Sunday, November 29, 2015

Slicose - Quadro clínico e diagnóstico

Slicose - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
A silicose pode apresentar-se em três formas:

SILICOSE AGUDA: forma rara, associada à exposição maciça à sílica livre, em jateamento de areia ou moagem de quartzo
puro, levando à proteinose alveolar pulmonar associada a infiltrado intersticial inflamatório. Normalmente
aparece dentro dos cinco primeiros anos de exposição com sobrevida em torno de um ano;

SILICOSE SUBAGUDA: alterações radiológicas precoces, após cinco anos de exposição. As alterações radiológicas são de
rápida evolução, apresentando-se inicialmente como nódulos que, devido ao componente inflamatório,
evoluem para conglomeração e grandes opacidades. Os sintomas respiratórios são precoces e limitantes.
Encontrada, no Brasil, em cavadores de poços;

SILICOSE CRÔNICA: latência longa, cerca de dez anos após o início da exposição. Radiologicamente nota-se a presença
de nódulos que podem evoluir para grandes opacidades com a progressão da doença. Os sintomas aparecem
nas fases tardias.
A silicose se apresenta assintomática no início. Com a progressão das lesões, aparecem dispnéia aos
esforços e astenia. Nas fases avançadas, leva à insuficiência respiratória, dispnéia aos mínimos esforços e em repouso,
além de cor pulmonale SOE (ver protocolo correspondente). Há maior prevalência de bronquite crônica (ver protocolo
correspondente), com tosse e escarro. O risco de progressão é maior para os trabalhadores com exposição excessiva,
outras doenças respiratórias concomitantes, hiper-reatividade brônquica ou hipersuscetibilidade individual.
A tuberculose pulmonar deve ser suspeitada quando ocorre rápida progressão das lesões, conglomerados
e grandes opacidades, hemoptise, sintomas constitucionais, como astenia, emagrecimento e febre. Observa-se maior
prevalência de tuberculose em grupos expostos à sílica (silicóticos e não-silicóticos), quando comparados à população
não-exposta.

Outras complicações observadas são: pneumotórax espontâneo, broncolitíase, obstrução traqueobrônquica
por pólipos granulosos desenvolvidos próximos a nódulos hilares, em casca de ovo, e câncer de pulmão.
O diagnóstico é realizado com base na radiologia do tórax, nas histórias clínica e ocupacional de exposição
à poeira de sílica. Entre os exames complementares estão:
RADIOGRAFIA DE TÓRAX: presença de opacidades regulares tipo p, q ou r (segundo a Classificação Internacional de
Radiografias de Pneumoconioses da OITg, de 1980), que se iniciam nos lobos superiores, podendo ser
visualizadas nos campos médios e inferiores nas fases incipientes. A progressão das lesões leva ao aumento
da profusão e aumento do diâmetro dos nódulos, chegando à coalescência (ax) e a grandes opacidades,
que aparecem nos campos superiores e médios, crescendo em direção aos hilos. Outros achados: aumento
hilar (hi), linhas B de Kerley (kl), distorção das estruturas intratorácicas (di) e calcificações ganglionares em
forma de casca de ovo (es). É comum observar dissociação clínico-radiológica nas fases iniciais;
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DO TÓRAX DE ALTA RESOLUÇÃO: até o presente, não há dados que indiquem um melhor
rendimento do exame em relação aos raios X no diagnóstico precoce da silicose;

FUNÇÃO PULMONAR: indispensável no estabelecimento de incapacidade, no seguimento longitudinal de trabalhadores
expostos à sílica e na avaliação de trabalhadores com sintomas respiratórios. Não tem aplicação no
diagnóstico da doença. Útil por permitir o autocontrole a partir de valores basais do próprio trabalhador.
Podem ser encontrados padrões restritivos, obstrutivos ou mistos;
BIÓPSIA PULMONAR: indicações restritas: casos de alterações radiológicas compatíveis com exposição à sílica e história
ocupacional não-característica ou ausente; aspecto radiológico discrepante do tipo de exposição referida;
disputas judiciais em que ocorre divergência entre dois leitores capacitados;
CAPACIDADE DE DIFUSÃO PULMONAR DO MONÓXIDO DE CARBONO: pode estar diminuída nos quadros mais graves;

GASOMETRIA ARTERIAL DE REPOUSO E EXERCÍCIO: hipoxemia presente nas fases avançadas.
O diagnóstico diferencial deve ser feito, principalmente, com tuberculose pulmonar e carcinoma broncogênico,
ambos também considerados como complicações evolutivas da própria silicose.



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