Saturday, May 14, 2016

Fatores de risco para ler/dort na perspectiva ergonômica da análise do trabalho

Fatores de risco para ler/dort na perspectiva ergonômica da análise do trabalho

2 FATORES DE RISCO PARA LER/DORT NA PERSPECTIVA ERGONÔMICA DA ANÁLISE DO TRABALHO
Foi mencionado anteriormente que na abordagem de LER/DORT, aparece, com freqüência, uma excessiva
valorização dos aspectos biomecânicos envolvidos na gênese da doença, talvez porque esses são mais facilmente
observados e mensuráveis. Em algumas situações, a abordagem biomecânica é suficiente para reunir os elementos
explicativos do adoecimento. Por exemplo, no caso de um trabalhador da indústria gráfica com queixas de dor na região
do trajeto dos tendões do polegar, que informa ter como atividade colar brochuras manualmente durante toda a jornada
de trabalho, realizando movimentos de extensão e abdução do polegar sob um ritmo que o leva a produzir em média
oito brochuras por minuto. O quadro parece não deixar dúvidas quanto à relação trabalho e queixa músculo-esquelética.
Entretanto, outras situações requerem uma análise mais detalhada do trabalho para que se possa entender
o processo de adoecimento e estabelecer o nexo trabalho-doença. Apesar da avaliação clínica ser essencial, há casos
de dor músculo-esquelética crônica, nos quais estão presentes evidências epidemiológicas, como o relato de exposição
aos fatores de risco e a existência de outros trabalhadores atingidos, sem que os resultados do exame físico confirmem
as queixas apresentadas. São esses os casos que colocam dúvidas para os médicos do trabalho.
Mas, antes de negar a relação com o trabalho, é importante lembrar que a avaliação clínica, mesmo nas
apresentações anatomicamente específicas de LER/DORT, requer inferência sobre a natureza, grau e causa do dano
ou disfunção. Depende também da relação médico/paciente e das habilidades do médico para estabelecer correlações
com os sintomas apresentados. Para o diagnóstico do trabalho como fator etiológico na gênese da dor músculo-
esquelética é importante buscar identificar possíveis interações entre o conjunto de dados recolhidos durante a anamnese
e os conhecimentos sobre a situação de trabalho.
Reconhecendo as dificuldades encontradas, quando o médico se encontra no consultório para realizar
uma análise da situação de trabalho que coloque em evidência os possíveis aspectos do trabalho associados às
queixas músculo-esqueléticas do paciente-trabalhador, serão apresentados a seguir alguns instrumentos que podem
facilitar essa abordagem.


No comments:

Post a Comment