Friday, June 6, 2014

Situação de saúde dos trabalhadores no brasil

Situação de saúde dos trabalhadores no brasil


1.3 SITUAÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL
No Brasil, as relações entre trabalho e saúde do trabalhador conformam um mosaico, coexistindo múltiplas
situações de trabalho caracterizadas por diferentes estágios de incorporação tecnológica, diferentes formas de
organização e gestão, relações e formas de contrato de trabalho, que se refletem sobre o viver, o adoecer e o morrer
dos trabalhadores.
Essa diversidade de situações de trabalho, padrões de vida e de adoecimento tem se acentuado em
decorrência das conjunturas política e econômica. O processo de reestruturação produtiva, em curso acelerado no
país a partir da década de 90, tem conseqüências, ainda pouco conhecidas, sobre a saúde do trabalhador, decorrentes
da adoção de novas tecnologias, de métodos gerenciais e da precarização das relações de trabalho.
A precarização do trabalho caracteriza-se pela desregulamentação e perda de direitos trabalhistas e sociais,
a legalização dos trabalhos temporários e da informalização do trabalho. Como conseqüência, podem ser observados
o aumento do número de trabalhadores autônomos e subempregados e a fragilização das organizações sindicais e das
ações de resistência coletiva e/ou individual dos sujeitos sociais. A terceirização, no contexto da precarização, tem sido
acompanhada de práticas de intensificação do trabalho e/ou aumento da jornada de trabalho, com acúmulo de funções,
maior exposição a fatores de riscos para a saúde, descumprimento de regulamentos de proteção à saúde e segurança,
rebaixamento dos níveis salariais e aumento da instabilidade no emprego. Tal contexto está associado à exclusão
social e à deterioração das condições de saúde.
A adoção de novas tecnologias e métodos gerenciais facilita a intensificação do trabalho que, aliada à
instabilidade no emprego, modifica o perfil de adoecimento e sofrimento dos trabalhadores, expressando-se, entre
outros, pelo aumento da prevalência de doenças relacionadas ao trabalho, como as Lesões por Esforços Repetitivos
(LER), também denominadas de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT); o surgimento de
novas formas de adoecimento mal caracterizadas, como o estresse e a fadiga física e mental e outras manifestações
de sofrimento relacionadas ao trabalho. Configura, portanto, situações que exigem mais pesquisas e conhecimento
para que se possa traçar propostas coerentes e efetivas de intervenção.
Embora as inovações tecnológicas tenham reduzido a exposição a alguns riscos ocupacionais em
determinados ramos de atividade, contribuindo para tornar o trabalho nesses ambientes menos insalubre e perigoso,
constata-se que, paralelamente, outros riscos são gerados. A difusão dessas tecnologias avançadas na área da química
fina, na indústria nuclear e nas empresas de biotecnologia que operam com organismos geneticamente modificados,
por exemplo, acrescenta novos e complexos problemas para o meio ambiente e a saúde pública do país. Esses riscos
são ainda pouco conhecidos, sendo, portanto, de controle mais difícil.
Com relação aos avanços da biologia molecular, cabe destacar as questões éticas decorrentes de suas
possíveis aplicações nos processos de seleção de trabalhadores, por meio da identificação de indivíduos suscetíveis a
diferentes doenças. Essas aplicações geram demandas no campo da ética, que os serviços de saúde e o conjunto da
sociedade ainda não estão preparados para atender. Constituem questões importantes para a saúde dos trabalhadores
nas próximas décadas.
Uma realidade distinta pode ser observada no mundo do trabalho rural. Os trabalhadores do campo, no
Brasil, estão inseridos em distintos processos de trabalho: desde a produção familiar em pequenas propriedades e o
extrativismo, até grandes empreendimentos agroindustriais que se multiplicam em diferentes regiões do país.
Tradicionalmente, a atividade rural é caracterizada por relações de trabalho à margem das leis brasileiras, não raro
com a utilização de mão-de-obra escrava e, freqüentemente, do trabalho de crianças e adolescentes. A contratação de
mão-de-obra temporária para os períodos da colheita gera o fenômeno dos trabalhadores bóia-frias, que vivem na
periferia das cidades de médio porte e aproximam os problemas dos trabalhadores rurais aos dos urbanos.
DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO




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