Wednesday, November 18, 2015

Pneumoconiose - Quadro clínico e diagnóstico

Pneumoconiose - Quadro clínico e diagnóstico

3 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO
Doença crônica e irreversível que pode se apresentar na forma simples, com evolução lenta e pouco
sintomática, e na forma complicada, com fibrose maciça progressiva, associada à dispnéia, alterações funcionais
respiratórias e letalidade aumentada. A bronquite crônica e o enfisema podem estar presentes de forma isolada ou
combinada. A diferenciação etiológica é problemática quando o mineiro é fumante.
Dependendo do conteúdo de sílica na rocha onde se encontra o carvão, pode ocorrer silicose
simultaneamente. A presença de artralgia nas pequenas articulações proximais com sinais flogísticos e história de
exposição a poeiras minerais faz suspeitar de síndrome de Caplan (J99.1).

Na fisiopatologia, ocorre deposição de pequenas partículas nos alvéolos e no interior dos macrófagos. Poucos
fibroblastos são atraídos para o local, portanto as lesões devem-se à deposição de partículas e menos à fibrose pulmonar,
exceto nos casos de exposição mista, quando a presença de sílica pode levar à fibrose pulmonar.
Entre os fatores que influenciam a resposta pulmonar à poeira de carvão estão:
- concentração de poeira no ar;
- tipo de carvão;
- presença de sílica;
- tempo de exposição;
- suscetibilidade individual.

O sintoma predominante é a dispnéia de esforço, que somente aparece nas formas avançadas ou na forma
maciça progressiva. Quando aparece precocemente é indicação de doença pulmonar associada à pneumoconiose do
carvão. A bronquite crônica se manifesta na forma já descrita anteriormente. A síndrome de Caplan apresenta quadro
de artrite reumatóide concomitante.
O diagnóstico baseia-se no estudo radiológico e na história ocupacional. A pneumoconiose do carvão
raramente ocorre fora da mineração de carvão. Já foi descrita em trabalhadores que manuseavam carvão mineral em
espaços confinados. Deve ser feita uma descrição detalhada de cada atividade do mineiro, relacionando-a com a
magnitude e o tipo de exposição e deve-se pesquisar qual o tipo de carvão e a quantidade de sílica na rocha. Entre os
exames complementares estão:
RADIOGRAFIA DE TÓRAX:
deve ser utilizada a técnica padronizada pela Classificação Internacional das Radiografias de
Pneumoconioses da OITg
(1980). A radiografia revela presença de opacidades regulares tipo p, q ou r
disseminadas. Normalmente iniciam-se nos campos pulmonares superiores e progridem pelo parênquima
pulmonar, revelando um aspecto nodular difuso. As alterações devem-se ao acúmulo de poeiras, muito
mais que pelo processo fibrótico. Os nódulos podem aumentar de tamanho e apresentarem-se
conglomerados aos raios X (ax). Quando se tornam maiores de 10 mm são chamados de grandes opacidades
(aparecem nos campos superiores e médios, normalmente periféricos, e crescem centripetamente, causando
distorções importantes na anatomia das estruturas intratorácicas). A radiografia pode apresentar opacidades
irregulares. A fibrose maciça progressiva é diagnosticada quando a opacidade excede a 1 cm de diâmetro,
em ponto de corte arbitrário. A síndrome de Caplan causa lesões radiológicas distintas. Num fundo de
pequenas opacidades, notam-se nódulos redondos maiores, periféricos e às vezes escavados, cuja histologia
é semelhante a um nódulo reumatóide;

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO:
não apresenta resultados superiores aos raios X simples no diagnóstico
de fases precoces da doença;

FUNÇÃO PULMONAR:
estudos longitudinais revelam declínio anormal na função pulmonar de trabalhadores acometidos.
Pode-se observar diminuição da capacidade vital e, com a progressão, aumento do volume residual. Deve
ser feito em mineiros e ex-mineiros. Pode ser utilizado para estabelecimento do grau de incapacidade
funcional;

DIFUSÃO DE CO:
pode revelar redução da capacidade de difusão em casos mais avançados ou quando há enfisema
associado;

PROVAS DE ATIVIDADE REUMÁTICA:
para diagnóstico de síndrome de Caplan.



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