação é completa. O halotano é capaz de lesar o fígado humano em 1/10.000
exposições. Provoca hepatite, geralmente em 7 dias (24 horas a 12 dias após sua inalação). Nas exposições repetidas,
o intervalo de instalação das alterações hepáticas encurta. Determina febre alta com calafrios, alterações cutâneas,
artralgias, dores abdominais, náuseas, vômitos, e de dois a três dias após surge icterícia que rapidamente se faz
intensa. Nos casos mais graves, desenvolvem-se sonolência, coma e morte (50% dos casos).
Outros compostos orgânicos que se associam à hepatite tóxica são o ácido tânico e a piridina.


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