Thursday, May 19, 2016

Considerações acerca do plano terapêutico

Considerações acerca do plano terapêutico

3 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PLANO TERAPÊUTICO
A decisão, quanto ao tratamento, é sempre paciente-orientada, devendo considerar aspectos ou caracte-
rísticas do trabalhador, da tarefa, da empresa, do ramo de atividade, do sistema assistencial disponível, das interven-
ções de reabilitação, da prática sindical, da legislação e da política social que podem influenciar no tratamento e no
retorno ao trabalho.
A avaliação deve buscar a compreensão integral da situação do paciente, procurando:
- estimar a deficiência (impairment) ou o déficit funcional atual;
- avaliar o quanto ele mudou em decorrência do quadro apresentado;
- identificar o tratamento em curso;
- avaliar como é afetada a capacidade laboral do paciente;
- avaliar as expectativas do paciente quanto ao tratamento e ao futuro profissional.

O estabelecimento de um plano terapêutico para o portador de LER/DORT obedece a alguns pressupos-
tos, dentre os quais se destacam a importância do diagnóstico precoce e preciso e a conveniência do afastamento dos
trabalhadores sintomáticos das situações da exposição, mesmo aquelas consideradas leves.
Para a maioria dos autores, em empresas ou locais de trabalho que dispõem de SESMT ou apenas de
PCMSO com oferta de assistência de saúde, isso significa remanejar o trabalhador para atividades leves, sem nenhu-
ma sobrecarga biomecânica, mantendo-o sob seguimento médico ao mesmo tempo em que são adotadas providênci-
as visando à correção dos fatores associados ao desenvolvimento da patologia.

Nesse aspecto, uma intervenção multi ou interdisciplinar é fundamental para a gestão de programas de
prevenção de LER/DORT. O retorno seguro e o mais precoce possível ao trabalho exige a identificação dos problemas
surgidos e a existência de condições favoráveis de negociação entre a equipe de saúde e os setores da empresa
envolvidos, para garantir condições adequadas para os trabalhadores doentes. Embora não se disponham de receita,
com soluções prévias para todas as dificuldades possíveis na gestão dessas situações ao longo desse texto, são
apontados exemplos que podem ser considerados para que se obtenha o sucesso desejado.
A equipe de saúde deve avaliar cada caso atendido e definir a conduta e/ou plano terapêutico individual
correspondente. Cada paciente que ingressar no serviço deve ser avaliado, e os objetivos a serem perseguidos no seu
tratamento devem ser estabelecidos e compartilhados com o paciente, de modo a incentivar sua percepção da evolu-
ção do mesmo, inclusive no tocante a pequenas alterações.

A troca de informação e o diálogo permanentes da equipe responsável pela condução do caso com o
trabalhador paciente e com os outros atores sociais envolvidos são fundamentais e têm sido estimulados pelas institui-
ções públicas, como os ministérios do Trabalho e Emprego, da Previdência Social, da Saúde e do Ministério Público.
No mesmo sentido, a Confederação Nacional dos Bancários e a Federação das Associações de Bancos firmaram
acordos disponibilizando em seus sites informações relativas ao seguimento dos casos e aos procedimentos de caráter
coletivo destinados à prevenção e ao manejo desses agravos.

O fluxograma mostrado no Quadro XXIX ilustra diversas decisões relativas ao trabalhador
atendido, que podem se revelar conflituosas, a partir dos critérios para definição de caso
e de existência de nexo causal.
Aos interessados na discussão desses conflitos, recomenda-se a leitura dos textos de Dembe (1996) e Martin & Bammer (1998).
O reconhecimento da relação causal com o trabalho é mais fácil quando são acometidos trabalhadores
expostos a atividades reconhecidas como de alta incidência e/ou prevalência de LER/DORT. Os dados disponíveis por
meio da história ocupacional, análise ergonômica da atividade, análise de posto ou atividade realizada em inspeção no
local de trabalho, registros do PPRA e/ou do PCMSO da empresa em questão permitem ao médico considerar como
“de risco” a atividade desenvolvida pelo trabalhador. A identificação das estruturas afetadas, com auxílio de testes
específicos, tende a ser mais fácil nos quadros iniciais.

Nos casos iniciais, em que há identificação de sede anatômica precisa das lesões e diagnóstico de entida-
des nosológicas específicas, o esquema terapêutico básico inclui:
- uso de antiinflamatórios, colocação de gelo no local e afastamento das atividades laborais e extralaborais
que exijam movimentação e posturas dos membros superiores que os sobrecarreguem;
- medidas de fisioterapia e afastamento das atividades laborais e extralaborais que exijam movimenta-
ção e posturas dos membros superiores que os sobrecarreguem;
- acupuntura ou medicação homeopática, gelo local, com afastamento das atividades laborais e
extralaborais que exijam movimentação e posturas dos membros superiores que os sobrecarreguem;
- formação de grupos terapêuticos, incluindo atividades de informação, vivências, com cunho informati-
vo-pedagógico-psicoterapêutico;
- associações dessas medidas, conforme o caso.




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