Thursday, November 12, 2015

Asma - Epidemiologia e Fatores de risco

Asma - Epidemiologia e Fatores de risco

2 EPIDEMIOLOGIA – FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL CONHECIDOS
No Reino Unido, a asma ocupacional corresponde a 26% de todas as doenças profissionais respiratórias.
No Japão, estima-se que 15% de todos os adultos asmáticos têm asma ocupacional. A prevalência de asma ocupacional
varia na dependência do agente. Foram descritas prevalências de 50 a 60% em trabalhadores expostos a enzimas
proteolíticas e 4% em trabalhadores expostos ao cedro vermelho. Variações na prevalência decorrem das propriedades
reativas inerentes a cada composto, assim como nas situações específicas de exposição que incluem propriedades
físicas e químicas dos agentes e reação do hospedeiro.
Considera-se que o aumento da ocorrência de asma ocupacional estaria relacionado com o aumento de
novos produtos químicos na indústria, simultaneamente ao avanço nos métodos diagnósticos. O número de substâncias
causadoras da asma ultrapassava 200 no início dos anos 80 e agora estima-se em mais de 300.
Os principais agentes etiológicos da asma ocupacional estão listados a seguir e, praticamente, são os
mesmos listados na rinite alérgica:
- carbonetos metálicos de tungstênio sinterizados;
- cloro gasoso;
- cromo e seus compostos tóxicos: os principais problemas são as névoas de ácido crômico provenientes
de banhos de cromeação. O líquido (solução aquosa de ácido crômico), quando submetido a processo
eletroquímico, forma gases em seu interior e estes borbulham gerando gotículas no ar que carregam o
ácido em solução, sendo muito agressivo para as mucosas. Os sais de cromo são usados como
pigmentos de tintas e o seu manuseio a seco, na preparação desses produtos (secagem, ensacamento,
pesagem, adição às soluções, etc.), são fontes de exposição importantes a esses compostos;
- poeiras de algodão, linho, cânhamo ou sisal (principalmente na fiação e tecelagem);
- acrilatos;
- aldeído fórmico e seus polímeros: o aldeído fórmico ou formol é volátil e usado na conservação de
tecidos, nos laboratórios de anatomia, como matéria-prima em alguns processos na indústria química,
podendo ainda ser proveniente de reação de polimerização de algumas resinas sintéticas, como, por
exemplo, no Sinteko;
- aminas aromáticas e seus derivados: corantes (Azo-dyes) usados em alimentos, remédios e tecidos.
Quando manuseados na forma seca (gerando pó no ambiente) na embalagem e na pesagem, por
exemplo, podem desencadear rinite;
- anidrido ftálico;
- azodicarbonamida: utilizada na fabricação de artefatos de borracha para torná-la mais macia (sandálias,
por exemplo);
- carbonetos de metais duros: cobalto e titânio;
- enzimas de origem animal, vegetal ou bacteriana;
- furfural e álcool furfurílico;
- isocianatos orgânicos;
- névoas e aerossóis de ácidos minerais (ácido sulfúrico, nitroso);
- níquel e seus compostos;
- pentóxido de vanádio: o V2O5
é usado como catalisador na fabricação de ácido sulfúrico e no
craqueamento de petróleo nas refinarias.
O V2O5 e outros compostos de vanádio são encontrados no
petróleo, havendo exposição importante para os trabalhadores que fazem a limpeza dos resíduos
sólidos dos tanques de armazenagem de petróleo ou alguns dos seus derivados;
- produtos da pirólise de plásticos, cloreto de vinila e teflon: são provenientes da termodegradação de
polímeros e encontrados nos fumos emanados do aquecimento de plásticos para fabricação de artefatos,
como, por exemplo, no derretimento de plásticos para selagem de embalagem de carnes, verduras,
pacotes de livros, etc.;
- sulfitos, bissulfitos e persulfatos;
- medicamentos: macrolídeos; ranitidina; penicilina e seus sais; cefalosporinas;
- proteínas animais em aerossóis;
- outras substâncias de origem vegetal (cereais, farinhas, serragem, etc.);
- outras substâncias químicas sensibilizantes das vias respiratórias.

A asma ocupacional pode ocorrer em trabalhadores portadores de asma, expostos em seu ambiente de
trabalho a outros alérgenos desencadeadores do quadro. Nesse caso, a asma seria uma doença relacionada ao trabalho,
do Grupo III da Classificação de Schilling. Outra possibilidade é a manifestação de asma sem história prévia da doença.
O trabalhador estará sensibilizado primariamente por agentes patogênicos presentes no ambiente de trabalho, o que
enquadraria a asma no Grupo I da Classificação de Schilling. Ambos os quadros devem ser considerados equivalentes.



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