Monday, February 1, 2016

Intoxicação Alimentar - Tratamento

Intoxicação Alimentar - Tratamento

4 TRATAMENTO E OUTRAS CONDUTAS
Dependendo da gravidade do caso, o paciente deve ser internado para melhor controle e cuidado.
A dor é intensa e deve ser aliviada com medicação adequada, podendo ser necessário o uso de opiáceos.
As funções vitais devem ser monitorizadas.
Podem ser utilizados bloqueadores H2 ou de prótons.
No tratamento é fundamental a supressão do agente causal.
Nas intoxicações subagudas e crônicas, isso é suficiente.
Nos casos mais graves, como ocorre nas agudas, é necessário eliminar o tóxico do tubo digestivo ainda
não absorvido.
Para isso, devem ser utilizados lavados gástricos mesmo em concomitância com vômitos.
A diarréia é mecanismo de defesa no sentido de liberar o tóxico e não deve ser combatida.
É necessário manter o equilíbrio hemodinâmico com administração hidroeletrolítica adequada,
por intermédio de soro fisiológico, plasma e até, se necessário, de corticosteróides.
O tônus cardiovascular será mantido com substâncias vasomotoras.
Podem ser administrados, pela via gástrica, quelantes que atuam topicamente sobre a mucosa lacerada do tubo digestivo.
O tratamento será ainda dirigido para as potenciais complicações que podem se apresentar em cada intoxicação específica.

O BAL (British Anti Lewisite) pode ser usado nos casos de intoxicação por mercúrio, arsênio, antimoniais e
ouro. É administrado em soluções oleosas a 10%, via intramuscular, em doses de 2 a 3 ml, repetindo-se a injeção a
cada 4 horas até um total de 4 a 6 injeções. Ação semelhante possui o ácido etileno diamino-tetraacético (EDTA),
utilizado com eficácia na intoxicação pelo chumbo. Sua afinidade para o cálcio poderá contribuir para a hipocalcemia.
Apesar de ativo pela via oral, prefere-se administrá-lo via venosa lenta, 0,5 g em 200 ml de soro fisiológico ou glicosado
isotônico. Deve ser repetido em infusões a cada 8 horas. O tiomalato de sódio é menos tóxico do que o BAL e eficaz
nas intoxicações por metais pesados. Sua ação antídota se une à grande diurese, útil em muitas intoxicações. É
administrado intramuscular, 1g (de tiomalato de sódio) em solução aquosa a 50%, que já contém anestésico, a cada 3
horas no primeiro dia de tratamento. Nos dias seguintes vão se espaçando as injeções.
Nas intoxicações pela Amanita, o tratamento consiste, além do lavado gástrico, no uso de laxante, carbono
medicinal e penicilina, além da correção de desidratação, hipopotassemia e avitaminose K. No caso da amanita muscaria,
se há excitação parassimpática vagal, deve-se injetar 1 mg de atropina intramuscular a cada 2 ou 3 horas, até ser
revertida. Nos casos de paralisia vagal, como na intoxicação atropínica (midríase, taquicardia), trata-se com vômitos
provocados, prostigmina e clorpromazina. Na intoxicação por Amanita phalloides podem ser necessários métodos
dialíticos. Na intoxicação aguda pelo ferro, inicia-se o lavado gástrico com desferrioxamina, via sonda nasogástrica,
2g dissolvidos em 30 ml de água morna.
Associa-se esta medida à administração intramuscular de 2.000 mg do mesmo
antídoto, durante 3 dias ou em gota a gota, venosa, em solução de glicose a 5%. Essas medidas são adjuvadas pelo
repouso no leito e suspensão da ingestão alimentar enquanto perdurar o estado nauseoso. Aliviado o mal-estar, inicia-
se a restituição alimentar com alimentos brandos durante poucas horas ou dias, à base de sopas, papas, leite, sucos
de frutas diluídos, alimentos sólidos e secos.
O cuidado na gastrite corrosiva é evitar a formação de fibrose. O paciente deve ser sedado, receber soluções
venosas de manutenção hidroeletrolítica e lavagem gástrica cuidadosa com soluções isotônicas. O uso de ácidos leves
nos casos de intoxicação alcalina (suco de limão, vinagre a 50%, solução de ácido acético ou cítrico a 5 ou 10%, em
volume de 300 ml para crianças e 500 a 1000 ml para adultos), ou o oposto na intoxicação ácida (alcalinos, hidróxido
de alumínio, leite ou clara de ovo), pode ser útil. A seguir, permite-se a ingestão de leite em quantidade que o paciente
tolerar, possibilitando progressivamente a alimentação com substâncias mais brandas e sólidas. Nos casos em que a
fibrose provocou estenose com retenção gástrica significativa, pode ser necessária a realização de gastroenterostomia.
A gastrite erosiva deve ser tratada sintomaticamente.



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